A Realidade dos Direitos Humanos na Política Externa dos EUA: Um Olhar Crítico
A política externa dos Estados Unidos tem vivido altos e baixos, especialmente quando se trata da promoção e proteção dos direitos humanos. Com a possibilidade de um novo mandato presidencial, as expectativas em torno de uma postura mais firme em defesa desses valores se tornam cada vez mais incertas. Mais ainda, se olharmos para a administração de Joe Biden, poderemos observar que, mesmo com promessas grandiosas e um discurso aparentemente comprometido, a implementação de políticas de direitos humanos deixou a desejar.
Promessas de Campanha: O Que Mudou?
Durante a campanha presidencial de 2020, Joe Biden posicionou-se como um defensor dos direitos humanos. Ele criticou abertamente Donald Trump por, segundo ele, se aliar a "todos os vilões do mundo," incluindo líderes autocráticos como Kim Jong Un e Vladimir Putin. Em suas promessas, deixou claro que transformaria a Arábia Saudita em um "pária global" em resposta ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, atribuído ao príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, conhecido como MBS.
Ao assumir o cargo, Biden inicialmente pareceu cumprir suas promessas com um arsenal de ordens executivas que reverteram várias iniciativas de seu predecessor. O retorno aos Conselhos de Direitos Humanos da ONU e ao Acordo de Paris foi visto como um esforço para restaurar a posição dos EUA no cenário internacional:
- Reintegração em Acordos Internacionais: Biden restabeleceu a participação dos EUA na ONU e no Acordo de Paris.
- Compromissos com Diversidade: O governo começou a promover medidas de proteção aos direitos de LGBTQ+ globalmente.
- Ação Contra Crises Humanitárias: Implementou uma estratégia para prevenir atrocidades.
Um Desvio Inesperado: Onde Tudo Mudou?
O cenário, no entanto, começou a mudar. O que se seguiu foram hesitações em confrontar aliados sobre abusos de direitos humanos. Em vez de usar o poder dos EUA para avançar a causa dos direitos humanos, a administração adaptou-se e minimizou suas próprias declarações. O envio de minas antipessoal para a Ucrânia, juntamente com a luta em Gaza, exemplificam essa mudança de foco.
Aqui estão alguns pontos chave que evidenciam essa mudança:
- Vazios no Discurso: A retórica sobre direitos humanos, uma vez central, tornou-se escassa. A discussão se concentrou mais na força econômica e militar do que em valores democráticos.
- Opinião Pública Desfavorável: Críticas internas e externas surgiram, questionando a eficácia da política externa de Biden.
A Hipocrisia das Ações: Ucrânia vs. Gaza
Um dos momentos mais críticos da administração Biden foi a resposta às guerras na Ucrânia e em Gaza. Durante a invasão russa, Biden foi vocal em condenar as violações de direitos humanos, apoiando iniciativas legais internacionais para responsabilizar a Rússia. Em contraste, a resposta em relação a Israel foi cautelosa, mesmo com a evidente violação das normas internacionais no contexto da campanha militar em Gaza.
Comparativo de Respostas
Ucrânia:
- A administração Biden apoiou a expulsão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
- Detalhes específicos sobre os crimes cometidos pela Rússia foram expostos em fóruns internacionais.
- Gaza:
- Apesar de evidências contundentes das práticas israelenses, como ataques indiscriminados a civis, a administração evitou condenações firmes.
- O envio contínuo de armas à Israel foi mantido de forma inabalável.
Essa disparidade revela um padrão preocupante sobre como os direitos humanos são tratados, dependendo do país e dos interesses estratégicos dos EUA.
O Papel da Arábia Saudita e a Relação com a UAE
Biden, que inicialmente se comprometeu a não se associar com líderes autocráticos, viu sua agenda em relação à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos (UAE) se desfazer gradualmente. Em 2022, em busca de aliviar os preços do petróleo, Biden acabou fazendo uma viagem à Arábia Saudita e interagindo com MBS, mesmo após as promessas feitas durante a campanha.
As contradições na política externa em relação aos líderes autoritários se tornaram evidentes:
- Aproximação com a Arábia Saudita: Em vez de pressionar por direitos humanos, Biden se acomodou.
- Parcerias Estratégicas: A administração buscou negociar acordos de defesa com o governo saudita, que incluiriam compromissos de segurança similares aos da OTAN, aumentando a influência do reino sem exigir reformas.
A Fragilidade da Ordem Internacional
A postura dos EUA sob a administração Biden em relação a países como a Índia e a Tailândia refletiu uma hesitação em criticar abusos de direitos humanos em nome da segurança geopolítica. A aproximação com líderes que violam esses direitos reduziu a credibilidade americana.
- Exemplo da Índia: A recepção do Primeiro-Ministro Narendra Modi em Washington ocorreu apesar das graves denúncias de discriminação religiosa e violação de direitos.
- Tailândia: A administração evitou críticas profundas, optando por uma abordagem mais amistosa devido à importância militar do país na região.
O Preço da Incoerência
A incoerência nas políticas de Biden em relação aos direitos humanos pode ter consequências duradouras para o papel dos EUA no cenário global:
- Erosão de Normas: A falta de consistência pode encorajar líderes autocráticos a ignorar as normas internacionais, minando a ordem mundial.
- Desvalorização de Princípios: Ao não se insistir no respeito aos direitos humanos, os EUA colocam em risco suas próprias credenciais como defensor da democracia.
O atual clima político pode estar se movendo em direção a uma corrida em direção ao fundo, onde tanto os democratas quanto os autocratas se sentirão cada vez menos responsabilizados pelas suas ações.
Refletindo Sobre o Futuro da Política de Direitos Humanos
A trajetória de Biden em relação aos direitos humanos levanta questões cruciais sobre o futuro da política externa dos EUA. A sua aparente letargia em fazer valer os direitos humanos poderá impactar a forma como futuros líderes, sejam democratas ou republicanos, se posicionarão sobre a questão.
Em um mundo onde as potências autocráticas buscam espaço para expandir suas influências, os princípios que uma vez foram a base da política internacional parecem estar à beira de um colapso. O que está em jogo não é apenas a reputação dos EUA, mas o futuro da democracia e dos direitos humanos globalmente.
O que está em jogo?
Convido você, leitor, a refletir sobre essa situação. O que podemos esperar de um futuro onde os direitos humanos são relegados a um segundo plano? Como cidadãos globais, é fundamental que continuemos a exigir responsabilidade e transparência de nossos líderes, independentemente de suas alianças políticas. A luta por um mundo mais justo e igualitário começa com cada um de nós.
Se você ficou impressionado ou tem algo a acrescentar sobre este discutido tema, sinta-se à vontade para compartilhar suas ideias e participar da conversa. Apenas juntos podemos moldar um futuro onde os direitos humanos são sempre colocados em primeiro lugar.