Após uma impressionante sequência de 15 pregões em alta, onde passaram a registrar 12 recordes consecutivos, o Ibovespa finalmente passou por uma correção. Neste último dia, o índice experimentou uma leve realização de lucros, oscilando entre 156.559 e 158.133 pontos, terminando a sessão de quarta-feira (12) com uma queda de 0,07%, fechando em 157.632 pontos. Este dia de ajustes foi intensificado pelo vencimento de opções sobre o índice. No entanto, vale ressaltar que essa leve queda não altera a trajetória global: ao longo da semana, o Ibovespa se valorizou em 2,32%, acumulando 5,41% no mês e um impressionante salto de 31,05% no ano.

Ajustes após uma sequência histórica: A influência da Petrobras e dos bancos
A pausa no Ibovespa ocorreu após uma escalada atípica, e muitos analistas estavam alertando sobre a necessidade de uma correção técnica. Matheus Spiess, da Empiricus Research, comentou que o dia foi marcado por ajustes após uma sequência de 15 altas. A queda foi puxada principalmente pelas ações da Petrobras, que sofreram forte pressão devido à queda acentuada do petróleo no exterior. Essa situação está ligada às novas previsões da Opep+, que antecipa um superávit no mercado para o terceiro trimestre e uma produção excedente projetada para 2026.
As ações preferenciais e ordinárias da Petrobras caíram 2,99% e 2,56%, respectivamente, o que impactou outras empresas do setor. Por exemplo, a PetroReconcavo viu suas ações despencarem 5,08%, enquanto a Brava Energia acompanhou a descida da commodity. O economista Fabio Louzada, fundador da FBNF, corroborou essa análise ao afirmar que “hoje foi um dia clássico de realização”, referindo-se à resposta do mercado à variação nos preços do petróleo.
Além disso, o setor bancário também contribuiu para a pressão sobre o índice. Das principais instituições, apenas o Bradesco teve uma leve alta (+0,24%). O Banco do Brasil, por outro lado, caiu 2,85% após ter subido 3% no dia anterior, preparando-se para a divulgação do seu balanço.
Panorama de juros, cenário externo e volatilidade
A recente acomodação também reflete as declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que indicaram que um corte nos juros em janeiro de 2026 é improvável. Essa afirmação esfriou parte das expectativas que vinham crescendo após a ata do Copom e o IPCA de outubro. Gabriel Mollo, da Daycoval, sublinhou que “o corte deverá ocorrer mais para o fim do primeiro trimestre de 2026, o que favorece a realização após uma sequência tão intensa de altas”.
Além disso, um relatório da XP divulgado no mesmo dia forneceu um contexto adicional ao movimento. Até o momento, o Ibovespa havia subido 31% em reais e 54% em dólares, superando emergentes como o ETF EEM, o México e toda a América Latina. Durante conversas com investidores, a XP também percebeu uma preocupação comum: o que poderia explicar essa sequência ascendente e impressionante desde 22 de outubro, quando o índice teve um crescimento de 9,48% em apenas 15 pregões?
De acordo com a XP, uma combinação de fatores influencia essa trajetória: a fraqueza do dólar, os fluxos de capital para mercados emergentes, expectativa de cortes nas taxas de juros no Brasil, o aumento das apostas no “trade eleitoral” e uma forte temporada de resultados corporativos no terceiro trimestre. No entanto, a equipe também ressaltou que há espaço para correções, dado que a volatilidade implícita está em níveis historicamente baixos, e muitas ações que tiveram aumento significativo nos últimos 30 dias eram de indivíduos negligenciados. Este movimento se assemelha a uma estratégia de bottom fishing, que pode ser revertida caso o mercado volte a apresentar volatilidade.
Notícias internacionais: Wall Street e commodities em foco
No cenário internacional, o dia também foi movimentado por correções. O Nasdaq recuou, acompanhando os ajustes das principais empresas de tecnologia após uma forte alta pós-balanços. Por outro lado, o preço do ouro subiu, impulsionado pela expectativa de uma solução para o shutdown nos Estados Unidos. Louzada mencionou que “o mercado está otimista com a possível resolução da paralisação, o que melhora o clima no Dow Jones nesta quinta-feira”.
Essa expectativa tem impactado o câmbio, resultando em uma diminuição da busca por proteção, enquanto a recuperação dos dados econômicos nos Estados Unidos ajuda a direcionar as expectativas em relação à política monetária.
Uma pausa técnica no Ibovespa após uma arrancada histórica
Embora a leve queda do Ibovespa possa preocupar alguns, não há indícios de que haja uma mudança estrutural no sentimento do mercado. O dia se caracterizou principalmente por ajustes técnicos, influências do petróleo, alterações setoriais e expectativas relacionadas aos juros. A XP resume essa fase de pausa afirmando: “Estamos otimistas em relação ao mercado de ações brasileiro, mas acreditamos que existe espaço para uma correção no curto prazo“. O Ibovespa, mesmo com a leve correção, permanece apoiado em fundamentos sólidos, resultados corporativos robustos e um fluxo externo que ainda favorece o risco.
Com Estadão Conteúdo





