
Reuters
O Crescimento das Fusões e Aquisições no Setor Solar Brasileiro em 2024
O setor de energia solar no Brasil vive um momento vibrante. Em 2024, as fusões e aquisições nesse segmento cresceram impressionantes 76%. Foram registradas 51 transações, refletindo um aumento significativo tanto nas usinas de grande porte quanto nas pequenas instalações fotovoltaicas. Essa pesquisa, realizada pela Greener, uma consultoria renomada na área, foi antecipada pela Reuters.
Transações em Números: Uma Análise Detalhada
De acordo com o levantamento, 35 operações envolvendo a venda de usinas de energia solar foram documentadas em 2024, resultando em pelo menos 3,6 gigawatts-pico (GWp) de capacidade. Comparando com o ano anterior, esse número quase triplicou, já que apenas 12 transações foram registradas em 2023.
- Uso de Geração Centralizada: 21 das transações foram de usinas de geração centralizada, ou seja, grandes empreendimentos, o que representa um aumento quádruplo em relação a 2023.
- Geração Distribuída: No contexto da geração distribuída, que abrange sistemas menores, como telhados e fachadas solares, o número de operações dobrou, totalizando 14 em 2024.
O Papel das Empresas na Cadeia de Valor
A pesquisa também destacou 16 transações no setor de empresas que atuam na cadeia de valor da energia solar, incluindo geradoras, gestoras e prestadoras de serviços. Esse segmento teve uma quantidade de operações quase estável em comparação a 2023.
Luiza Bertazzoli, head de Inteligência da Greener, mencionou que o aumento nas fusões e aquisições (M&As) posiciona o mercado solar como um dos mais dinâmicos do setor elétrico. Essa movimentação é impulsionada pelo crescente interesse de grandes e pequenos consumidores em garantir suas fontes de energia de maneira mais sustentável.
Energia Solar: Crescimento na Matriz Energética Brasileira
A energia solar se tornou a segunda maior fonte na matriz elétrica do Brasil, contribuindo de maneira significativa para o aumento do parque gerador nacional em 2023, em um momento em que as instalações eólicas desaceleraram. O país já conta com mais de 50 GW de potência fotovoltaica em operação, que compõe uma matriz total de cerca de 200 GW, majoritariamente oriundos de fontes hidrelétricas.
Perspectivas e Tendências Futuros
Como observou Bertazzoli, estamos vivendo um processo de consolidação no mercado, mas ainda há uma pulverização considerável. “Portfólios menores de energia solar provavelmente serão adquiridos por grandes players, e esperamos uma aceleração dessas movimentações”, afirmou.
O levantamento da Greener destacou que a maioria das transações em 2024 foi realizada por grandes investidores. Na geração distribuída, as empresas Brasol (com investimentos da BlackRock e da Siemens), IVI Energia (da Brookfield) e Élis Energia (do Patria Investimentos) se destacaram. Na geração centralizada, grandes operações de empresas como Atlas Renewable Energy, Casa dos Ventos e Pan American Energy foram consideradas notáveis.
Fatores que Impulsionam o Mercado
Um dos elementos que tem estimulado os negócios de compra e venda de grandes usinas solares é a Medida Provisória (MP) 1.212, que o governo federal editou. Esta MP ampliou o prazo para que projetos de energias renováveis entrem em operação e garantam subsídios tarifários, o que gerou um ambiente mais favorável para negócios nesse setor.
Moisés Alves, consultor de negócios da Greener, notou que esse estímulo teve particular relevância nas transações de projetos “greenfield”, que ainda não foram executados. Ele explicou que, atualmente, o preço da energia no mercado livre continua bastante baixo, levando os investidores a considerar a possibilidade de adiar os investimentos até que haja uma elevação nos preços, o que tornaria mais atrativa a construção e a operação dessas usinas.
Aquecimento do Mercado de Autoprodução de Energia
Outro aspecto que tem contribuído para o movimento de grandes usinas solares é o ambiente favorável para a autoprodução de energia, especialmente entre indústrias eletrointensivas. Estas empresas mostram interesse crescente em garantir seu abastecimento de fontes de energia renováveis.
No que tange às pequenas instalações solares, o mercado está agitado, principalmente para as usinas que se enquadram na chamada “GD 1”. Essa categoria inclui aquelas que conseguiram conexões com a rede elétrica antes da definição do novo marco regulatório e estão isentas de custos até 2045. Esses ativos estão em operação ou prestes a entrar em atividade e não podem perder essa oportunidade.
- Finalização do Estoque: O estoque de GD 1 “greenfield” está se esgotando, e os prazos para entrada em operação estão se aproximando do vencimento.
- Urgência para Ativar Projetos: Para não perder os benefícios financeiros, é fundamental colocar esses projetos em operação rapidamente.