### A JBS Avança em sua Internacionalização: Um Marco na NYSE
No dia 13 de outubro, a JBS deu um passo significativo em sua jornada de internacionalização ao iniciar a negociação de suas ações na Bolsa de Nova York (NYSE). Essa decisão, que vem sendo planejada há anos, é mais do que uma simples listagem; representa uma estratégia robusta para atrair investidores globais e reduzir a disparidade percebida em relação a competidores internacionais, como a Tyson Foods.
#### Uma Nova Era na Capitalização da JBS
A inclusão na NYSE não apenas altera a estrutura societária da JBS, mas também aponta para um futuro promissor. A empresa continuará a negociar seus BDRs (Brazilian Depositary Receipts) na B3, o que torna essa transição ainda mais ampla. Segundo Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos, o mercado já considerava essa movimentação, mas agora a atenção se volta para o que vem a seguir. Ele destaca que a verdadeira lista de ações deve finalizar em dezembro de 2026, momento em que se terá uma visão clara sobre o free float e a liquidez das ações. Enquanto isso, o valor das ações poderá continuar a ser influenciado mais pelos fluxos do processo do que pelos fundamentos reais da empresa.
#### Fundamentais Sólidos: O Diferencial da JBS
Embora a atenção esteja voltada para a listagem, é fundamental lembrar que a solidez dos fundamentos da JBS é um dos principais trunfos para conquistar investidores no mercado global. Com uma diversificação geográfica e de produtos, a empresa tem conseguido reduzir a volatilidade de seus resultados, o que é crucial em um cenário de investimentos. Alencar observa: “A JBS é uma commodity com um padrão recorrente. Para 2024, as expectativas são excelentes, e 2025 promete seguir na mesma toada, mesmo que com margens ligeiramente menores.”
#### Convencendo o Mercado Americano
O grande desafio agora é demonstrar ao mercado americano que a JBS merece múltiplos mais altos. Atualmente, a companhia está sendo negociada a cerca de 4,5 vezes seu valor de mercado sobre Ebitda, enquanto a Tyson Foods está a 6 vezes, e a Hormel, uma empresa focada em alimentos processados, chega a 12 vezes. A JBS espera que, ao se aproximar do investidor internacional, haja uma reavaliação gradual de seu valor de mercado. Projeções do Bradesco BBI indicam um potencial de valorização que varia entre 50% e 149%, caso a JBS consiga se alinhar aos múltiplos de seus concorrentes globais.
#### Otimismo e Visibilidade Global
O clima entre os líderes da JBS é marcado pelo otimismo. O CEO, Gilberto Tomazoni, expressou em uma teleconferência: “Essa listagem elevará nossa visibilidade internacional e consolidará nossa posição como líder global.” O CFO, Guilherme Cavalcanti, complementou que a participação de acionistas estrangeiros saltou de 65% para 80%, demonstrando um crescente interesse no papel da empresa. Wesley Batista, acionista controlador e conselheiro da JBS, também se fez ouvir: “Os múltiplos no mercado americano são incomensuravelmente superiores. Estar presente no maior centro financeiro do mundo é transformacional.”
#### Rumores de Expansão: O Futuro da JBS
Com a listagem consolidada, o próximo passo da JBS é mirar a inclusão no S&P 500, que demandará ajustes, como o aumento do free float. A empresa espera estar presente no índice Russell até junho de 2026 e no S&P 500 em um futuro próximo. A visão de se tornar a primeira empresa brasileira a integrar este prestigiado índice é encarada como um marco histórico. “Estamos determinados a conquistar isso”, reafirmou Batista. “Nossa crença é forte e estamos prontos para celebrar.”
A liquidez maior que a listagem na NYSE pode proporcionar também abre portas para potenciais aquisições. Batista não hesitou em afirmar que “crescer faz parte do nosso DNA”, mencionando o interesse em expandir para alimentos industrializados, como pizzas e margarinas. “Com o acesso a um volume considerável de recursos dos maiores fundos de investimento dos Estados Unidos, isso sem dúvida criará oportunidades para a JBS”, acrescentou ele.
#### Controvérsias e Desafios no Caminho
No entanto, o caminho percorrido até aqui não foi isento de controvérsias. A JBS enfrentou resistência de grupos ambientalistas, como o Greenpeace, além de críticas de políticos americanos. A senadora democrata Elizabeth Warren levantou preocupações acerca de doações feitas pela subsidiária Pilgrim’s Pride a comitês ligados a Donald Trump, o que levantou suspeitas sobre possíveis influências no processo de aprovação da listagem pela SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos. Consultorias de governança, como ISS e Glass Lewis, recomendaram que os acionistas votassem contra a reestruturação, embora o fundo Mason Capital tenha visto a operação como “uma oportunidade multibilionária”.
Alencar, da XP, lembra que todo esse processo foi longo e repleto de incertezas. “A expectativa da empresa já existia por um bom tempo, mas o aval da SEC era essencial. Haviam também dúvidas sobre a posição do BNDES, que, no passado, era contrário, mas acabou se abstendo na votação decisiva”, explicou.
#### O Futuro sob os Olhos do Investidor
Enquanto o mercado observa atentamente os primeiros pregões da JBS em Nova York, a verdade é que a empresa enfrenta o desafio de equilibrar as promessas de valorização com a necessidade de demonstrar que sua diversificação e governança estão à altura dos padrões globais. Alencar resume bem a situação: “Ainda estamos no início. O verdadeiro teste virá quando a poeira da listagem abaixar, e os investidores começarem a olhar apenas para os fundamentos”.
A jornada da JBS é, sem dúvida, um estudo de caso fascinante na interação entre inovação corporativa e resistência do mercado. A trajetória é repleta de aprendizados, e o desenrolar dos eventos promete um futuro repleto de surpresas e, quem sabe, conquistas históricas.
E você, o que pensa sobre essa estratégia de internacionalização da JBS? Acredita que a empresa conseguirá atingir seus objetivos e se tornar um exemplo de sucesso na Nasdaq? Compartilhe suas opiniões nos comentários!
