
A Queda na Produção de Açúcar: O Que Aconteceu?
Na segunda metade de novembro, o centro-sul do Brasil registrou uma produção de açúcar de 1,08 milhão de toneladas. Esse número representa uma redução de 23% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) nesta quinta-feira, 12.
A queda na produção está ligada à diminuição de aproximadamente 15% na moagem de cana, que totalizou 20,35 milhões de toneladas em comparação ao ano anterior. Embora os números estejam abaixo do esperado, com previsões da S&P Global Commodity Insights que estimavam 15,48 milhões de toneladas para a moagem de cana e 793,5 mil toneladas para o açúcar, eles ainda superaram as expectativas. Essa surpresa positiva se deve ao fato de muitas usinas terem acelerado o processo de moagem na segunda quinzena do mês após interrupções provocadas por chuvas que afetaram as operações no início de novembro.
De acordo com Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica, “as chuvas impactaram muito o ritmo da colheita no início de novembro, e várias unidades produtoras decidiram prorrogar a moagem até o final do mês.” Na última quinzena, a moagem de cana em São Paulo cresceu cerca de 45%, enquanto no restante do centro-sul, esse aumento foi de 3% em relação aos primeiros quinze dias do mês.
Produção de Etanol e Aumento da Diversificação
Além do açúcar, o etanol também é uma parte importante da produção agrícola brasileira. Na segunda quinzena de novembro, a produção de etanol do centro-sul alcançou 1,19 bilhão de litros, uma queda de 5,18%. Essa redução se deu em função do aumento da quantidade de cana destinada ao biocombustível, que subiu para mais de 55,11%, enquanto a parte destinada à produção de açúcar caiu para 44,89%.
Importante ressaltar que a produção de etanol também inclui o combustível originado do milho, que tem mostrado um crescimento significativo. Do total produzido na segunda quinzena de novembro, 31,02% foi gerado a partir do milho, totalizando 368,86 milhões de litros, um aumento expressivo de 43% em comparação ao ano anterior.
Até o início de dezembro, 135 unidades de produção já haviam terminado a moagem de cana, contra 82 do ano passado, segundo informações da Unica. No total, 196 unidades estavam operando na segunda quinzena de novembro, sendo 177 dedicadas ao processamento de cana-de-açúcar, 10 focadas na produção de etanol a partir do milho e 9 que utilizam ambas as matérias-primas.
A Safra 2024/25 e as Expectativas Futuras
A safra de cana-de-açúcar de 2024/25 se apresenta com números mais modestos. Desde abril, a moagem acumulada chegou a 602,94 milhões de toneladas, uma queda de 2,75%. A produção de açúcar no acumulado atingiu 39,36 milhões de toneladas, apresentando uma diminuição de 3,72%. No entanto, a produção de etanol totalizou 31,17 bilhões de litros, com um aumento de 4,31%. Este total inclui 19,84 bilhões de litros de etanol hidratado (+11,80%) e 11,33 bilhões de anidro (-6,63%), sendo este último utilizado na mistura com a gasolina, que enfrentou desafios de competitividade em alguns Estados.
Quanto à produção de etanol de milho, o volume alcançou 5,25 bilhões de litros, um avanço de 29,67% em relação ao ano anterior. As vendas totais de etanol em novembro somaram 2,93 bilhões de litros, refletindo um aumento de 3,24%. No total, desde o início da safra até o dia 1° de dezembro, a comercialização de etanol no centro-sul foi de 23,84 bilhões de litros, um crescimento de 13,13% em comparação ao ano passado.
O Futuro do Setor Sucroalcooleiro
O setor sucroalcooleiro brasileiro enfrenta diversas variáveis que podem impactar seus futuros resultados. O aumento da demanda por etanol, por exemplo, reflete uma tendência global que valoriza combustíveis renováveis em um cenário de busca por alternativas sustentáveis. Além disso, recentemente, houve um movimento crescente de usinas em direção à diversificação de suas operações, explorando tanto a cana-de-açúcar quanto o milho. Essa mudança pode contribuir para uma maior resiliência do setor diante das flutuações de mercado.
A vitalidade do setor também depende de fatores climáticos e de políticas econômicas que incentivem a bioenergia. Com as instabilidades climáticas observadas nos últimos anos, é crucial que os produtores se adaptem e implementem tecnologias que possam mitigar os impactos negativos nas colheitas.
Em suma, as transformações no setor sucroalcooleiro brasileiro revelam um ambiente dinâmico, onde a adaptação e a inovação serão essenciais para garantir a competitividade e o crescimento sustentável. E você, o que pensa sobre o futuro da produção de cana-de-açúcar e etanol no Brasil? Deixe sua opinião nos comentários e não esqueça de acompanhar as novidades sobre o setor!