Mariângela Hungria: Uma Pioneira na Agricultura Regenerativa
D.Neto/Embrapa
Mariângela Hungria: Uma Brasileira para o Mundo
A ciência está em constante evolução, e algumas vozes são capazes de moldar o futuro de maneira significativa. Uma dessas vozes é a de Mariângela Hungria, uma renomada cientista brasileira que se destacou globalmente na área da agricultura. Recentemente, ela foi laureada com o prestigiado Prêmio Mundial da Alimentação, muitas vezes considerado o “Nobel” da agricultura, uma conquista notável que ressalta seu impacto no setor.
A Inspiração por Trás da Pesquisa
Danielle Nierenberg, cofundadora do Food Tank, uma organização dedicada a promover um sistema alimentar mais sustentável, destacou o trabalho da doutora Hungria em um artigo publicado na Forbes. Desde seu ingresso na faculdade de microbiologia, Mariângela já desafiava as convenções da época, que valorizavam o uso de fertilizantes químicos em detrimento de métodos mais naturais.
A Revolução Verde e Suas Consequências
Durante a Revolução Verde, muitos cientistas acreditavam que a agricultura dependia exclusivamente do uso intensivo de fertilizantes artificiais. No entanto, Mariângela via um caminho diferente. Compreendendo o papel essencial dos microrganismos na fixação de nitrogênio e na melhoria da saúde do solo, ela começou a defender a agricultura regenerativa muito antes do termo se popularizar.
Desafios e Resistência
Embora seu conhecimento e determinação fossem notáveis, Mariângela enfrentou uma resistência significativa no campo científico, predominantemente masculino nas décadas de 1970 e 1980. Os cientistas, fortemente enraizados em suas crenças sobre fertilizantes químicos, desconsideravam abordagens alternativas.
“Não é fácil começar uma carreira quando todos dizem que você não terá futuro,” afirma Mariângela.
Ela sabia que a mudança exigiria mais do que apenas convicção pessoal; era necessário um modelo de colaboração e inovação.
A Importância da Colaboração
Mariângela começou a envolver os agricultores no processo de pesquisa, criando uma abordagem participativa. Em sua visão, a pesquisa não deveria ser algo isolado, mas sim uma parceria em que as experiências dos agricultores pudessem moldar soluções tangíveis.
“As pessoas falam de ciência participativa, e eu digo: ‘Eu já fazia isso há muito tempo. Só não sabia que se chamava assim!’”
Resultados que Falam por Si
Com sua abordagem, Mariângela conseguiu demonstrar que a tecnologia e as práticas que ajudavam pequenos agricultores poderiam ser amplamente aplicadas em grandes propriedades, promovendo uma produção agrícola mais sustentável e rentável.
“A mesma tecnologia, as mesmas bactérias que ajudam os pequenos produtores também ajudam os grandes,” explica Mariângela. “Isso é maravilhoso, pois serve para todos.”
Aprendizados e Reflexões
No entanto, Mariângela não apenas compartilha suas vitórias; ela também identifica diversas barreiras que ainda limitam o avanço de práticas mais sustentáveis na agricultura. Vamos explorar alguns desses desafios:
1. A Competição e os Interesses Corporativos
Mariângela alerta que o movimento da agricultura regenerativa não deve ser prejudicado por interesses corporativos. Apesar de evidências que demonstram a eficácia dos fertilizantes biológicos, muitos agricultores permanecem céticos devido ao marketing agressivo das indústrias de fertilizantes químicos.
2. A Comunicação Científica é Fundamental
A doutora Hungria acredita no poder da comunicação para cativar e educar o público. No entanto, ela expressa sua frustração ao notar que informações bem elaboradas frequentemente não recebem a atenção necessária, em contraste com influenciadores que propagam desinformação para grandes audiências.
3. Um Futuro Colaborativo e Inclusivo na Ciência
Desafiando normas, Mariângela tornou-se uma voz ativa pela inclusão e diversidade na ciência. Ela compartilha suas vivências como mulher em um espaço dominado por homens:
“Tive muitos problemas porque havia poucas mulheres,” revela. “E pior, eu era uma mulher trabalhando com biológicos em que ninguém acreditava.”
Um Legado Inspirador
A trajetória de Mariângela Hungria é um testemunho poderoso de resiliência e inovação. Ela não apenas mudou a forma como a pesquisa agrícola é conduzida, mas também inspirou novas gerações a acreditarem na possibilidade de um futuro mais sustentável.
Um Chamado à Ação
Ao encerrar suas reflexões, Mariângela afirma que a ciência do futuro deve ser mais feminina, mais inclusiva e mais preocupada com o bem-estar do planeta. Seu planejamento vai além da pesquisa; é um convite para todos nós agirmos.
“Espero que o trabalho da doutora Hungria inspire as futuras gerações de agricultores regenerativos, microbiologistas e defensores da alimentação saudável,” conclui Danielle Nierenberg.
Se você se sente tocado por essa luta pela sustentabilidade, é hora de considerar seu papel na preservação do nosso planeta. Como você pode contribuir? Compartilhar conhecimento, apoiar práticas agrícolas sustentáveis e se envolver em discussões são ótimas formas de começar.
Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe este artigo com quem você acha que deve ser inspirado por essa história!
Com um foco na agricultura regenerativa e uma abordagem inclusiva, Mariângela Hungria nos mostra que o futuro da ciência pode e deve ser diferente—e é nossa responsabilidade fazer parte dessa mudança.