Segundo Cristina Duarte, conselheira especial do secretário-geral da ONU para a África, a Área de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA) tem um potencial revolucionário. Contudo, para que esse potencial se concretize, ela destaca a importância da ratificação, reforma e acompanhamento eficazes do processo.
Em conversa com a ONU News em Nova Iorque, após sua apresentação intitulada “Da Decisão à Implementação: Por que Estados Eficazes São Importantes para a Integração Regional da África”, Duarte compartilhou suas perspectivas sobre o futuro do continente.
A Importância da Integração Regional
Duarte observa que há um consenso crescente entre os líderes africanos sobre a necessidade vital da integração regional. Não se trata apenas de uma tendência, mas de um requisito para o futuro econômico do continente.

O mercado único visa eliminar barreiras comerciais e impulsionar o comércio interafricano.
A subsecretária-geral destaca que a visão de um mercado único entre as nações africanas pode ser realizada, pavimentando o caminho para uma África mais unida e forte.
Dimensões da Integração Africana
De acordo com Cristina Duarte, a integração africana envolve três dimensões principais:
- Dimensão econômica: Essencial para um crescimento sustentável, ela serve como base para impulsionar o comércio e gerar empregos.
- Dimensão geopolítica: Crucial para a resiliência e transformação econômica que a África necessita.
- Dimensão cultural: Permite que a rica diversidade étnica e cultural do continente se manifeste, superando silenciamentos históricos.
A perspectiva econômica é frequentemente a mais debatida, mas as outras dimensões também se mostram fundamentais. A integração econômica está intimamente relacionada à globalização, e a África não pode ficar de fora desse processo.
O Papel das Lideranças na Integração
Para Duarte, a implementação da zona de comércio livre é uma tarefa que requer lideranças capazes e eficazes. Esta implementação deve se materializar em políticas, orçamentos e ações concretas que reflitam as decisões da União Africana.

Cristina Duarte destaca a importância dos empregos e da resiliência econômica.
Entre os desafios, ela cita a operacionalização dos acordos ratificados. É imperativo traduzir esses acordos em ações tangíveis, para que as reformas possam realmente fazer a diferença. Duarte enfatiza que a gestão das fronteiras africanas deve ser vista como uma responsabilidade compartilhada, e não como uma limitação.
Criando um Mercado de 1,3 Bilhão de Pessoas
Com a implementação da AfCFTA, criada em 2018 e em operação desde janeiro de 2021, está em formação um dos maiores mercados do mundo, abrangendo 1,3 bilhão de pessoas. Contudo, a passagem para um comércio fluido entre os países da África carrega a herança de um passado colonial que deve ser reconhecida e discutida.
A criação da área de livre comércio visa cobrir o comércio no continente, promovendo um ambiente onde os bens e serviços possam circular livremente entre os Estados-membros da União Africana. Algumas metas incluem:
- Eliminação de barreiras comerciais;
- Impulso ao comércio interafricano;
- Promoção do desenvolvimento industrial e econômico.
Além disso, a dimensão cultural da integração é igualmente crucial. A diversidade étnica e cultural da África deve ser celebrada, permitindo que suas vozes e realidades sejam ouvidas. A história dos povos, como a dos fulanis, se estende além das fronteiras impostas, e essa realidade precisa ser respeitada na construção da identidade africana.
Com a área de livre comércio, a ambição dos Estados africanos é não apenas atender às suas necessidades imediatas, mas também estabelecer uma base sólida para um futuro próspero e colaborativo. A transformação do continente depende da capacidade de trabalhar em conjunto, superando desafios e esquemas de divisão que foram impostos por séculos.
Ao refletir sobre essas questões, o que você acha que é mais crucial para que a integração africana se torne uma realidade? Quais passos você acredita que os líderes devem tomar para garantir um futuro próspero para a África?