Visita do Secretário-Geral da ONU a Angola: Desafios e Oportunidades para o Futuro
Recentemente, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, visitou Angola para celebrar o 50º aniversário da independência do país. Durante sua estadia, ele teve conversas significativas com o ministro das Relações Exteriores, Téte António, e o presidente João Lourenço. Guterres também discursou na Assembleia Nacional e participou da 7ª Cimeira União Africana-União Europeia, onde abordou questões cruciais que afetam não apenas Angola, mas também o cenário global. Vamos explorar os principais pontos levantados em seu discurso.
Multipolaridade: Uma Lâmina de Dois Lados
Guterres fez um alerta importante sobre a crescente multipolaridade no mundo. Embora essa nova configuração possa apresentar oportunidades, ele enfatizou que “multipolaridade em si não é garantia de paz e prosperidade”. Um exemplo histórico que ilustrou esse ponto é a Europa de 1914, que, mesmo sendo multipolar, enfrentou conflitos devastadores por falta de mecanismos multilaterais eficazes.
Em suas palavras, a arquitetura financeira internacional é “injusta e ineficaz”, favorecendo as nações ricas em detrimento das mais vulneráveis. Para transformar essa realidade, ele propôs mudanças significativas. Entre suas sugestões, destacam-se:
- Aumentar a capacidade de empréstimos dos bancos multilaterais;
- Estabelecer mecanismos de reestruturação da dívida que sejam rápidos e previsíveis;
- Combater a evasão fiscal de forma efetiva;
- Garantir financiamento de longo prazo acessível para o desenvolvimento sustentável.
Guterres reforçou que a multipolaridade atual só trará resultados positivos se houver instituições multilaterais fortes que garantam equilíbrio e estabilidade, principalmente no continente africano.
Crise Climática: O Potencial da África
A discussão sobre a crise climática também teve grande destaque em sua fala. Guterres destacou que África possui recursos estratégicos como sol, vento e minerais essenciais, que poderiam transformar o continente em um polo energético global. Contudo, essa transformação deve ser justa e deve incluir um comprometimento real das economias desenvolvidas para financiar a adaptação às mudanças climáticas.
As seguintes medidas foram sugeridas:
- Duplicação do financiamento para adaptação, atingindo US$ 40 bilhões;
- Mobilização de US$ 300 bilhões anuais para mitigação e adaptação;
- Alcançar US$ 1,3 trilhões anuais para atender às necessidades dos países em desenvolvimento.
Guterres também falou sobre o potencial da África em colaboração com a Europa. Com uma força de trabalho jovem e dinâmica, a parceria entre os dois continentes poderia abrir novas oportunidades, impulsionando ações climáticas que beneficiariam ambas as regiões.
Segurança Internacional: Qual o Papel da África?
No cerne de seu discurso, Guterres abordou a segurança internacional, mencionando os conflitos em andamento em diferentes partes do mundo, como na Ucrânia, Sudão, Somália, Mali, Líbia e República Democrática do Congo. Ele defendeu que a África deve ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, afirmando que essa mudança é fundamental para corrigir uma injustiça histórica e reforçar a capacidade do Conselho de manter a paz global.
Ele reiterou a necessidade de um financiamento previsível e sustentável para as operações de paz lideradas pela União Africana, elogiando a postura europeia de apoio a essa causa. Para Guterres, a colaboração entre Europa e África pode tornar-se um dos eixos centrais da nova ordem mundial, desde que seja sustentada por instituições robustas.
Rumo a um Multilateralismo Renovado
O secretário-geral concluiu sua intervenção destacando a relevância da União Africana e União Europeia, que juntas representam 40% dos Estados-membros da ONU. Essa representatividade confere-lhes a capacidade de influenciar decisões que promovam o direito internacional, além de estabelecer uma ordem mais justa e inclusiva.
Guterres fez um chamado à ação, incentivando as nações a transformar a turbulência atual em uma “nova era de esperança, unidade, igualdade e paz”. Esse discurso ressoa não apenas em Angola, mas em cada canto do planeta, onde os desafios são grandes, mas as oportunidades também o são.
Enquanto o mundo enfrenta uma série de incertezas, a visita de Guterres a Angola enfatiza a importância de parcerias, diálogos e um compromisso renovado com a justiça social e a sustentabilidade. É um lembrete de que, juntos, podemos construir um futuro mais promissor para todos.
Reflexões Finais
A visita de Guterres e seus discursos oferecem uma perspectiva valiosa sobre os desafios globais que enfrentamos. À medida que o mundo se torna mais multipolar, a necessidade de cooperação e instituições sólidas torna-se cada vez mais evidente.
Como você vê a conexão entre a África e o resto do mundo nesse cenário? Quais são suas expectativas para o futuro da cooperação internacional? Compartilhe suas opiniões e vamos juntos refletir sobre o papel de cada um de nós na construção de um futuro mais justo e sustentável.




