Combate à Mutilação Genital Feminina no Egito: Uma Luta por Conscientização e Mudança
A mutilação genital feminina (MGF) é uma prática arraigada em muitas culturas, incluindo a do Egito, onde, apesar de ser ilegal, continua a ser amplamente realizada. As estatísticas são alarmantes: cerca de 86% das mulheres casadas entre 15 e 49 anos já passaram por algum tipo de procedimento, e na região do Alto Egito, esse número sobe para impressionantes 96%. Mas o que está sendo feito para mudar essa realidade?
Quebra de Ciclos: A Luta de Georgi Wahba
Georgi Wahba, 53 anos, é um nome que se destaca nessa batalha. Residente da província de Minya, no Alto Egito, ele tem se dedicado a promover sessões de conscientização que atingem famílias, comunidades e casais. Por meio dos “Diálogos entre Gerações”, um projeto do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Wahba procura não apenas informar, mas transformar a mentalidade das pessoas sobre práticas prejudiciais às mulheres.
Uma Tradição Social Desigual
Wahba acredita que a mutilação genital feminina é uma tradição injusta que foi passada de geração em geração. Ele frequentemente escuta que as pessoas seguem essa prática porque "todo mundo faz". Em suas oficinas, ele lança uma pergunta provocativa: “O que as famílias realmente ganham ao submeter suas filhas a essa mutilação?”. A ideia é instigar reflexões que possam levar a mudanças significativas.
"Campeões do Diálogo": A Importância da Participação
Para desencadear conversas em torno de um tema considerado tabu, Wahba estruturou as sessões de forma a torná-las inclusivas e agradáveis. O projeto, financiado pelo governo da Noruega, incentiva a presença de toda a família nas reuniões: esposas, maridos e filhas se sentam juntos para participar. Desde 2021, mais de 350 participantes têm sido capacitados, tornando-se "Campeões do Diálogo" em suas comunidades.
A Mudança Começa em Casa
Um dos pontos centrais das oficinas é criar um ambiente onde a conversa flua naturalmente. Wahba não quer que as pessoas apenas aceitem suas opiniões; ele busca que compreendam e questionem os motivos por trás das tradições. Inicialmente, muitos hesitaram em participar, mas sua perseverança em incentivar o diálogo sobre os costumes prejudiciais tem dado frutos.
Hoje, Wahba é visto como um líder comunitário. Os moradores o procuram quando sabem que uma mulher pode estar em risco de mutilação. Ele se alegra ao perceber que sua comunidade está mais informada e aberta ao diálogo do que nunca.
A Participação Masculina: Um Diferencial
A mudança não pode ser prerrogativa somente das mulheres; a inclusão dos homens é essencial. Zanaty El-Sawy, pai de duas meninas, participou de uma oficina de quatro dias sobre mutilação genital feminina e violência contra as mulheres na província de Asyut, promovida pelo UNFPA em parceria com a ONG Care. Seu testemunho é inspirador.
O Papel dos Homens na Luta Contra a MGF
El-Sawy sempre buscou expandir seus horizontes e, por ter filhas, decidiu se aprofundar no tema da mutilação genital. Durante a oficina, ele ficou surpreso ao descobrir que essa prática "não tem base religiosa ou médica", desmontando um dos mitos que muitas vezes sustentam a tradição.
O treinamento foi elaborado especialmente para incluir homens e meninos, com o objetivo de quebrar preconceitos e promover discussões sobre autoimagem, empoderamento e violência de gênero. Embora no início tenha enfrentado dificuldades para abandonar os hábitos passados, El-Sawy agora se vê como um aliado nessa luta, motivado a compartilhar seus novos conhecimentos.
Conversas Transformadoras
A participação nas oficinas não é apenas uma questão de informação; é uma oportunidade para mudanças profundas nas dinâmicas familiares e comunitárias. Conversar sobre a mutilação genital feminina pode ser desconfortável, mas é um passo crucial para garantir que as futuras gerações cresçam sem o peso dessa tradição.
O Que Você Pode Fazer?
Eduque-se e Informe-se: Conhecimento é poder. Quanto mais você souber sobre a MGF e suas consequências, melhor poderá discutir o tema com outras pessoas.
Converse: Leve o assunto para o seu círculo social. Quanto mais pessoas estiverem cientes, mais rápido as mudanças ocorrerão.
Apoie Organizações: Considere apoiar ou se envolver com organizações que trabalham na erradicação da MGF. Seu envolvimento pode fazer a diferença.
- Empodere Mulheres: Dê voz às mulheres e meninas em sua comunidade. O empoderamento delas é essencial na luta contra essa prática.
Reflexões Finais
A luta contra a mutilação genital feminina no Egito é um exemplo de como a conscientização e a educação podem desafiar práticas enraizadas. Georgi Wahba e Zanaty El-Sawy mostram que é possível mudar mentalidades, quebrar ciclos e criar um futuro onde as meninas possam viver livres do medo da mutilação.
O caminho ainda é longo, mas cada diálogo aberto e cada conscientização traz um passo mais próximo da mudança. A transformação social exige o comprometimento de todos, e você pode ser parte desse movimento. Que tal compartilhar esse artigo e inspirar outras pessoas a se juntarem a essa causa justa?