O Mercado de Capitais e o Agronegócio: Uma Relação em Evolução
O agronegócio brasileiro, um dos pilares da economia nacional, vem gradualmente se integrando ao mercado de capitais. Embora o financiamento através de instrumentos como os fundos de investimento em cadeias agroindustriais (Fiagros) e os certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) tenha crescido para cifras bilionárias, ainda não é suficiente para atender a demanda do setor. O agronegócio, que representa cerca de 25% do PIB do Brasil, enfrenta um desafio significativo: a dependência de recursos subsidiados pelo governo.
A Demanda por Capital no Agronegócio
Atualmente, apenas 20% da necessidade de crédito do agronegócio é atendida pelo mercado de capitais. Segundo Octaciano Neto, um reconhecido especialista da área, “temos menos de 1 milhão de investidores no Brasil focados em títulos tradicionais do setor agro” . Isso se torna ainda mais evidente quando comparamos com o mercado de fundos imobiliários, que conta com mais do que o dobro de investidores. Para ilustrar essa disparidade, Octaciano destaca que a construção civil representa 8% do PIB, uma parte inferior à do agronegócio.
Com uma vasta experiência, Octaciano foi ex-secretário de Agricultura do Espírito Santo e, após dois anos como diretor de agronegócios na Suno, deu um passo ousado ao fundar sua própria consultoria, a Avra. O objetivo da Avra é atrair a atenção dos investidores para empresas menores que, até agora, têm se mantido à margem do mercado de capitais.
Os Desafios do Setor
Um dos maiores obstáculos mencionados por Octaciano é a escassez de ativos disponíveis. Ele explica que muitos fundos enfrentaram dificuldades devido à situação financeira instável da Agrogalaxy (AGXY3), que entrou em recuperação judicial. A dependência excessiva de poucos ativos é um problema que ele procura resolver através da Avra, mostrando operações saudáveis que não são discutidas na Faria Lima.
“Existem empresários e produtores rurais que não têm resultados auditados, pois operam como pessoas físicas, mas que, mesmo assim, possuem margens de lucro incríveis”, ressalta Octaciano. A análise de risco no setor agro vai além da governança e demonstrações financeiras auditadas. “É essencial considerar a operação real, o que está acontecendo no campo.”
Uma Nova Abordagem: A União de Forças
Para estabelecer a Avra, Octaciano contou com a colaboração de Amanda Coura, ex-diretora da Suno, e com a parceria da SP Ventures, uma gestora de venture capital focada em agronegócio. O diferencial é que a SP Ventures entrou como investidora minoritária utilizando recursos próprios, em um movimento inovador em comparação com os investimentos convencionais que busca aportar através de fundos.
Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures, explica: “Nós não vamos operar no dia a dia, mas apoiamos o negócio desde seu início como acionistas.” Ele complementa que o setor de crédito agrícola está no meio de um processo de digitalização. Essa transformação, juntamente com melhorias nas regulações, desperta um interesse crescente de investidores institucionais.
Os Números do Setor
De acordo com um estudo da Serasa Experian, entre janeiro e setembro deste ano, 426 produtores rurais solicitaram recuperação judicial, além de outras 299 empresas do setor fazendo o mesmo. Embora esses números representem um aumento significativo em relação aos anos anteriores, Octaciano considera que ainda são baixos. “Isso representa menos de 2% do crédito brasileiro e está dentro da faixa de inadimplência que os bancos costumam operar… O problema não está na estrutura do agro, mas na falta de conhecimento”.
O Futuro do Agronegócio no Mercado de Capitais
A oportunidade de crescimento do agronegócio por meio do mercado de capitais é evidente e, com a criação de iniciativas como a Avra, há um potencial real para conectar investidores com empresas promissoras no setor. Isso não apenas diversificaria as opções de investimento, mas também permitiria que o agronegócio se tornasse menos dependente do governo, fortalecendo sua posição na economia nacional.
O cenário atual oferece uma oportunidade valiosa para os investidores que buscam diversificação. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer. A Avra, sob a liderança de Octaciano, pretende explorar e trazer à luz essas operações frutíferas, que vão além do que está visível nos principais centros financeiros do país.
À medida que o agronegócio continua a evoluir e se adaptar a novas formas de financiamento, a troca de informações e experiências se torna crucial. Assim, o diálogo entre todos os envolvidos — empresários, investidores e entidades reguladoras — é essencial para fomentar um ambiente mais saudável e atrativo para o crescimento sustentável do setor.
O que você acha dessa transformação do agronegócio no mercado de capitais? Está disposto a explorar novas oportunidades neste setor? Compartilhe suas opiniões e envolva-se nessa conversa!