ACP Bioenergia: Apostando em Crescimento Sustentável e Diversificação
A ACP Bioenergia, reconhecida como uma das principais produtoras independentes de cana-de-açúcar do Brasil, está expandindo seu horizonte. Com operações também nas culturas de soja e milho, a empresa planeja aumentar em quase 50% sua área plantada até 2028, atingindo um total de 150 mil hectares. Essa informação foi compartilhada por Caio Marchini, diretor financeiro da companhia, em entrevista à Reuters.
Um Planejamento Estratégico em Ascensão
De acordo com Marchini, o crescimento da ACP Bioenergia é resultado de uma estratégia consolidada ao longo dos últimos dez anos, destacando o modelo de operação “asset light”. Isso significa que a empresa produz predominantemente em terras arrendadas, distribuídas em nove polos pelo Brasil. Essa abordagem permite à ACP manter uma flexibilidade financeira e operacional, crucial para crescer de forma sustentável.
Atualmente, a ACP Bioenergia opera em impressionantes 74 mil hectares dedicados à cana-de-açúcar. Na última safra, a companhia teve um desempenho notável, entregando cerca de 4 milhões de toneladas a usinas de importantes grupos como Raízen, BP e Atvos. A produção de grãos, concentrada no Tocantins, revela a força da ACP, que se destaca como a maior produtora de soja da região.
“Nosso enfoque sempre foi a cana-de-açúcar. A entrada no mercado de grãos começou em 2018 como uma estratégia de diversificação”, explica Marchini, enfatizando a importância da diversificação nas receitas da empresa.
Diversificação Sustentável: Um Tripé de Estratégia
A filosofia de negócios da ACP Bioenergia é sustentada por três pilares: diversificação de receita, geográfica e climática. O diretor enfatiza a relevância da adaptabilidade às condições climáticas, que são frequentemente imprevisíveis no setor do agronegócio.
- Diversificação de Receita: Em busca de fontes múltiplas de lucro, a empresa amplia seu portfólio com culturas variadas.
- Diversificação Geográfica: Com operações em diferentes estados, a ACP reduz riscos e amplia sua influência na cadeia produtiva.
- Diversificação Climática: Compreender e se adaptar a diferentes climas é essencial para garantir a produção estável ao longo do ano.
Essa abordagem permite que a ACP se destaque em um mercado competitivo, além de assegurar a resiliência diante de desafios do setor.
Compromisso com a Sustentabilidade
A ACP Bioenergia é uma companhia familiar, sendo os irmãos Cândido de Paula os principais acionistas, e o empresário Dimitrios Markakis, dono dos 20% restantes. Com foco em uma gestão profissionalizada, a empresa valoriza práticas de alta governança e sustentabilidade. Esse comprometimento com a sustentabilidade se reflete na recente conquista de um financiamento de R$ 100 milhões vinculado a indicadores de sustentabilidade (KPIs) junto ao Rabobank, em parceria com o Fundo Agri3. Esta operação busca mitigar as mudanças climáticas e facilitar a transição para práticas agrícolas regenerativas, com um prazo de 10 anos para retorno.
“Estamos investindo na transformação de áreas degradadas em produtivas”, observa Marchini, ressaltando a importância dessa iniciativa para o futuro da agricultura na região. Nos últimos quatro anos, a ACP já concluiu diversas emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), totalizando R$ 448 milhões em captação.
Possíveis Novos Caminhos: IPO e Expansão
O futuro da ACP Bioenergia também pode incluir uma oferta pública inicial de ações (IPO). Marchini não descarta essa possibilidade, mas destaca a necessidade de reforçar a governança e as melhores práticas antes de dar esse passo. “Estamos cientes de que a janela para IPO no Brasil está fechada há mais de três anos. Contudo, precisamos estar prontos”, afirma ele.
“Caso uma nova janela se abra, não temos motivos para não considerar essa opção,” completa o executivo, demonstrando otimismo e preparo para novas oportunidades.
Apostando em Terras Desafiadoras
Atualmente, a ACP Bioenergia cultiva mais de 100 mil hectares de forma ativa e pretende intensificar essa operação mediante a realização de contratos de arrendamento de longo prazo em áreas que ainda são consideradas “desafiadoras” em termos de produtividade. Marchini é enfático ao afirmar que a empresa tem se destacado em elevar a produtividade das terras, mesmo aquelas com histórico de baixo rendimento.
- Arrendamentos Prolongados: A companhia tem contratos que superam uma média de 10 anos tanto para culturas de cana quanto de soja, uma abordagem que confere estabilidade.
- Produção em Ciclos Longos: Para a cana-de-açúcar, os ciclos podem chegar até 14 anos.
Essas medidas são inspiradas em modelos de sucesso, como o da SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de grãos do país. Durante a conversa, Marchini foi questionado sobre a possibilidade de a empresa adquirir terras. Ele foi categórico em afirmar que essa não é uma direção planejada, assim como não há intenção de expandir a produção de grãos para além do Tocantins, devido à disponibilidade significante de terras degradadas na região.
Atualmente, a ACP Bioenergia realiza o cultivo de 18 mil hectares de soja e 9 mil hectares de milho, solidificando sua presença nesse mercado em ascensão.
Reflexões Finais
A trajetória da ACP Bioenergia ilustra a evolução contínua de uma empresa que, ao mesmo tempo em que respeita suas raízes na cana-de-açúcar, não hesita em explorar novas oportunidades para diversificação e crescimento sustentável. O compromisso com a sustentabilidade, a visão estratégica de longo prazo e a disposição para se adaptar às circunstâncias do mercado são traços que destacam a ACP como um modelo a ser seguido no agronegócio brasileiro.
Invista um momento para refletir sobre as mudanças que observamos na agricultura e em como empresas como a ACP Bioenergia estão moldando o futuro desse setor. E você, o que pensa sobre essas práticas e estratégias? Compartilhe suas opiniões e continue a conversa!