Comando da Monusco: Tenente-General Ulisses de Mesquita Gomes Assume Liderança
O Brasil tem um novo representante em uma das mais importantes missões de paz da ONU. O tenente-general Ulisses de Mesquita Gomes foi nomeado comandante da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco). Em uma entrevista exclusiva à ONU News, ele compartilhou suas impressões sobre o desafio e a responsabilidade que vem pela frente, em um contexto de crise severa no país africano.
Compromisso com a Segurança Civil
Ulisses de Mesquita Gomes expressou grande satisfação ao receber a notícia de sua nomeação diretamente do secretário-geral da ONU, António Guterres. “Representar o Exército Brasileiro, nossas Forças Armadas e a bandeira do Brasil em uma missão de paz tão significativa é, sem dúvida, uma honra”, afirmou. O tenente-general ressaltou a seriedade da situação enfrentada pela população congolesa, especialmente diante das agressões perpetradas por grupos armados, como o M23.
Com mais de 35 anos dedicados ao gerenciamento de crises e à manutenção da paz, Mesquita Gomes traz uma bagagem considerável para essa nova função. A Monusco, com aproximadamente 14 mil soldados de paz, é uma das maiores operações da ONU e sua chegada ao comando traz esperança de um foco renovado na proteção dos civis congolenses.
“Estou ansioso para colaborar com as tropas no terreno e para conduzir essa missão de forma que possamos não apenas proteger, mas também proporcionar um futuro melhor para o povo da República Democrática do Congo”, declarou o tenente-general, enfatizando a importância de uma abordagem integrada entre as forças militares, civis e policiais.

Uma mulher caminha pelas ruas com crianças em Goma, no leste da República Democrática do Congo
A Escalada da Violência e o Papel da Monusco
Atualmente, a República Democrática do Congo enfrenta uma escalada alarmante da violência, especialmente devido ao avanço do movimento rebelde M23 no leste do país. A ONU, por meio do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), registrou uma “relativa calma” em Goma desde o dia 28 de janeiro. Contudo, a cidade tem visto sua infraestrutura ser severamente afetada, com o controle de uma parte significativa conquistado pelo M23 após intensos combates com o exército congolês.
- Impacto na vida cotidiana: Desde o dia 26, Goma ficou sem água e eletricidade, e o acesso à internet foi interrompido, dificultando a coordenação de ajuda humanitária.
- Fechamento do aeroporto: O aeroporto de Goma também está fechado desde o dia 26 de janeiro, suspendendo o tráfego aéreo, o que inclui transporte de carga humanitária.
As análises da ONU apresentam uma preocupação crescente com a possibilidade de que o conflito se espalhe ainda mais pelo país, que possui mais de 100 milhões de habitantes e enfrenta uma das piores crises de deslocados do mundo, com mais de 6,5 milhões de pessoas afetadas pela violência.
Trajetória do Tenente-General Mesquita Gomes
Ulisses de Mesquita Gomes sucedeu ao comandante interino da força, o major-general Khar Diouf, do Senegal. A ONU renomou o oficial brasileiro por sua sólida experiência operacional e estratégica, além de uma vasta experiência diplomática. No Exército Brasileiro, Mesquita Gomes era vice-chefe do Comando de Logística, cargo que lhe conferiu conhecimento importante sobre operações de grande escala.
Entre suas experiências no exterior, destaca-se a participação na Missão da ONU no Haiti, Minustah, de 2008 a 2009. De volta ao Brasil, ele ocupou diversos cargos de liderança, incluindo:
- Adido militar brasileiro nos Estados Unidos;
- Líder da 7ª Brigada de Infantaria;
- Conselheiro de defesa do ministro de Assuntos Estratégicos do Governo Brasileiro;
- Chefe de Planejamento e Operações da 11ª Brigada de Infantaria.
Formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, o tenente-general também possui um mestrado em Ciências Militares e Direito pela Escola de Estado-Maior do Exército Brasileiro. Sua fluência em inglês, francês, português e espanhol o torna um ativo valioso na diplomacia e nas operações internacionais.
Desafios e Expectativas
À medida que o tenente-general Mesquita Gomes se prepara para liderar a Monusco, ele enfrenta uma série de desafios complexos. A missão não só exige dele um profundo conhecimento das dinâmicas locais, como também uma habilidade para coordenar esforços entre vários atores, incluindo ONGs, governos e instituições internacionais. A necessidade de proteger os civis e restaurar a paz no território congolês é um foco central de sua liderança.
Mas por que isso é importante? O impacto da violência e da instabilidade em regiões já fragilizadas pode ser devastador, prejudicando o desenvolvimento, a saúde e a segurança das populações. Assim, a missão da Monusco não é apenas uma tarefa de segurança, mas também um passo fundamental para a reconstrução da esperança para milhões de congolenses.
Como Ulisses de Mesquita Gomes planeja abordar esses desafios? Com uma estratégia que prioriza o diálogo e a cooperação, ele mostra um compromisso claro em trabalhar com os parceiros locais e internacionais para criar um ambiente de paz duradoura. Isso envolve não apenas ações imediatas de segurança, mas também a promoção de soluções sustentáveis que atendam às necessidades das comunidades afetadas pela violência.
Reflexões Finais
A missão na República Democrática do Congo apresenta um cenário desafiador, e a designação do tenente-general Ulisses de Mesquita Gomes como comandante da Monusco é um passo otimista para enfrentar as adversidades. Com uma carreira marcada por experiências significativas e um enfoque na proteção dos civis, espera-se que sua liderança traga não apenas segurança, mas também um novo ânimo para a população local.
Conforme o mundo observa, surge a esperança de que, através de uma abordagem conjunta e comprometida, a paz possa ser restaurada e a dignidade dos congolenses, resgatada. Como o tenente-general fará isso? Estamos prontos para ver as ações que virão e torcer para um futuro mais brilhante para a República Democrática do Congo.