Transformação da TV Globo: O Avanço Tecnológico e os Novos Desafios

No final de 2024, a TV Globo celebrou um momento marcante com a inauguração de um estúdio inovador no Rio de Janeiro. Esse espaço, que combina inteligência artificial e tecnologias imersivas, marca o início das comemorações do centenário do Grupo Globo e os 60 anos da TV Globo. Essa nova instalação é mais do que um símbolo de uma nova era; é o reflexo dos esforços da emissora para se adaptar a um ambiente de mídia em rápido crescimento e mudança.

A Nova Era dos Estúdios Globo

Nos últimos anos, a Globo tem investido fortemente em tecnologia, buscando transformar seus Estúdios Globo, conhecido anteriormente como Projac, em um centro de distribuição de conteúdo não apenas para sua programação, mas também para o mercado em geral. De acordo com Amauri Soares, Diretor-geral dos Estúdios Globo, esses investimentos são fundamentais para aumentar a qualidade do audiovisual brasileiro e a competitividade no mercado.

Amauri compartilhou suas perspectivas em uma conversa com a Forbes Brasil, abordando a evolução da Globo nos últimos anos e a crescente competição com as Big Techs. Recentemente, ele comentou sobre o anúncio de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, sobre o fim dos serviços de checagem na plataforma, ressaltando a necessidade de adaptação no setor de mídia.

Desafios de Competição em um Novo Cenário

“A situação chegou a um ponto insustentável. Esse é um claro reflexo das mudanças que estamos enfrentando,” explica Amauri. Para ele, o que se observa atualmente é uma resposta das marcas que reinventam suas estratégias em relação à comunicação de massa, especialmente a TV aberta. De acordo com Amauri, a comunicação baseada em algoritmos representa um grande desafio para a sociedade, especialmente em um contexto onde a transparência é cada vez mais vital.

A competição entre empresas tradicionais de mídia e as gigantes da tecnologia reformulou completamente o panorama do setor. Amauri descreveu que, enquanto a Globo tradicionalmente competia com outros grupos de mídia, atualmente, ela enfrenta um mercado volátil e diversificado, onde contratos de exclusividade tornaram-se obsoletos.

O Impacto da Tecnologia nas Estratégias da Globo

Ao longo dos últimos anos, a Globo implementou uma reengenharia significativa em seus processos, otimização de custos e renegociação de contratos. Isso é parte de uma adaptação ampla às mudanças do mercado audiovisual. “A tecnologia trouxe novos competidores e, aos poucos, todos se reinventaram. Vimos plataformas de mensagem se transformarem em redes de vídeo, e assim, a competição se intensificou,” acrescenta Amauri.

Mediatech: A Transformação em uma Empresa de Tecnologia

A transformação da Globo em uma “mediatech” é um conceito que gerou algumas confusões. Amauri explica que o termo refere-se ao processo de evolução tecnológica pelo qual a emissora passou, sem nunca deixar de ser uma empresa de mídia. “A adoção de novas ferramentas e metodologias é essencial, especialmente nas áreas de comercialização e distribuição de conteúdo,” destaca.

A Contribuição da Inteligência Artificial

A competição com as Big Techs trouxe uma nova dimensão ao uso da tecnologia. “A presença dessas plataformas exige que operemos da melhor maneira possível. Sua chegada à disputa exigiu de nós uma transformação tecnológica significativa,” afirma Amauri. Isso inclui a implementação de inteligência artificial, que já está sendo utilizada em diversas áreas, da programação de filmes à edição e mixagem de som.

Por exemplo, a Globo utiliza IA para a gestão de seu acervo e na produção, demonstrando que a inovação é uma prioridade. “Estamos discutindo continuamente como aproveitar a inteligência artificial para melhorar nossas operações e enriquecer nossas produções,” comenta Amauri, colocando a tecnologia a serviço da criatividade.

O Equilíbrio entre Criatividade e Dados

Uma das grandes perguntas é: como encontrar o equilíbrio entre criatividade e dados? Amauri, que é jornalista de formação e tem um olhar aguçado para os números, acredita que a análise de dados é fundamental. “Nosso objetivo é que todos tenham acesso às informações necessárias para o seu trabalho. Essa cultura de informar e agregar dados está ajudando a enriquecer o desenvolvimento criativo,” afirma.

Este enfoque permite que os criadores entendam melhor como suas produções repercutem, proporcionando uma base sólida para o desenvolvimento de conteúdo. Como exemplo prático, Amauri menciona que a Globo introduziu mais de 40 projetos de humor no último ano, evidenciando a sinergia entre a análise de dados de consumo e a criação de conteúdos relevantes.

A Comparação com as Big Techs

Quando o assunto é a comparação com plataformas como Google e Meta, Amauri enfatiza que existem diferenças significativas, especialmente no que tange à responsabilidade. “Nós operamos sob regulamentações rigorosas e temos um pacto claro com a sociedade sobre nossa produção de conteúdo,” explica. A Globo se compromete a prestar contas e manter a transparência, algo que contrasta com a liberdade que algumas plataformas têm na exploração da informação.

“Nossa responsabilidade com o que produzimos é indiscutível”, afirma Amauri, destacando a importância da credibilidade no jornalismo.

O Futuro e o Papel da IA na Mídia

Ao olhar para o futuro, especialmente considerando a ascensão da inteligência artificial, Amauri mostra-se otimista. “Estamos integrando a tecnologia de maneira que nos beneficie como sociedade. Não devemos ficar à mercê das plataformas, mas sim utilizar a tecnologia para melhorar nosso conteúdo e nossa entrega,” afirma.

Além disso, ele ressalta a importância de não repetir erros do passado, onde a monetização muitas vezes ficou acima da responsabilidade social. O desafio é construir um ecossistema onde a inovação tecnológica sirva ao bem-estar social e não apenas ao lucro imediato.

A Chamada para a Ação

Ao final de sua discussão, Amauri deixa um convite: “A sociedade deve continuar a questionar e reavaliar o papel das plataformas e da mídia. O futuro depende da nossa capacidade de trabalhar juntos para promover um ambiente informativo saudável e inclusivo.” A interação entre a Globo, seus talentos e o público será crucial para moldar o caminho à frente.

Em um mundo onde a informação é mais acessível do que nunca, a responsabilidade é uma parte indelegável do processo. O que a Globo está fazendo serve como um exemplo do que deve ser feito: investir em tecnologia, sim, mas sempre mantendo a ética e a responsabilidade como prioridade.

Você já parou para pensar sobre a importância da transparência nos meios de comunicação? Como você vê o papel da tecnologia na mídia? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe suas reflexões sobre este tema fundamental.