O Brasil, reconhecido mundialmente como um dos gigantes na produção de açúcar, enfrenta desafios significativos na safra 2024/25. Recentemente, os dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) revelaram que a produção de açúcar na região centro-sul do país caiu drasticamente, totalizando apenas 898 mil toneladas na primeira quinzena de novembro, um recuo alarmante de quase 60% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Essa queda marca um momento crítico na fabricação do adoçante, que agora apresenta, pela primeira vez nesta temporada, um desempenho inferior ao do ano passado.
Queda na Produção de Açúcar: O Que Está Acontecendo?
Na primeira quinzena de novembro de 2023, as usinas brasileiras no centro-sul haviam produzido 2,2 milhões de toneladas de açúcar. Essa significativa diminuição na produção anual levou a uma retração acumulada de 3% na safra 2024/25, totalizando 38,27 milhões de toneladas. Vale lembrar que na safra anterior, o Brasil atingiu um recorde histórico nesse setor.
Mas o que causou essa diminuição? A resposta está relacionada a fatores climáticos e escolhas industriais. A escassez de cana-de-açúcar é consequência de uma seca que afetou a produtividade, além da crescente demanda por etanol, que acabou desviando a matéria-prima do açúcar. Com a situação das usinas, o impacto foi imediato e severo.
Os Números por Trás da Moagem de Cana
Durante a primeira quinzena de novembro, a moagem de cana na região centro-sul totalizou 16,46 milhões de toneladas, uma queda de 52,8%. Essa baixa preocupa, pois no acumulado da safra, a diminuição foi de 2,2%, resultando em um total de 582,6 milhões de toneladas. Essa é a primeira vez que a moagem acumulada ficou abaixo dos índices do ano anterior, refletindo um problema mais sério: a maior parte das usinas antecipou o início de suas operações para a nova safra, mas a colheita não estava na expectativa.
De acordo com a consultoria StoneX, a previsão para a moagem total na safra 2024/25 é de 612,7 milhões de toneladas, um declínio de 6,4% em relação à safra anterior, que foi recorde. Quanto ao açúcar, a consultoria estima uma produção total de 39,9 milhões de toneladas.
Impactos Climáticos e Econômicos
Como já mencionado, as condições climáticas desempenham um papel significativo na produção agrícola. O diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues, destacou que, além das usinas que já tinham programado encerrar as moagens mais cedo, o clima desfavorável impactou a colheita, causando paradas pontuais nas operações das empresas.
Embora a seca tenha afetado a produtividade das lavouras, ela teve um efeito positivo: a concentração de açúcares aumentou. Durante a primeira quinzena de novembro, o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) subiu para 133,09 kg de ATR por tonelada de cana, uma variação positiva de 0,63% em relação ao ano anterior. No acumulado da safra, esse indicador está situado em 142,31 kg de ATR, 1,22% superior ao ciclo anterior.
O Papel do Etanol na Equação
A diminuição na fabricação de açúcar também está diretamente ligada a um aumento no uso da cana para produzir etanol. Na primeira quinzena de novembro, apenas 43% da cana foi destinada à produção de açúcar, um declínio em relação aos cerca de 50% do mesmo período do ano passado. A proporção destinada ao etanol, por outro lado, subiu para 57%.
A produção de etanol na mesma quinzena alcançou 1,06 bilhão de litros, e no acumulado do ciclo agrícola, totalizou 29,92 bilhões de litros. As vendas de etanol estão em alta, somando 1,45 bilhão de litros na primeira quinzena, um aumento de 13,30% em relação ao mesmo período da safra anterior. Desde o início da safra, as vendas acumuladas foram de 22,32 bilhões de litros, um crescimento de 14,36% segundo a Unica.
Por Que a Situação É Preocupante?
O cenário atual levanta várias questões para os produtores e para a economia como um todo. A expectativa é que, apesar da redução na moagem de cana, a oferta de etanol permaneça robusta. Isso se deve a ganhos em eficiência, um mix mais alcooleiro nas plantas e a diminuição nas exportações. No entanto, o crescimento constante da produção de etanol de milho também contribui para essa mudança no mercado.
É essencial observar como esses fatores se desdobram, pois o Brasil depende fortemente da produção de açúcar e etanol. A competitividade do etanol em relação à gasolina, especialmente no Brasil, tem levado a um aumento na sua demanda. Por outro lado, os produtores de açúcar enfrentam pressões que podem impactar seus negócios e os preços globais do açúcar.
Rumando para o Futuro
A expectativa para o futuro inclui incertezas. Com os desafios impostos pela natureza e pela mudança nas demandas do mercado, os operadores do setor precisam se adaptar. A busca por soluções mais sustentáveis e a eficiência nos processos serão vitais para garantir que a produção de açúcar e etanol continue a ser rentável e competitiva.
Os indicadores agrícolas de 2024/25 vão demandar atenção contínua e estratégica de todos os envolvidos no setor. É preocupante, mas esse cenário também abre espaço para inovação e melhorias nos processos produtivos.
Participação e Reflexão
O momento é de reflexão sobre a situação da produção de açúcar e etanol no Brasil. Como você observa essa dinâmica entre a produção de açúcar e etanol? Você acredita que as usinas conseguirão se adaptar a essas mudanças? Sua voz é importante, e adoraria ouvir suas opiniões e comentários sobre o tema. Vamos compartilhar conhecimento e buscar soluções juntos.