Banana que Vale Milhões: A Incrível Jornada de Shah Alam
O Mercado das Frutas em Manhattan
Em uma barraca de frutas localizada no charmoso Upper East Side de Manhattan, Shah Alam dedica seus dias a vender bananas a preços populares: 35 centavos cada ou quatro por um dólar. Com a movimentação constante de pessoas que passam pela frente da casa de leilões Sotheby’s, Alam consegue fazer um bom negócio com essas frutas. No entanto, o que ele jamais imaginou era que uma de suas bananas se tornaria parte de uma transação surreal de arte.
Na quarta-feira, dia 20, Alam vendeu uma banana que mais tarde seria leiloada por impressionantes US$ 5,2 milhões, além de taxas que somaram mais de US$ 1 milhão. O comprador? Um magnata do mundo das criptomoedas, Justin Sun, que adquiriu a fruta como parte de uma obra do artista italiano Maurizio Cattelan.
O Impacto da Arte na Vida de Alam
Enquanto alam separava suas bananas em uma chuvosa manhã na York Avenue, ele foi surpreendido por um repórter que lhe relatou sobre o destino de uma de suas vendas. Para sua surpresa, a banana que ele vendeu foi colada a uma parede como parte da instalação artística "Comediante". Ao saber da quantia envolvida, Alam foi tomado pela emoção e desabou em lágrimas.
“Eu sou um homem pobre,” declarou ele, aos 74 anos, com a voz embargada. “Nunca vi esse tipo de dinheiro.”
A Obra “Comediante” e Sua História
A logística dessa banana milionária remonta a 2019, quando Maurizio Cattelan a apresentou pela primeira vez na Art Basel Miami Beach. A peça, composta por três edições, é uma crítica à absurdidade do mercado de arte, refletindo o estilo provocativo do artista. A instalação inclui um manual com instruções que detalham como fixar a fruta com fita adesiva e até mesmo como substituí-la quando eventualmente apodrecer. Cattelan contou que comprou bananas em um supermercado local para criar a obra.
Os Preços que Chocaram o Mercado
Na primeira exibição em Miami, as edições da obra foram vendidas por valores entre US$ 120 mil e US$ 150 mil, atraindo atenção mundial. O impacto foi tão grande que um artista performático chegou a arrancar uma banana da parede e come-la, gerando ainda mais discussões sobre o que se considera arte e como ela é avaliada.
Na quarta-feira do leilão, o cenário havia mudado radicalmente. O lance inicial para a banana de Alam foi de US$ 800 mil, e em questão de minutos, atingiu mais de US$ 5 milhões, em uma verdadeira corrida de lances.
Reflexão do Artista
Embora Cattelan não tenha recebido uma compensação direta pela venda na Sotheby’s, ele se manifestou feliz pelo valor alcançado. Em um e-mail, ele expressou: “Honestamente, me sinto fantástico. O leilão transformou o que começou como uma declaração em Basel em um espetáculo global ainda mais absurdo.” Ele acrescentou que, à medida que o preço da obra aumenta, o conceito original se fortalece.
A Reação de Justin Sun
Justin Sun, por sua vez, mostrou seu entusiasmo pela aquisição. Em postagens nas redes sociais, ele se declarou "orgulhoso" de ser o novo proprietário da banana e anunciou planos de comer a obra na sexta-feira seguinte. Sun acredita que a peça promoverá discussões e reflexões sobre arte e valor, tornando-se parte da história.
A História do Vendedor de Bananas
Entretanto, para Shah Alam, a realidade permanece inalterada. Ele é um viúvo que se mudou para os Estados Unidos em 2007, após deixar o serviço público em Dhaka, Bangladesh, para ficar perto de um dos seus filhos. Hoje, ele vive em um modesto apartamento no Bronx, compartilhando espaço e pagando um aluguel de US$ 500 por mês.
Alam trabalha longas jornadas de 12 horas na barraca de frutas, onde recebe um pagamento de apenas US$ 12 por hora, enfrentando todas as intempéries. Seu domínio do inglês é limitado e restringe-se basicamente aos nomes e preços das frutas que vende.
Em sua vida, ele nunca entrou em uma casa de leilões. A visão dele, prejudicada e necessitando de cirurgia de catarata agendada para janeiro, não o permite sequer apreciar a arte claramente.
Reflexões Finais
Enquanto pondera sobre a venda da sua banana, Alam se sente perplexo com as diferenças entre lucros e realidades cotidianas. Ele se pergunta sobre a natureza das pessoas que participaram do leilão e reflete: “Aqueles que compraram, que tipo de pessoas são? Eles não sabem o que é uma banana?”
Cattelan reconheceu a sinceridade da reação de Alam, afirmando que era um lembrete poderoso de como a arte pode ressoar de maneiras inesperadas. “A reação do vendedor de bananas me comove profundamente, sublinhando como a arte pode ressoar de maneiras inesperadas e profundas,” disse o artista.
Para Shah Alam, a vida segue com a venda de suas bananas, que continuam a custar quatro por um dólar, enquanto o valor de sua obra de arte equivalente poderia ter sido 24,8 milhões de bananas.
Essa história, embora surreal, nos faz questionar sobre o valor que atribuímos às coisas e como a arte pode se intercalar de forma inusitada com o dia a dia, muitas vezes, sem que aqueles que trabalham arduamente para sustentar suas famílias sejam reconhecidos. É um convite para refletir sobre a realidade do mercado de arte e suas implicações, além de destacar a simplicidade, mas também a grandeza, de uma fruta que, no final das contas, se revelou ser muito mais do que um simples produto à venda.