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Produtores dos EUA querem Trump engajado na nova Farm Bill
A Nova Farm Bill e o Suporte dos Produtores aos EUA após Eleição de Trump
No rescaldo das recentes eleições, o setor agrícola dos Estados Unidos, crucial para a economia e responsável por cerca de 5% do PIB do país, está alinhando suas expectativas em torno do presidente eleito, Donald Trump. Desde a quarta-feira (6) passada, quando os resultados começaram a ser revelados, diversas entidades representativas do setor manifestaram apoio e expressaram a urgência de se focar na Farm Bill, a principal legislação agrícola e de nutrição do país, que foi criada em 1933 e revisada a cada cinco anos.
O que é a Farm Bill?
Mas o que exatamente é a Farm Bill? É a legislação que dita as regras e diretrizes para a agricultura nos EUA, englobando desde a produção até a distribuição de recursos alimentares. Uma nova versão foi aprovada pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Representantes em maio deste ano, após um intenso debate de 13 horas. Agora, o projeto precisa passar pela votação do plenário da Câmara e do Senado antes de ser sancionado.
Entidades Agrícolas a Favor da Nova Administração
Entre as principais entidades agrícolas, a American Farm Bureau Federation (AFBF), uma das mais influentes do setor, expressou seu apoio ao novo presidente. O presidente da AFBF, Zippy Duvall, enfatizou a intenção de colaborar com a nova gestão para fortalecer a agricultura dos Estados Unidos. Em suas palavras:
“Agora que o povo americano falou, vamos começar o trabalho de garantir que as famílias em todo o país possam prosperar, o que inclui a necessidade de uma nova lei agrícola modernizada.”
Duvall também destacou a urgência de tratar do adiamento da votação da Farm Bill, que estava prevista antes do dia 30 de setembro. O Congresso deve retomar essa pauta a partir de 12 de novembro. Juntamente com isso, a AFBF pede que o novo governo enderece também preocupações sobre os iminentes aumentos de impostos que podem impactar severamente os agricultores e pecuaristas, especialmente em uma fase de inflação e custos operacionais elevados.
Desafios e Expectativas do Setor Agrícola
Rob Larew, presidente da National Farmers Union (NFU), que representa 230 mil pequenos e médios agricultores, ressaltou a urgência em aprovar a nova Farm Bill. Em sua declaração, Larew enfatizou o momento crítico que o setor agrícola enfrenta, lidando com despesas crescentes e desastres climáticos.
- Crescimento de custos com insumos;
- Desastres climáticos severos;
- Ausência de uma Farm Bill renovada.
Ele afirmou a necessidade de se buscar soluções a longo prazo para garantir mercados justos e sustentabilidade, propondo uma colaboração efetiva com a nova administração para criar sistemas alimentares mais resilientes.
Expectativas do Setor de Grãos e Carne
O otimismo em relação ao novo governo é generalizado. Keeff Felty, da National Association of Wheat Growers (NAWG), lembrou que ainda é preciso avançar nas políticas agrícolas rapidamente. Ele destacou que os produtores de trigo esperam que ações sejam tomadas durante a transição de governo para implementar assistência econômica e promulgar a nova legislação até o fim de 2024.
Na National Cattlemen’s Beef Association (NCBA), que representa os pecuaristas, a empolgação é palpável. Ethan Lane, vice-presidente de Assuntos Governamentais, evidenciou a necessidade de reformar as políticas que, segundo ele, prejudicaram os produtores de gado nos últimos quatro anos, apelando para um retorno aos princípios do livre mercado.
O Papel do Milho na Agenda Agrícola
Kenneth Hartman Jr, da National Corn Growers Association (NCGA), expressou entusiasmo em colaborar com a nova administração para criar políticas que beneficiassem os produtores de milho. Ele ressaltou a importância do etanol para a segurança energética e as economias rurais do país, enfatizando a necessidade de expandir oportunidades de mercado e buscar soluções para os baixos preços que o setor enfrenta atualmente.
O Futuro do Comércio Agrícola
É pertinente lembrar que os EUA ocupam o segundo lugar global na produção de commodities agrícolas, de acordo com a FAO. Durante sua campanha, Donald Trump reiterou sua intenção de adotar políticas protecionistas para fortalecer a economia e proteger empregos dos norte-americanos, incluindo o setor agrícola, que pode enfrentar mudanças significativas em sua dinâmica comercial.
Quando falamos da soja, um dos principais produtos agrícolas norte-americanos que depende fortemente do mercado chinês, os analistas de mercado alertam para o risco de retaliações comerciais. Em um cenário de possíveis novas taxas, há preocupações sobre a capacidade da soja dos EUA de se manter competitiva, especialmente considerando que, até agora, os produtos norte-americanos têm alcançado recordes de vendas para a China, com 89,94 milhões de toneladas compradas apenas nos primeiros dez meses de 2024.
Perspectivas Finais
Com a transição política em andamento e a notícia de que a American Soybean Association (ASA) ainda não havia se manifestado até a manhã do dia 7, é evidente que o setor agrícola está em um momento de expectativa e preparação. Com os desafios que se avizinham, será crucial para todos os envolvidos no setor agrícola, de grandes corporações a pequenos produtores, se unirem para promover um ambiente favorável e garantirem a continuidade do crescimento agrícola.
Assim, à medida que os dias avançam e as novas políticas começam a se definir, a pergunta que fica é: como será a colaboração do novo governo com os setores essenciais da agricultura para garantir um futuro sustentável e próspero para todos os produtores? O tempo dirá, e será interessante observar a dinâmica de como essas interações se desenrolarão.