quinta-feira, março 13, 2025

A Queda da Influência Chinesa no Panamá: O Fim de uma Era?


Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Parada de Inovação: A História da Família Sola e o Canal do Panamá

Uma década atrás, uma proposta empolgante estava prestes a se concretizar. A família Sola, proprietária de uma empresa de transporte marítimo, obteve uma licença para construir a primeira marina e um porto de cruzeiros na entrada do Pacífico do Canal do Panamá, em Amador. Louis Sola, hoje presidente da Comissão Marítima Federal dos EUA, recorda a expectativa em torno desse marco. “Esse seria o primeiro porto de cruzeiros no litoral do Pacífico”, revelou Sola.

Mas, como em um enredo de filme, tudo mudou em 2017. O Panamá decidiu entrar na Iniciativa Cinturão e Rota da China, uma estratégia ousada que exigia que o governo panamenho reconhecesse Taiwan como parte da China. Isso gerou preocupação entre os Estados Unidos, defensores do governo de Taiwan. Com essa decisão, o Panamá não apenas cancelou os planos da família Sola, que haviam projetado um investimento de US$ 30 milhões no porto de cruzeiros, como também nacionalizou o projeto e o entregou a uma empresa chinesa, que recebeu a quantia de US$ 300 milhões para sua construção.

Como uma reviravolta irônica, o local previsto para a marina foi transformado em uma embaixada da República Popular da China. Entretanto, após pressão insuflada pela opinião pública e apoio dos Estados Unidos, os Solas conseguiram reverter essa situação, que quase resultou na instalação da embaixada chinesa em Amador.

Recentemente, em um desenvolvimento surpreendente, o presidente do Panamá anunciou, em 2 de fevereiro, que não renovará o acordo da Iniciativa Cinturão e Rota com o Partido Comunista Chinês (PCCh). Essa decisão é considerada uma vitória significativa para a pressão exercida pelo ex-presidente Donald Trump, que visa conter o crescimento da influência da China na região.

A Influência Chinesa e Suas Implicações

A narrativa de Sola, compartilhada durante uma audiência no Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado, ressalta um tema cada vez mais debatido: a influência chinesa no Canal do Panamá. Essa hidrovia, crucial para o comércio global e com um século de história, passa a ser alvo de uma concorrência acirrada entre Pequim e Washington.

Os portos chineses localizados nas extremidades do Canal do Panamá preocupam especialistas, que alertam para que a crescente influência de Pequim na região pode ser um violação do Tratado de Neutralidade, colocando em risco a segurança nacional dos Estados Unidos.

Um ponto de inflexão ocorreu quando Trump, em dezembro de 2024, proclamou nas redes sociais que o canal deveria ser exclusivamente administrado pelo Panamá e não pela China. Ele também acusou as autoridades panamenhas de estarem aplicando taxas excessivas sobre os navios americanos, que representam a maior parte do tráfego no canal.

“A China está operando o Canal do Panamá. E nós não o entregamos à China. Nós o entregamos ao Panamá, e vamos recuperá-lo.”

— Donald Trump, presidente dos Estados Unidos

Após assumir a presidência, Trump reiterou a ideia de que o controle do Canal do Panamá estava nas mãos do regime chinês, o que desencadeou negativas de Pequim e do governo panamenho. Durante seu discurso inaugural, Trump afirmou: “A China está operando o Canal do Panamá e vamos recuperá-lo”.

Riscos à Segurança Nacional

O especialista em segurança nacional Andrés Martínez-Fernández adverte que os soldados chineses não precisam pisar no solo panamenho para que o PCCh tenha potencial para interromper o funcionamento do canal. Especialmente se os Estados Unidos se involucrem em um conflito com a China, a segurança nacional americana estaria em risco.

Estatísticas alarmantes revelam que dois dos cinco principais portos do Panamá estão sob o controle da CK Hutchison Holdings, uma empresa com sede em Hong Kong, que opera os portos de Balboa, no Pacífico, e Cristóbal, no Atlântico. Além disso, em 2018, uma coalizão de empresas estatais chinesas garantiu um contrato de US$ 1,4 bilhão para a construção da quarta ponte sobre o canal.

“O canal é extremamente vulnerável a qualquer tipo de sabotagem”, afirmou Martínez-Fernández. “Não se trata apenas de navios de guerra chineses; a ameaça pode ser mais sutil.”

Com um volume impressionante de US$ 270 bilhões em carga transitando anualmente pelo Canal do Panamá, responsável por 5% do comércio marítimo global, sua segurança é uma preocupação primordial. Desde a entrega da soberania ao Panamá em 1999, as relações se tornaram mais complexas, especialmente com o Tratado de Neutralidade ainda vigente, que garante o direito dos EUA de usar a força para proteger o canal.

Neutralidade e Influência Chinesa

Nos últimos anos, a presença visível da China em Panamá se intensificou. Outdoors anunciando o Banco da China decoravam as ruas até recentemente, mas foram removidos pouco antes de uma reunião entre o secretário de Estado dos EUA e o presidente do Panamá.

Esses outdoors simbolizam a influência crescente de Pequim. Trump mencionou em suas redes sociais que o Panamá estava retirando placas em chinês, reforçando a ideia de que a China tem se infiltrado no país. Apesar de o Panamá ter optado por não renovar o acordo da Iniciativa Cinturão e Rota, a realidade é que os portos ainda são controlados por uma potência nacional chinesa.

O Debate sobre Espionagem e Segurança

As preocupações não param por aí. Os senadores americanos têm se mostrado inquietos com as capacidades de espionagem do PCCh, especialmente diante de incidentes recentes de ataques cibernéticos. Schmitt, senador dos EUA, chamou atenção para a vulnerabilidade dos guindastes chineses utilizados em portos americanos, que estão equipados com modems celulares, criando riscos de segurança.

A senadora Tammy Baldwin levantou a questão da vigilância que poderia ser realizada a partir da nova ponte sobre o canal, afirmando que é fundamental garantir um campo de atuação seguro, algo que atualmente não existe devido às práticas do governo chinês.

A Operação Perturbadora do Canal do Panamá

Embora não tenham ocorrido incidentes graves, a Autoridade do Canal do Panamá (PCA) começa a trabalhar em colaboração com o Departamento de Segurança Interna dos EUA para se proteger contra as ameaças cibernéticas. A PCA é responsável pela operação do canal, que embora tenha sido modernizada, pode ser operada manualmente em emergências e conta com um forte sistema de resposta a crises.

Além disso, com a nova infraestrutura sendo construída no local, como a ponte, surge o risco de que um potencial bloqueio do canal possa ser realizado sem aviso prévio, o que representa um risco direto para a segurança nacional americana.

Reflexões Finais

A crescente influência da China no Canal do Panamá levanta questões complexas e pressões geopolíticas. A história da família Sola é um exemplo das reversões inesperadas que o poder global pode provocar em projetos locais, enquanto a segurança nacional dos EUA se entrelaça com o futuro de uma infraestrutura vital.

À medida que o Panamá navega por estas turbulentas águas diplomáticas, resta saber como o país equilibrará a sua soberania e os seus laços com a superpotência chinesa. A maneira como o cenário se desenrolará pode definir não só o destino do Canal do Panamá, mas também a dinâmica das relações internacionais na região. O que você acha sobre a presença da China na América Latina? Deixe seu pensamento nos comentários abaixo!

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