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O Poder das Zonas Úmidas no Combate às Mudanças Climáticas

As zonas úmidas são verdadeiros aliados na luta contra as mudanças climáticas. Esses ecossistemas, que incluem áreas como manguezais, pântanos e turfeiras, são fundamentais para a preservação do nosso planeta. Embora ocupem apenas 3% da superfície terrestre, as turfeiras armazenam 30% do carbono natural existente, um volume quase duas vezes maior do que o contido nas florestas. Hoje, 2 de fevereiro, celebramos o Dia Mundial das Zonas Úmidas, uma oportunidade para reforçar a conscientização sobre a importância dessas áreas e o impacto que têm no nosso futuro.

Lançada em 1971, a data comemora a criação de uma convenção internacional que visa proteger esses ecossistemas. O tema de 2025, “Proteger as Zonas Úmidas para o Nosso Futuro Comum”, enfatiza a urgência das ações necessárias. Precisamos entender melhor as diferentes formas que essas áreas podem assumir e seu valor inestimável.

A Diversidade das Zonas Úmidas

Segundo um relatório da Wetlands International, existem 19 tipos de zonas úmidas, que vão desde recifes de corais até turfeiras e até mesmo lagos artificiais em ambientes urbanos. Cada uma dessas categorias desempenha um papel crítico na biodiversidade. Infelizmente, estas áreas estão entre as mais ameaçadas do mundo, desaparecendo a uma taxa alarmante de três vezes mais do que as florestas.

Um aspecto preocupante é que, se não forem restauradas, essas zonas podem se tornar fontes de dióxido de carbono, ao invés de sumidouros, liberando enormes quantidades de carbono na atmosfera. Portanto, há um convincente argumento para que se invista na restauração dessas áreas.

1. Avanços nas Metas de Restauração

As estratégias para preservar e restaurar zonas úmidas precisam ser aprimoradas nas Estratégias e Planos de Ação Nacionais para a Biodiversidade (NBSAPs). Esses documentos, elaborados por países que assinaram a Convenção sobre Diversidade Biológica, definem objetivos e ações para proteger a biodiversidade. Curiosamente, 24 de 25 NBSAPs mencionam zonas úmidas, mas muitos não apresentam uma integração eficaz entre suas diversas metas.

Apenas metade dos países tem metas mensuráveis referentes à área desses ecossistemas. Quando mencionam zonas úmidas, muitos se referem a categorias específicas, como manguezais ou lagos, deixando de lado outros importantes ecossistemas.

Exemplos de metas governamentais efetivas podem ser vistas na Escócia, que planeja restaurar 250 mil hectares de turfeiras até 2030. Embora isso represente somente 20% de suas turfeiras, essa iniciativa pode atrair financiamento e atenção a outras áreas de investimento.

2. O Papel do Investimento Privado

Atualmente, o investimento privado nas zonas úmidas é bastante limitado. Até agora, a maior parte do financiamento vem de fundações e governos. A escassez de mecanismos financeiros claros e de projetos atraentes impede que investidores privados se envolvam nessa área vital.

Os fundos de carbono são uma estratégia promissora para mobilizar capital privado. A Escócia está criando um fundo de carbono que permitirá que investimentos sejam direcionados a projetos de restauração de turfeiras, em troca de retornos financeiros através da venda de créditos de carbono.

Essa abordagem, juntamente com garantias de preços mínimos, pode aumentar a confiança dos investidores e estimular o interesse no setor. Além dos benefícios de redução de carbono, as zonas úmidas oferecem uma variedade de serviços ecossistêmicos que também podem ser monetizados.

Um estudo recente realizado por pesquisadores de universidades alemãs sugere que a reidratação de turfeiras pode ser quantificada em termos de serviços ecológicos, como melhoria da qualidade da água e aumento da biodiversidade. Essa pesquisa pode criar novas oportunidades de investimento atraente.

Caminhos para um Investimento Sustentável

Uma abordagem eficaz para atrair capital privado é a formação de iniciativas de paisagem, que reúnem diferentes projetos em portfólios prontos para investimento. Isso pode ser crucial para estimular o interesse de investidores em áreas que envolvem zonas úmidas.

Além disso, a criação de entidades legais pode facilitar a interação com investidores e a alocação de capital. Esses veículos de propósito específico podem oferecer diferentes formas de retorno, como créditos de carbono ou novos produtos, como biomassa.

Recentemente, a iniciativa Taskforce on Nature-Related Financial Disclosures foi lançada, trazendo esperanças de um aumento na valorização das zonas úmidas. Essa ação global desenvolve diretrizes para que empresas possam entender e divulgar seus impactos e oportunidades em relação à natureza, alinhando interesses financeiros e ambientais.

A Importância de Reconhecer as Zonas Úmidas

No Dia Mundial das Zonas Úmidas, é essencial reconocer e valorizar essas “heroínas” dos ecossistemas. Elas não só desempenham um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas, mas também sustentam a vida em suas mais variadas formas, melhoram a qualidade da água e promovem a biodiversidade.

Ambições governamentais e inovações financeiras são vitais para impulsionar investimentos em áreas tão importantes. Então, que tal refletirmos sobre o nosso papel na proteção dessas zonas e como podemos contribuir para sua conservação? Compartilhe sua opinião e participe dessa conversa tão relevante!

* Estamos de pé é colaboradora da Forbes EUA e economista climática com experiência em organizações como a ONU, o FMI e o Governo da Índia.