O Futuro dos “Carros Voadores”: Eve Air Mobility e os Desafios do Mercado
Nos próximos 15 a 18 meses, a Eve Air Mobility, uma subsidiária da Embraer, lançará suas primeiras aeronaves urbanas elétricas, popularmente conhecidas como “carros voadores”. Este passo surge em meio a um cenário de tensões comerciais globais, especialmente com uma possível tarifa de 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos. Para contornar esses desafios, a empresa já está explorando a possibilidade de abrir uma fábrica no território americano, reconhecendo que este é um momento de adaptação.
Planejamento e Expectativas
Em uma entrevista ao InfoMoney, Johann Bordais, CEO da Eve Air Mobility, destacou que o projeto logístico da companhia foi desenvolvido de forma a permitir a montagem final das aeronaves no país de destino. “Com 70% da nossa carteira voltada para o mercado americano, temos a flexibilidade para considerar a construção de uma fábrica nos EUA”, afirmou Bordais.
A planta da Eve, situada em Taubaté, São Paulo, é modular e tem a capacidade inicial de produzir 120 unidades anualmente, podendo expandir para até 480. Para um aumento ainda maior na produção, uma nova fábrica seria necessária.
De acordo com o cronograma da empresa, os eVTOLs (aeronaves elétricas de decolagem e aterrissagem vertical) devem começar a ser disponibilizados ao mercado em 2027. Embora não haja uma data específica para o lançamento, os testes deverão iniciar até o fim deste ano, com um protótipo de engenharia em uma unidade da Embraer em Gavião Peixoto, São Paulo.
Estratégia de Mercado: Foco na Mobilidade Urbana
A proposta de negócio da Eve é voltada para a venda de eVTOLs a operadores de frotas de transporte aéreo urbano. A empresa acredita que esses veículos poderão operar em harmonia com a infraestrutura existente de helipontos. Durante simulações, a Eve notou que a ampliação da infraestrutura para carros e ônibus elétricos facilita o carregamento das aeronaves.
Números Promissores
Atualmente, a empresa possui 2,8 mil pedidos, representando aproximadamente US$ 14 bilhões em vendas previstas. Embora os eVTOLs se concentrem inicialmente em operações urbanas, não está descartada a possibilidade de voos intermunicipais à medida que as tecnologias de bateria evoluírem.
Considerações sobre Tarifas e Suprimentos
Diante do cenário de incertezas quanto às cadeias de suprimento, Bordais enfatizou que a Eve mantém vigilância constante sobre as decisões governamentais, pois elas podem impactar diretamente seus planos. A vantagem de fazer parte do grupo Embraer proporciona à Eve suporte em diversas áreas, como industrialização e questões legais.
Flexibilidade na Produção
Apesar das preocupações com tarifas, a Eve considera o impacto atual mínimo. Cerca de 40% a 50% do conteúdo do eVTOL é produzido nos EUA, o que ajuda a mitigar possíveis taxas de importação. A montagem final das aeronaves, inicialmente produzidas em Taubaté, poderia ser transferida para o país de destino.
Uma Nova Era de Mobilidade Aérea
O eVTOL da Eve é projetado para ser um meio de transporte urbano eletro-mobilidade. Com capacidade para um piloto e quatro passageiros, apresenta uma cabine inovadora. Bordais mencionou que o protótipo está atualmente em fase de testes em Gavião Peixoto, e os testes de integração com os diversos sistemas da aeronave estão em andamento.:
- Calendário dos Testes: Os protótipos de certificação serão fabricados em São José dos Campos e servirão para comprovar a segurança e a funcionalidade do veículo junto à ANAC, entidade reguladora do Brasil.
As operações em outras cidades são uma possibilidade, mas tudo depende da conclusão bem-sucedida dos testes de certificação. O foco principal da empresa é garantir segurança e eficiência.
Oportunidades e Desafios nas Infraestruturas Urbanas
Um aspecto crucial para o sucesso dos eVTOLs é a infraestrutura de suporte. Bordais menciona que os vertiportos devem ser projetados para estarem facilmente acessíveis, minimizando a necessidade de adaptações complexas. As cidades precisarão integrar bem esses novos pontos de transporte à rede existente, facilitando a conexão com outros meios de transporte, como trens e ônibus.
O Papel dos Vertiportos
- Localização Ideal: O ideal é que os vertiportos estejam no solo, permitindo acesso fácil, ao invés de estarem localizados no topo de prédios, o que complicaria a logística.
- Energia: A infraestrutura elétrica necessária para operar os eVTOLs já está avançando devido à popularização dos veículos elétricos, tornando a adaptação mais viável.
Potencial de Substituição no Mercado
Quando falamos sobre a aceitação e uso de eVTOLs, é importante considerar que esses novos veículos não só têm a capacidade de substituir alguns helicópteros, mas também de complementar serviços existentes. A autonomia dos eVTOLs, que atualmente é de 100 quilômetros, se alinha bem com as distâncias comuns dos trajetos urbanos, como os de São Paulo.
O Modelo de Negócio
O modelo adotado pela Eve envolve o desenvolvimento, certificação e entrega dos eVTOLs para operadores bem estabelecidos, como companhias de aviação ou startups com foco em mobilidade elétrica. A empresa também pretende oferecer suporte tecnológico para a gestão do tráfego aéreo, essencial para assegurar a sobreposição dos novos veículos no espaço aéreo.
O Futuro é Promissor
O potencial de crescimento do setor de mobilidade aérea avançada (AAM) é vasto. Embora os eVTOLs se encaixem atualmente na categoria de mobilidade aérea urbana (UAM), as inovações em tecnologia de baterias prometem um futuro onde voos mais longos se tornarão uma realidade.
Reflexão Final
A Eve Air Mobility é um exemplo de como a tecnologia pode transformar nosso entendimento de transporte urbano. À medida que avançamos hacia um futuro mais elétrico e sustentável, a presença dos eVTOLs certamente mudará a dinâmica das cidades, oferecendo uma nova opção de mobilidade. Como essa inovação irá impactar nosso cotidiano? As discussões sobre o futuro da mobilidade estão apenas começando, e cabe a nós acompanhar e participar dessas mudanças.