Primeiros Ataques da Ucrânia com Mísseis ATACMS: Um Marco Histórico
Na terça-feira, 19 de setembro, as forças armadas da Ucrânia realizaram seus primeiros ataques contra a Rússia usando os mísseis ATACMS, fabricados nos Estados Unidos. Essa manobra marca uma nova fase na dinâmica do conflito, com implicações significativas tanto para a Ucrânia quanto para os Estados Unidos e suas políticas.
Mudança de Política dos EUA: Autorizações Cruciais
Dois dias antes do ataque, a administração Biden fez um anúncio surpreendente ao permitir que a Ucrânia utilizasse esses mísseis balísticos para realizar ataques no território russo. Até então, essa decisão havia sido uma questão delicada em meio a preocupações com a escalada do conflito. A autorização é considerada um passo audacioso e revela uma nova postura em relação ao suporte militar à Ucrânia, que vem solicitando tal permissão há anos.
Os mísseis em questão, conhecidos como Sistema de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS), são uma arma poderosa com a capacidade de atingir alvos a distâncias de até 300 quilômetros. Com uma ogiva de aproximadamente 170 quilos de explosivos, esses mísseis se destacam por sua elevada precisão e eficiência.
Características dos Mísseis ATACMS
O que são e como funcionam?
Os ATACMS, desenvolvidos pela Lockheed Martin, são mísseis balísticos de curto alcance, projetados para voar em altitudes elevadas e impactar com grande força. Eles podem ser lançados de plataformas móveis, como os veículos HIMARS fornecidos pelos EUA e os sistemas mais antigos M270 que foram enviados pela Grã-Bretanha e Alemanha. Aqui estão algumas características essenciais:
- Alcance: Podem alcançar alvos a até 300 km de distância.
- Ogivas: Capacidade de carga com alto poder explosivo.
- Modos de lançamento: Podem ser lançados de sistemas móveis, garantindo flexibilidade nas operações.
Embora sejam chamados de "mísseis de longo alcance", essa terminologia é relativa. Eles são mais eficazes do que qualquer outro míssil disponibilizado até agora, mas ainda são inferiores a mísseis de cruzeiro ou de longo alcance intercontinental.
O Impacto do Ataque e Respostas
No ataque de terça-feira, o Ministério da Defesa da Rússia declarou que a Ucrânia disparou seis ATACMS, alegando que cinco foram interceptados e um causou danos a um depósito militar em Bryansk, Rússia. Em contrapartida, fontes ucranianas confirmaram que o alvo atingido era um grande armazém de munições, ressaltando a eficácia do novo arsenal.
Esse ataque acontece em um momento crítico, pois o presidente Vladimir Putin sinalizou uma diminuição no limiar para o uso de armas nucleares, um movimento que parece representar uma resposta direta às ações ucranianas.
Por que os EUA Hesitaram?
Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, a questão do fornecimento de ATACMS à Ucrânia foi um tema polêmico. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reiterou a necessidade de armas que possam atingir alvos dentro do território russo. As hesitações dos EUA se baseavam em medo de que uma escalada militar pudesse resultar numa resposta mais severa de Moscovo.
A Casa Branca temia que a Ucrânia, ao usar os mísseis em território russo, pudesse provocar uma reação agressiva de Putin, potencialmente levando a uma escalada do conflito. Joe Biden expressou a busca por maneiras de evitar uma possível Terceira Guerra Mundial e isso sempre foi um ponto chave durante as discussões de armamento.
Zelensky, por outro lado, sempre se mostrou categórico ao afirmar que seu objetivo não é atacar civis ou cidades russas, mas sim criar uma contraofensiva eficaz contra a ocupação.
O Futuro da Utilização dos Mísseis ATACMS
Novas Estratégias de Combate
Com a autorização para o uso dos mísseis ATACMS, a Ucrânia planeja utilizar essa poderosa ferramenta de combate não apenas para atacar alvos em território russo, mas também para fortalecer suas forças em combate, especialmente na região de Kursk. Essa área é crítica, pois o exército russo está se preparando para um grande ataque com cerca de 50 mil soldados, incluindo tropas norte-coreanas.
Os ucranianos podem usar os ATACMS para:
- Atacar Concentrações de Tropas: Direcionar os mísseis para armazenamentos de equipamentos militares e linhas de suprimento.
- Destruir Infraestruturas Logísticas: Atacar nós logísticos e depósitos de munições, potencialmente reduzindo a eficácia das operações russas.
Uso Anterior dos ATACMS pelos EUA
Os ATACMS não são uma novidade apenas para a Ucrânia. O exército dos EUA já usou esses mísseis em combate, incluindo sua implementação na Operação Tempestade no Deserto em 1991 e na Operação Liberdade do Iraque em 2003. Durante a primeira dessas operações, cerca de 30 ATACMS foram disparados, demonstrando a capacidade desvastadora da arma.
Na segunda ocasião, mais de 400 mísseis equipados com submunições foram utilizados, embora o Pentágono tenha restringido seu uso posteriormente devido a preocupações sobre os riscos que essas submunições representavam para civis e militares.
Considerações Finais
O uso dos mísseis ATACMS pela Ucrânia representa um amadurecimento significativo na dinâmica da guerra em andamento com a Rússia, abrindo novas possibilidades e desafios. As implicações desse desenvolvimento serão monitoradas de perto, tanto por analistas militares quanto por cidadãos comuns que acompanham o desenrolar do conflito.
Como o cenário continua a evoluir, a situação que se desenha é complexa, recheada de decisões estratégicas que podem moldar o futuro da região. A pergunta que todos se fazem é: qual será o próximo passo? E, mais importante, como isso afetará as relações internacionais no longo prazo? É um momento crucial para refletirmos sobre o impacto da guerra e a necessidade de diálogos pacíficos para buscar soluções duradouras.