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Última Chance: Fabricantes de Máquinas Agrícolas da Argentina Apontam para o Futuro do Agronegócio!

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máquinas agrícolas

Martin Cossarini_getty

Colheita de soja na Argentina, início de 2025

A Tempestade no Setor de Máquinas Agrícolas da Argentina

O panorama atual da indústria agrícola na Argentina é preocupante. A intensa chegada de produtos da China e do Brasil começou a impactar negativamente o setor local, resultando em uma redução das vendas e da produção. Este cenário levanta questões cruciais sobre o futuro das fábricas de máquinas agrícolas e o nível de emprego na área.

Desafios que a Indústria Enfrenta

Atualmente, a combinação de uma demanda em queda e a abertura das importações incentivada pelo governo está colocando as vendas em um patamar alarmante. Enrique Bertini, presidente da Câmara de Fabricantes de Máquinas Agrícolas (Cafma), destaca que as vendas estão na metade do que seria ideal. “A capacidade ociosa é evidente. Poderíamos comercializar o dobro do que estamos vendendo hoje”, afirma ele.

O discurso governamental tem se concentrado em privilegiar as importações, o que penaliza ainda mais a indústria nacional. Dados da Associação de Concessionários de Automotores da República Argentina (Acara) revelam que, em janeiro, as vendas de máquinas como colheitadeiras e tratores caíram entre 11% e 17%, comparadas ao mesmo período do ano anterior.

Números que Chamam a Atenção

Em janeiro passado, o emplacamento de colheitadeiras despencou para 38 unidades, uma queda de 17,4% em relação a dezembro. Apesar disso, houve um aumento significativo de 72,7% comparado a janeiro de 2024, mas essa é a única nota positiva em um cenário de comparação anual. No segmento de tratores, foram emplacadas 386 unidades, mostrando uma queda de 13,3% em relação ao mês anterior, mas um aumento de 33,6% se comparado a janeiro do ano passado.

  • Colheitadeiras: 38 unidades emplacadas em janeiro, queda de 17,4% em relação a dezembro.
  • Tratores: 386 unidades emplacadas, 13,3% a menos do que no mês anterior, mas 33,6% a mais do que no mesmo mês do ano anterior.

Um dado importante a ser destacado é que tanto as colheitadeiras quanto os tratores são montados com autopeças importadas do Brasil. Bertini menciona que a indústria argentina já perdeu essa capacidade e que é crucial reverter essa situação.

Cenário de Alta nas Importações

O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) revelou um aumento nas vendas de máquinas agrícolas, que movimentaram 571,9 bilhões de pesos no quarto trimestre de 2024 — um crescimento de 275,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, esse crescimento é ofuscado pelo saldo negativo acumulado pelo setor, que atingiu US$ 22 milhões após ter registrado um superávit de US$ 42 milhões em 2023.

A Influência das Importações no Setor

No começo deste ano, as importações do Brasil aumentaram 53,3%, totalizando US$ 1,438 bilhão, enquanto as exportações também cresceram, mas num ritmo menor (46,9% ou US$ 337 milhões). A perspectiva é que essa tendência de importação se intensifique em virtude dos preços competitivos dos produtos chineses.

Reorganização Necessária no Setor

Com esse cenário desafiador, o setor precisa se reorganizar. Bertini argumenta que se a indústria local optar por produzir em massa onde não pode competir com os modelos importados, estará se colocando em uma posição vulnerável. O desafio é criar produtos que realmente atendam às necessidades do mercado, sem tentar concorrer de maneira direta com os preços baixos de importação.

A realidade enfrentada pelas pequenas empresas é crítica. Muitas delas dependem de grandes fabricantes e vivem um dia de cada vez. Se a demanda por produtos continuar a decair, muitas poderão ser forçadas a repensar suas operações. A situação já gerou um impacto significativo nos funcionários terceirizados, que muitas vezes são contratados durante períodos de pico de produtividade, algo que não está acontecendo agora.

Desemprego em Ascensão

Cerca de 1.200 empresas empregam atualmente entre 30 mil e 35 mil pessoas no setor, uma queda considerável se compararmos ao auge de 45 mil empregos. Embora o número de empresas fabricantes de máquinas não tenha diminuído, a longo prazo, essa possibilidade não pode ser descartada, especialmente se a demanda continuar a cair.

Impactos das Exportações e a Incerteza Econômica

A crise não se restringe apenas ao setor de máquinas agrícolas, mas também afeta as agroexportações, essenciais para a entrada de dólares no país. Recentemente, as vendas de agroexportadores caíram mais de 30%, uma tendência acentuada pela falta de respostas satisfatórias sobre as condições de exportação e a incerteza gerada pela negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os produtores de soja e milho estão praticamente inativos, aguardando definições sobre a política cambial. A movimentação diária passou de 200 mil toneladas para apenas 30 mil toneladas. A incerteza prolongada só tende a agravar a situação, uma vez que, sem clareza sobre o contexto econômico, muitos produtores preferem não arriscar suas operações.

O Que Esperar do Futuro?

Agora, a questão que todos se fazem é: como o setor se adaptará a essas adversidades? O mercado precisará observar atentamente como as empresas gerenciarão suas equipes e se algumas fábricas decidirão fechar as portas. A tendência é que o impacto seja mais forte nas pequenas empresas, que estão mais vulneráveis às flutuações de demanda.

Embora o futuro seja incerto, é crucial que o setor agrícola argentino encontre formas de se inovar e se reinventar. Essa é uma oportunidade não só para a operação de máquinas, mas também para fomentar a indústria local, garantindo que o país não dependa somente de importações.

Esse é um momento de reflexão para todos os envolvidos na indústria agrícola. É essencial que as ações tomadas agora possam assegurar um futuro próspero não apenas para as empresas, mas também para os trabalhadores que dependem desse setor vital para a economia argentina. Em meio a dificuldades, a capacidade de adaptação e inovação será a chave para superar os desafios e encontrar um caminho sustentável.

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