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Xi Jinping e o Delírio da Autossuficiência: Por que a China Enfrenta um Grande Desafio

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A Busca da China por Autossuficiência: Desafios e Avanços

Nos últimos anos, o líder do Partido Comunista Chinês (PCCh), Xi Jinping, tem manifestado uma clara intenção: reduzir a dependência da China em relação ao exterior, particularmente no que tange suas indústrias, com ênfase especial no setor de tecnologia. Essa ambição, marcada pelo programa “Made in China 2025”, busca transformar o país em um centro tecnológico autossuficiente. Mas será que essa estratégia realmente resolverá os problemas da economia chinesa? Vamos explorar os avanços, desafios e o cenário atual dessa empreitada.

Entendendo o Contexto

A motivação de Xi Jinping é, em parte, uma resposta às políticas do ex-presidente dos EUA, Joe Biden, que restringiu a venda de semicondutores e equipamentos de fabricação de chips para a China. Contudo, um ponto crucial parece ter passado despercebido: mesmo com a capacidade de produzir internamente a maioria dos produtos, a economia chinesa continua profundamente enraizada na exportação. Isso gera uma fragilidade, uma vez que o crescimento depende da demanda global.

O Programa “Made in China 2025”

Lançado em 2015, o “Made in China 2025” é um plano arrojado que visa injetar bilhões de dólares em setores considerados essenciais para o futuro. Essas áreas incluem:

  • Veículos elétricos
  • Inteligência artificial
  • Robótica
  • Aeroespacial
  • Energias renováveis (como moinhos de vento e painéis solares)
  • Dispositivos médicos

Em 2023, os investimentos nesses setores dispararam, totalizando cerca de US$ 45 bilhões, um considerável aumento quando comparado aos US$ 15 bilhões de 2019. Esses aportes financeiros resultaram em avanços significativos, mas também levantaram uma questão importante: quais áreas realmente prosperaram e quais representaram desperdício de recursos?

Avanços Notáveis

Veículos Elétricos: Uma Revolução em Curso

O setor de veículos elétricos se destacou como uma das grandes vitórias dessa estratégia. Atualmente, a China produz mais da metade dos veículos elétricos do mundo. Para se ter uma ideia do sucesso, quase 50% das vendas de automóveis na China em 2023 foram de modelos híbridos ou elétricos. Com cerca de 31,4 milhões de veículos vendidos, a indústria automotiva se mostra promissora.

Indústria Química: Superando Desafios

O setor químico também apresentou avanços significativos. Até pouco tempo atrás, a China precisava importar uma grande parte de suas matérias-primas químicas, enfrentando déficits comerciais na área. No entanto, com o aumento dos investimentos, a situação se reverteu: agora, o país supre suas necessidades internamente e ainda exporta produtos químicos, alcançando um superávit de US$ 34 bilhões.

Huawei: A Luta por Independência

A gigante tecnológica Huawei também tem feito progressos, especialmente com seu smartphone Mate 60. Embora ainda não consiga competir diretamente com o iPhone da Apple, a companhia implementou atualizações no seu sistema operacional, adaptando-se às restrições impostas pelo Android.

Onde as Coisas Não Funcionaram

Nem todas as áreas atingiram o sucesso esperado. Curiosamente, o domínio na produção de alimentos não é abordado no “Made in China 2025”. Isso se justifica, dado que a China enfrenta limitações em termos de terras aráveis e recursos hídricos. Como resultado, a dependência alimentar em relação a importações aumentou, com 5% dos cereais do país vindo do exterior.

Setor Aeroespacial: Um Caminho Ambíguo

A indústria aeroespacial, um dos focos do plano, apresenta resultados mistos. O avião C919, desenvolvido pela Corporação de Aeronaves Comerciais da China (CORMAC), finalmente entrou em operação, porém não sem desafios: impressionantes 40% de suas peças ainda são importadas de países como Alemanha, França e Estados Unidos.

Tecnologia: Um Objetivo Distante

A área da tecnologia ilustra bem os desafios enfrentados pela China. O “Made in China 2025” visava que a produção interna de semicondutores atendesse a 70% das necessidades nacionais. Contudo, ao final de 2024, a China apenas conseguia suprir 24% dessa demanda. Embora a descoberta da IA DeepSeek tenha sido um avanço, o fato de seu desenvolvimento ter ocorrido fora do controle estatal gerou frustração em Pequim.

A Illusão da Autossuficiência

Mesmo que todos os planos do “Made in China 2025” fossem implementados com sucesso — o que é uma expectativa bastante otimista — a completa independência da China em relação ao resto do mundo continua sendo uma miragem. As histórias de sucesso nas áreas de química e veículos elétricos exemplificam essa estrutura. A produção aumentou a ponto de o país depender das exportações para justificar os investimentos realizados.

A Dependência das Exportações

Um ponto crítico a ser considerado é que, sem as exportações, muitos dos investimentos realizados se tornariam em vão. As tarifas elevadas impostas pelos Estados Unidos e pela Europa sobre veículos elétricos fabricados na China representam um desafio tangível. Sem compradores externos, como a China conseguiria compensar esses investimentos?

A Necessidade de um Mercado Externo

Os setores de energia renovável, como os moinhos de vento e painéis solares, enfrentam a mesma realidade: para que o esforço econômico vale a pena, é preciso encontrar um mercado externo disposto a comprar. Mesmo que a aeronave C919 utilizasse somente peças fabricadas localmente, seria necessário um interesse internacional para viabilizar o investimento.

O Futuro: Uma Economia Voltada para o Consumo Interno

A pergunta que paira no ar é: como a China poderia garantir uma autossuficiência real? A resposta reside na criação de uma economia que dependa exclusivamente do consumo interno, sem depender de importações. No entanto, essa transição é extremamente difícil de realizar.

O Desafio do Crescimento Econômico

Essa dinâmica representa um dilema para Xi Jinping, que deve encontrar formas de manter o crescimento econômico em um cenário de autossuficiência. O crescimento contínuo é fundamental para a estabilidade social e política, mas os desafios são muitos.

Uma Reflexão Necessária

Portanto, à medida que a China avança em sua busca por autossuficiência, é fundamental considerar as implicações desse esforço. Enquanto alguns setores prosperam, outros enfrentam uma dura realidade, e a dependência do mercado externo continua a ser um fator limitante. Como observadores atentos, é necessário refletir sobre a viabilidade dessa ambição e as repercussões que isso pode ter para a economia global.

A jornada rumo à autossuficiência da China é repleta de desafios, mas também de oportunidades. Como o país navegará esses mares incertos? O que você pensa sobre essa ambição da China? Compartilhe suas opiniões e vamos debater juntos!

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