sexta-feira, outubro 31, 2025

Transforme Teoria em Ação: Aplicando a Teoria das Relações Internacionais no Dia a Dia


O Estado da Estratégia de Segurança dos EUA: Entre Desafios e Oportunidades

A estratégia de segurança da América enfrenta um verdadeiro dilema neste momento. Nos últimos dez anos, mudanças de poder e disputas territoriais, somadas ao desgaste de instituições internacionais, intensificaram um debate fervoroso sobre a posição geopolítica dos Estados Unidos e os caminhos que sua política externa deve seguir. Especialistas e formuladores de políticas em Washington têm opiniões divergentes sobre como o país deve agir em um cenário de concorrência de grandes potências, particularmente com China e Rússia.

A Divergência de Opiniões em Washington

A Visão de Contenção

Alguns analistas, como a ex-vice-assessora de segurança nacional para estratégia, Nadia Schadlow, e o subsecretário de Defesa, Elbridge Colby, argumentam que os Estados Unidos devem adotar uma abordagem mais assertiva em sua política externa, considerando a volta da competição entre grandes potências. Para eles, as décadas de hegemonia norte-americana estão chegando ao fim, e é hora de responder efetivamente às ameaças emergentes de potências rivais.

A Defesa do Multilateralismo

Por outro lado, vozes como as de Rebecca Lissner e Mira Rapp-Hooper, ambas ex-integrantes do governo Biden, defendem a continuidade do liberalismo multilateral que moldou a ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial. Elas acreditam que, apesar das ameaças, um sistema baseado em instituições fortes, democracia e comércio livre ainda é possível e necessário.

A Reação às Normas em Risco

Além disso, figuras como o ex-diplomata Michael McFaul e a escritora Anne Applebaum alertam para a contestação crescente das normas internacionais. Segundo eles, estados revisionistas estão desafiando regras que antes ajudavam a conter conflitos e a promover direitos humanos. Essa perspectiva defende uma atuação proativa dos EUA na defesa dessas normas em outros países.

Esses argumentos parecem distintos, mas todos compartilham uma base comum: cada um é fundamentado em uma das três principais teorias de relações internacionais que emergiram após a Segunda Guerra Mundial: realismo, liberalismo e construtivismo.

Teorias em Debate: Realismo, Liberalismo e Construtivismo

Realismo: O Jogo do Poder

Os realistas encaram a política internacional como uma arena anárquica, onde os países apenas buscam maximizar seu poder e segurança. Para esses pensadores, a ordem global que estamos vendo é uma recuperação de uma norma familiar. O que parece estabilidade pode, na verdade, ser uma ilusão provocada pela supremacia do poder americano nas últimas décadas. Com o crescimento da China e a assertividade da Rússia, os realistas preveem conflitos severos à frente.

Liberalismo: A Força das Democracias

Os liberais, por sua vez, argumentam que a ordem internacional atual, apesar de ameaçada, entregou bens públicos sem precedentes, como paz, democracia e comércio livre. Para eles, a interação entre democracias tende a ser pacífica, e o desafio consiste em restaurar e manter esses sistemas em um mundo repleto de autocracias.

Construtivismo: A Importância das Ideias

Os construtivistas, uma escola mais recente, ressaltam que a política mundial é moldada por normas e ideias tanto quanto por poder militar ou econômico. Eles acreditam que a adoção de valores comuns por países é crucial para o funcionamento das relações internacionais.

A Necessidade de Diálogo

É essencial que os formuladores de políticas passem mais tempo discutindo as filosofias que sustentam suas recomendações estratégicas. Um diálogo aberto sobre as suposições que cada paradigma traz à mesa pode prevenir mal-entendidos que prejudicam a formulação de uma estratégia externa coesa e eficaz.

O Impacto da Última Administração

Infelizmente, a administração Trump buscou desmantelar fóruns existentes que promoviam esse tipo de diálogo. O fechamento de locais como o Escritório de Avaliação de Rede do Pentágono é um exemplo disso. Sem esses espaços de debate, os formuladores de políticas correm o risco de elaborar estratégias isoladas e não informadas.

Paradigmas que Guiam o Pensamento Político

De acordo com uma pesquisa realizada em 2007, quase 70% dos currículos de relações internacionais nos EUA se concentravam na dicotomia entre realismo, liberalismo e construtivismo. Cada um desses paradigmas não apenas gera teorias, mas também define como os países interagem no cenário global.

  • Realismo: Foco no poder e na competição.
  • Liberalismo: Confiança nos benefícios da democracia e no comércio.
  • Construtivismo: Importância das normas e ideias compartilhadas.

Exemplos Práticos e Desafios Atuais

A diversidade de abordagens pode ser vista nas discussões atuais sobre a estratégia dos EUA em relação à Rússia e à Ucrânia. Para os realistas, a causa do conflito reside na expansão da OTAN, que ameaçou a segurança russa. Já os liberais veem a invasão da Ucrânia como um ato de agressão precipitado pela natureza autocrática do regime de Putin. Enquanto isso, os construtivistas focam em como essa agressão desafia normas fundamentais que sustentam a ordem internacional.

O Perigo da Visão Limitada

Paradigmas ajudam a interpretar eventos passados e presentes, mas também podem limitar a imaginação estratégica. A ignorância sobre essas lentes de análise pode levar a erros de julgamento. Por exemplo, muitos não conseguiram prever as mudanças profundas que a ascensão de líderes como Mikhail Gorbachev poderia trazer.

Esse mesmo fenômeno ocorre hoje com líderes mais autoritários. A interpretação das ações de figuras como Donald Trump e Vladimir Putin muitas vezes falha ao não considerar a singularidade de seus estilos de liderança, que não se encaixam perfeitamente em nenhuma moldura teórica.

A Escolha de Ignorar a Teoria

Ao não considerar explicitamente as bases teóricas que orientam suas decisões, os formuladores de políticas podem acabar caindo em profecias autorrealizáveis. A expansa da OTAN, por exemplo, foi vista por alguns como uma ameaça a Rússia – o que realmente exacerbou as tensões e a dificuldade de encontrar um consenso.

A capacidade de adaptação e a abertura para novas ideias são fundamentais para se navegar em um mundo em constante mudança. Policymakers e acadêmicos precisam incentivar discussões que misturem teoria e prática, reconhecendo suas limitações e espaços para inovação.

Uma Chamada à Ação

Para tornar a política externa dos EUA mais eficaz, uma nova abordagem é necessária. Aqui estão alguns passos práticos que poderiam ser tomados:

  1. Fomentar Diálogos: Criar mais espaços de debate entre acadêmicos e formuladores de políticas.
  2. Diversidade de Opiniões: Ouvir as ideias de todos os grupos e integrar uma variedade de perspectivas.
  3. Reconhecimento de Teorias: Ser claro sobre quais paradigmas estão sendo utilizados e por quê.
  4. Reflexão Crítica: Questionar e desafiar continuamente suposições.

Ao abordar a política externa com uma mente aberta e uma disposição para aprender, os EUA podem construir uma estratégia que não apenas responda aos desafios atuais, mas também crie um mundo mais cooperativo e pacífico.

Esse entendimento mais profundo das dinâmicas de poder pode também estimular uma conversa mais rica e produtiva sobre o futuro da ordem internacional. O debate é vital para garantir que as políticas adotadas realmente atendam às necessidades do momento e fortaleçam a posição dos Estados Unidos no cenário global.

O que você pensa sobre essa questão? Qual teoria você acredita que deve conduzir a estratégia de segurança dos EUA? Compartilhe suas ideias e se envolva neste diálogo importante!

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