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Entenda a Relação Entre Juros Altos e Inflação no Brasil: Por Que Não é Simples Reduzir a Selic?

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Nos últimos anos, a taxa de juros do Brasil, conhecida como Selic, tem sido um dos principais temas de discussão econômica. Com uma economia marcada por alta inflação e juros elevados, a Selic impacta diretamente no crescimento econômico e no custo do crédito para consumidores e empresas. Porém, a questão principal é: como reduzir essa taxa de forma sustentável?

No final de 2022, o Brasil viu uma leve retração de 0,2% no PIB, ainda que o crescimento anual tenha superado as expectativas, fechando em 2,9%. Para entender melhor, o Banco Central do Brasil (BC) tem mantido a Selic alta na tentativa de controlar a inflação, que persiste acima da meta estipulada. Isso visa combater a perda de poder de compra, especialmente entre as classes mais vulneráveis.

Por Que a Inflação Continua Alta?
Embora o BC esteja mantendo uma Selic elevada, as expectativas de inflação permanecem desestabilizadas. Após as eleições de 2022, o mercado previa uma redução gradual da Selic para 11,25% em 2023 e 8% em 2024. No entanto, com o anúncio de um aumento de gastos públicos por parte do novo governo, a curva de juros futuros se ajustou para cima.

Entre os fatores que contribuíram para essa incerteza, está a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) com a previsão de aumento no orçamento, inicialmente estimado entre R$ 60 e R$ 70 bilhões. Entretanto, as previsões subiram para um total de até R$ 200 bilhões, o que elevou a preocupação do mercado quanto à trajetória fiscal.

O Risco da Dívida Pública
O aumento de gastos pressiona a dívida pública, afetando diretamente as expectativas para a inflação e os juros futuros. Em um cenário onde os gastos ultrapassam R$ 100 bilhões anuais, a relação Dívida/PIB torna-se insustentável, o que demandaria novos cortes ou aumentos de receita para compensar o impacto.

Redução da Meta de Inflação: Solução ou Armadilha?
Recentemente, discutiu-se a possibilidade de elevar a meta de inflação, atualmente definida em 3% para 2024. A ideia é de que uma meta de inflação mais alta permitiria uma redução da Selic. No entanto, isso pode afetar a credibilidade do BC e tornar a política monetária menos eficaz.

Exemplo da Argentina
Um exemplo próximo dos riscos de flexibilizar a meta de inflação é a Argentina. Em 2017, a meta de inflação foi elevada de 10% para 15%. Esse ajuste fez com que a inflação e as expectativas de juros continuassem a subir, gerando um ciclo vicioso que, em 2022, resultou em uma inflação de 95% ao ano e níveis críticos de pobreza.

Conclusão
Reduzir a Selic é um desejo legítimo, mas deve ser feito de forma responsável e técnica. Para isso, é necessário o compromisso do governo com uma trajetória fiscal sustentável e uma comunicação clara de que os gastos públicos estão sob controle.

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