sexta-feira, novembro 21, 2025

Como Líderes Locais Transformaram uma Escola Amazônica em Modelo de Superação Global


Belezas e Desafios na Região do Amazonas

A região onde o imponente rio Amazonas se encontra com o vasto Oceano Atlântico possui paisagens deslumbrantes, mas também enfrenta desafios climáticos que passam despercebidos. Ao navegar de barco de Belém rumo a Barcarena, muitos podem não notar uma construção azul e branca à beira do rio. Essa escola, com seu telhado triangular e painéis solares, simboliza uma esperança significativa: a proteção das crianças que habitam áreas remotas diante da mudança climática.

Pará, Brasil. Desafios climáticos e belezas naturais.
ONU News/Felipe de Carvalho

Um Espaço Seguro e Sustentável para Crianças

A Escola Municipal Maria Naura Gouvêa é um exemplo brilhante do que pode ser feito em resposta às mudanças climáticas. Há três anos, ela se destaca como um modelo na implementação das discussões desenvolvidas na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP30. Com uma construção resistente a enchentes e um sistema de energia solar, a escola não apenas enfrenta os desafios climáticos, mas também fornece acesso à água potável por meio de um poço profundo.

Kamal Kishore, diretor-executivo do Escritório da ONU para Redução do Risco de Desastres, descreveu a escola como uma “luz guia”. Ele expressou seu desejo de ver muitas outras instituições semelhantes em todo o mundo, destacando a importância da adaptação em um mundo repleto de eventos extremos.

Enfrentando Secas e Erosões

Embora Barcarena não enfrente chuvas extremas como em outras regiões, o município sofre com consequências sutis da mudança climática. O prefeito Renato Ogawa explicou que a principal preocupação são as secas que afetam rios e igarapés. Isso faz com que os alunos dependa de barcos para chegar à escola, um problema que varia semana a semana:

  • Secas: A diminuição do nível da água dificulta o transporte.
  • Erosão: A elevação do nível do mar causa a erosão nas praias de água doce, exigindo que a cidade implemente contenções.

Além disso, as mudanças no nível do mar estão alterando os habitats dos peixes, essenciais para a alimentação local, pois a salinidade da água está aumentando.

Crianças aprendendo sobre desastres e meio ambiente.
ONU News/Felipe de Carvalho

Homenagem aos Líderes Locais

Em reconhecimento ao seu compromisso em enfrentar esses desafios ambientais, Barcarena foi oficialmente nomeada pela ONU como o 25º Centro de Resiliência do mundo, o primeiro na região amazônica. Anaclaudia Rossbach, diretora-executiva da ONU Habitat, enfatizou a importância de valorizar as lideranças locais que implementam estratégias eficazes de adaptação.

Ela afirmou que a COP30 precisa não apenas reconhecer, mas também fornecer “mecanismos sólidos e robustos para implementação” das iniciativas necessárias para proteger a população.

O Exemplo Brilhante de Barcarena

O Ministro das Cidades, Jader Filho, acompanhou a visita e ressaltou que a Escola Municipal Maria Naura Gouvêa é uma exceção na realidade da educação na Amazônia, mas também um exemplo do que pode ser alcançado com investimento adequado e vontade política. Ele elogiou o trabalho de conscientização nas escolas, fazendo com que as crianças aprendam sobre a importância da preparação para desastres e cuidados com o meio ambiente.

Estudantes que Inspiram

Os alunos de Barcarena também estão fazendo sua parte, desenvolvendo projetos inovadores que demonstram preocupação com o meio ambiente. Por exemplo:

  • Reaproveitamento de óleo de cozinha para a produção de sabão.
  • Criação de tintas naturais, usando ingredientes como beterraba e cenoura.
  • Plantio de árvores para ajudar a amenizar o calor.

A estudante Lyndisse Wandra Santos expressou com entusiasmo: “Cada árvore plantada é um gesto de amor e esperança”. Enquanto isso, Kamal Kishore se sentiu inspirado pelas ideias e a resiliência demonstradas pelas crianças, que estão aprendendo a se adaptar e a cooperar em suas comunidades.

Ele deseja que a COP30 sirva como um impulso para mais investimentos em redução de riscos de desastres, afirmando que “o Brasil é um caso de sucesso”, com mais de 2 mil cidades participando da campanha “Construindo Cidades Resilientes”.

Escola Municipal Maria Naura Gouvêa em Barcarena.
ONU News/Felipe de Carvalho

Legado da COP30

O prefeito Ogawa mencionou que a COP30 trouxe um legado significativo para Barcarena, com investimentos que permitem elevar o tratamento de esgoto e o acesso à água potável de forma rápida. Com isso, 90% do esgoto será tratado e 95% da população terá acesso à água potável até o fim do ano, um avanço que, sem esses aportes, levaria de 10 a 15 anos para ser alcançado.

Para o futuro, ele tem grandes planos, incluindo a transição energética dos meios de transporte, especialmente os barcos que levam crianças para a escola.

Anaclaudia Rossbach acrescentou que diversas cidades precisam desse tipo de investimento, principalmente em infraestrutura e moradia, pois muitos vivem em condições precárias e estão sob constante ameaça.

Alunos da Escola Municipal Maria Naura Gouvêa.
ONU News/Felipe de Carvalho

COP da Floresta e das Cidades

O enfoque da COP30 é duplo: a proteção da floresta e a atenção às cidades. Anaclaudia citou a favela da Maré, no Rio de Janeiro, onde as temperaturas estão 6 °C acima da média, um exemplo das desigualdades que o clima exacerba.

A expectativa é de que essa conferência, reconhecida como a “COP da Floresta”, também abrace causas urbanas, focando na proteção dos mais vulneráveis. Além disso, ficou registrado o Protocolo de Cooperação entre o Ministério das Cidades e o Município de Barcarena, visando o desenvolvimento de um Plano Municipal para a Redução de Riscos de Desastres.

Por fim, existe um comprometimento em analisar os impactos das mudanças climáticas na segurança alimentar, com a produção e abastecimento de alimentos sendo no centro dessa discussão.

Felipe de Carvalho é enviado especial da ONU News à COP30, no Brasil.

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