O Caminho Para um Mundo Multipartidário: Colaboração e Inovação Global
O contexto atual e as visões para um futuro colaborativo
Em julho de 2009, Hillary Clinton, então Secretária de Estado dos EUA, fez um discurso marcante destacando a necessidade de os Estados Unidos liderarem o mundo, mas de uma maneira diferente do que faziam durante a Guerra Fria. Ela mencionou a importância de promover a cooperação entre diversos atores, enfatizando uma mudança da competição geopolítica para um mundo onde parcerias fossem a norma. Quinn visualizou um cenário no qual países, organizações e indivíduos colaborassem para enfrentar desafios globais.
Quinze anos se passaram desde essa declaração, e, embora o panorama global tenha mudado drasticamente, essa visão de um mundo multipartidário continua a oferecer uma perspectiva valiosa para a política externa dos EUA. O desafio atual é encontrar um equilíbrio entre competição e colaboração em um mundo cada vez mais complexo.
A visão da administração Biden e seus desdobramentos
A administração Biden tem se empenhado em construir sua versão do mundo multipartidário. O foco tem sido reanimar e expandir alianças tradicionais, como a OTAN, e formar novas parcerias diplomáticas e de segurança. O Secretário de Estado, Antony Blinken, descreve essas alianças como uma rede de "parceiros pela paz", resultado de uma estratégia diplomática intensiva que visa proteger interesses dos EUA enquanto busca reconstruir a competitividade interna.
No entanto, a estratégia da administração Biden tem se inclinado excessivamente para a competição geopolítica, em detrimento da cooperação global. Para encontrar o equilíbrio certo, a próxima administração deverá se abrir para uma variedade maior de atores globais, concentrar essas parcerias em ameaças globais existenciais e aceitar um mundo mais descentralizado, onde lideranças diversas possam florescer.
O que esperar de futuras administrações?
Um potencial governo de Kamala Harris provavelmente continuaria a estratégia de parcerias, mas com um enfoque maior na colaboração em torno de ameaças globais, como mudanças climáticas e saúde pública. Em contraste, uma administração Trump poderia adotar uma abordagem mais transacional, formando parcerias apenas quando isso fosse vantajoso a curto prazo.
- Princípios de um mundo multipartidário:
- Envolvimento de diversos atores, incluindo não estatais.
- Foco em desafios globais existentes, não apenas em interesses nacionais.
- Aceitação de complexidade e descentralização nas políticas internacionais.
Esses princípios estabelecem um caminho que não se resume apenas a liderar, mas a preparar o terreno para que outros possam também prosperar.
Reconhecendo os atores não estatais
A visão de Clinton para um mundo multipartidário se estende além das nações. Para ela, qualquer "nação, grupo ou cidadão" que estivesse disposto a assumir uma parte do ônus poderia "ter um lugar à mesa". Contudo, tanto a administração Trump quanto a de Biden mantiveram um enfoque estatista, priorizando parcerias com outros governos.
Entretanto, para colher os verdadeiros benefícios de um mundo multipartidário, os EUA precisam ampliar sua diplomacia, buscando colaboração com diferentes setores sociais, incluindo iniciativas privadas e organizações da sociedade civil. No cenário atual, a tendência é que todos os tipos de parceiros sejam bem-vindos para enfrentar desafios globais.
- Iniciativas significativas:
- O Agenda 2030 da ONU, que destaca a importância do trabalho conjunto entre governos e outras partes interessadas.
- O Pacto Global Digital, que convoca a colaboração com o setor privado, organizações não governamentais e acadêmicos.
Essas iniciativas revelam uma alteração na mentalidade global, onde a inclusão de múltiplos stakeholders é fundamental para abordar questões complicadas como a mudança climática, segurança alimentar e pandemias.
O papel das parcerias em um mundo em mudança
A necessidade de parcerias globalmente conectadas é vital para enfrentar as novas ameaças, que vão desde a competitividade geopolítica até desafios globais. A Estratégia de Segurança Nacional de 2022 reconheceu que esses desafios globais merecem a mesma atenção que os desafios geopolíticos.
No entanto, a prática tem demonstrado que fazer essa junção entre competição e colaboração é difícil. A crise geopolítica crescente, exacerbada por conflitos como a invasão da Ucrânia pela Rússia, tem destacado as divisões que dificultam esforços coletivos.
- Visões de um mundo mais inclusivo:
- Os EUA não precisam liderar todas as iniciativas; é possível "semeá-las".
- Iniciativas como o "Sustainable Energy for All" mostram como a liderança compartilhada pode resultar em resultados concretos.
Por meio dessas parcerias, os EUA podem não apenas influenciar ações globais, mas também ajudar a moldar o futuro das relações internacionais.
O futuro das alianças globais
Enquanto o presidente Biden inicialmente propôs uma coalizão global de democracias, a realidade atual exige uma abordagem mais pragmática e inclusiva. A ideia de um "mundo aberto" permite colaborações além das ideologias, permitindo que cada nação siga seu próprio caminho conforme seus interesses.
Um exemplo vivo é a postura da Índia, que se considera "multialinhada", trabalhando com uma variedade de parceiros sem se comprometer totalmente com nenhum bloco específico. Essa flexibilidade é uma tendência crescente entre muitos países da Ásia, África e Américas, que buscam parcerias com base em suas próprias necessidades e circunstâncias.
- Benefícios de uma abordagem multialinhada:
- Promove parcerias mais equitativas e equilibradas.
- Permite um diálogo mais aberto com diversas nações.
- Encoraja a busca de interesses comuns em vez de divisões ideológicas.
Essa estratégia não é apenas válida para países; também se aplica a organizações civis e empresas que buscam fazer a diferença em diversas áreas globais, demonstrando como as alianças podem potencialmente enriquecer a sociedade.
Construindo um futuro sustentável
Um comprometimento genuíno com um mundo multipartidário permitirá que os EUA liderem de uma maneira que se destaca positivamente na arena global. Esse modelo não apenas ampliará as oportunidades de parcerias, mas também permitirá à sociedade civil e ao setor privado desempenharem papéis significativos.
Um governo futuro deverá considerar como utilizar essas parcerias para enfrentar não apenas os desafios imediatos, mas também as questões de longo prazo que afetam toda a humanidade, como as mudanças climáticas e a justiça social.
Considerações Finais
Uma estratégia de segurança nacional voltada para um mundo multipartidário pode garantir que os EUA continuem sendo um líder global, ao mesmo tempo em que fortalecem suas alianças e promovem uma agenda de colaboração. Com a emergência de um mundo mais diversificado e interconectado, é preciso reconhecer as sinergias que podem ser criadas ao unir diferentes setores e vozes.
As mudanças no cenário global também oferecem uma chance ao público para ser mais envolvido, provocando reflexões sobre como as intervenções e a ajuda podem ser melhoradas. Que papel você vê para seu país e sua comunidade em um mundo mais colaborativo? Vamos continuar essa conversa!