domingo, junho 8, 2025

Dólar em Alta: Como Produtores Brasileiros Buscam Recuperar Perdas em Chicago


colheita de soja

Reuters

Colheita de soja

Perspectivas da Safra de Soja 2024/25: O Que Esperar?

No horizonte agrícola de 2024/25, a América do Sul, especialmente o Brasil, se prepara para uma colheita robusta de soja. Os produtores brasileiros estão apostando no câmbio favorável, com o dólar atingindo níveis recordes frente ao real, o que pode ajudar a mitigar as perdas nos preços em território nacional. Este cenário se desenha em um contexto onde os preços da soja na Bolsa de Chicago apresentam suas menores cotações em quatro anos.

Impactos do Mercado Global

A expectativa é de que os agricultores brasileiros sintam menos os efeitos de uma oferta global que supera a demanda, com uma safra gigantesca começando a ser colhida já em janeiro. Apesar da suavização da pressão sobre os preços em reais, os contratos futuros da soja em Chicago estão próximos de seus menores níveis desde 2020. Essa situação tem gerado prêmios de exportação negativos para a nova safra nos portos brasileiros, especialmente para embarques programados para março.

Gabriel Faleiros, gestor de pesquisa LATAM da S&P Global Commodity Insights, afirma: “Temos uma safra imensa, com níveis de produtividade perto do recorde. Isso deverá pesar significativamente nos preços”. Várias consultorias mencionam uma estimativa de safra superior a 170 milhões de toneladas, representando um aumento de 10% a 15% em relação à temporada anterior.

Preços e Expectativas Futuras

Os preços da nova safra estão em média 15% abaixo dos preços atuais, com os prêmios já alcançando níveis próximos a zero ou até negativos para alguns vencimentos. O analista Faleiros também nota que, enquanto os preços em Chicago caíram aproximadamente 7% desde o pico de novembro, a soja em reais no mercado de Paranaguá sofreu uma queda de apenas 3% até a última quinta-feira.

  • Estado do câmbio: O dólar estava cotado a cerca de 6,14 reais, com uma queda de aproximadamente 2%, após intervenções do Banco Central. Contudo, desde 8 de novembro, houve uma valorização de 7% da moeda americana.
  • Competitividade: Um real mais fraco torna a soja brasileira mais competitiva em comparação com a soja dos EUA, cuja colheita foi uma das maiores da sua história.

Luiz Fernando Roque, coordenador de Inteligência de Mercado na Hedgepoint Global Markets, aposta em uma safra histórica com lavouras em ótimo estado: “Se o clima continuar propício, devemos colher mais de 170 milhões de toneladas, o que pode resultar em recordes de exportação também”.

Rumo a Novos Recordes de Exportação

As previsões indicam que os embarques de soja do Brasil podem ultrapassar 100 milhões de toneladas, superando a marca recorde de quase 102 milhões de toneladas alcançada em 2023. O setor agrícola do país se destaca com a soja que, sozinha, contribuiu com mais de 50 bilhões de dólares em divisas.

Entretanto, Roque destaca que, apesar das vantagens proporcionadas pelo câmbio, os preços em Chicago e os prêmios de exportação não estão favorecendo os produtores. O índice de vendas antecipadas da soja brasileira está projetado para encerrar dezembro em cerca de 35% da safra esperada, ligeiramente abaixo da média histórica de aproximadamente 40%.

Perspectivas para o Início de 2024

À medida que as exportações devem começar a acelerar no início do próximo ano, muitos produtores precisarão liquidar suas colheitas para honrar compromissos financeiros. Isso pode impulsionar os negócios, embora os preços tendam a ser sazonalmente mais fracos por causa da colheita.

De acordo com Lucílio Alves, pesquisador do Centro de Estudos Cepea, da Esalq/USP, “os preços permanecem firmes” e a taxa de câmbio continua sendo um fator positivo para a safra 2024/25, mesmo em um cenário de recorde global. “O consumo mundial não deve acompanhar o crescimento da oferta, o que elevará os estoques e pode levar à queda nos preços externos”, observa.

Desafios para a Safra 2025/26

Por outro lado, a perspectiva de um dólar mantido em patamares recordes superiores a 6,20 reais levanta preocupações em relação aos custos para a safra de 2025/26, que será plantada no segundo semestre do ano que vem. A maior parte dos insumos utilizados na produção de soja, como fertilizantes e pesticidas, são importados e, portanto, os custos podem se elevar, complicando a situação para os produtores.

Matheus Pereira, diretor da consultoria Pátria AgroNegócios, pondera que “o dólar em alta é uma faca de dois gumes. Ele ajuda agora nas receitas, mas também eleva os custos para o próximo ciclo”.

O que Aguardar

Em resumo, os produtores de soja brasileiros enfrentam um cenário misto para as próximas safras. Enquanto a colheita de 2024/25 promete ser robusta e os preços em reais são protegidos por um dólar forte, a realidade do mercado global e as tendências de preços em Chicago podem gerar incertezas. A vitalidade das lavouras e a continuidade de um clima favorável serão fatores determinantes para consolidar os ganhos no setor.

Assim, à medida que a safra 2024/25 se desenvolve, o olhar deve estar atento tanto às oportunidades quanto aos desafios que 2025/26 pode trazer. E você? O que pensa sobre essas previsões e o impacto que a flutuação do dólar pode ter sobre o agronegócio? Seus comentários são sempre bem-vindos!

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