Na Nigéria, a realidade brutal das violações de direitos das mulheres e meninas persiste sem trégua, conforme aponta o recente relatório do Comitê da ONU para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, conhecido como Cedaw. A análise é alarmante: uma década após o sequestro em massa de 276 estudantes em Chibok, ainda há 91 delas desaparecidas ou em cativeiro. As sobreviventes, por sua vez, lutam contra traumas profundos e a falta de suporte adequado.
Terror em Chibok: O início de um ciclo de violência
O relatório, divulgado na quarta-feira, foi fruto de uma missão reservada conduzida em dezembro de 2023. Durante duas semanas, uma equipe da ONU visitou Abuja e os estados de Adamawa, Borno, Enugu e Kaduna, ouvindo relatos de vítimas, familiares e autoridades locais. Essa foi a primeira vez que a ONU se fez presente na escola de Chibok desde o trágico sequestro em abril de 2014.
A presidente do Comitê, Nahla Haidar, enfatizou que o rapto das meninas em Borno não deve ser entendido como um fato isolado, mas sim como parte de uma escalada de sequestros em massa que afetam escolas e comunidades no norte da Nigéria. Desde 2014, estima-se que cerca de 1.400 estudantes foram sequestradas, com muitos casos vinculados a resgates, casamentos forçados ou tráfico humano.
A cruel realidade das conversões forçadas
O relatório detalha as duras condições enfrentadas em cativeiro, que incluem:
- Falta de alimentação adequada;
- Espancamentos frequentes;
- Conversões religiosas forçadas;
- Casamentos com combatentes;
- Nascimentos enquanto estão em cativeiro.
Sobreviventes que escaparam de grupos armados relataram violência sexual sistemática e abusos físicos constantes. Dentre as 276 meninas sequestradas em 2014, 82 conseguiram escapar sozinhas e 103 foram libertadas em negociações entre 2016 e 2017. Apesar de algumas receberem apoio psicológico e oportunidades de bolsas de estudo, muitas não puderam retornar para suas aldeias devido ao estigma ligado ao grupo Boko Haram, o que resultou em isolamento social e falta de acesso à educação e cuidado médico.
Responsabilidades do Estado: O que está sendo feito?
O Comitê Cedaw conclui que a Nigéria falhou em diversas frentes:
- Prevenir ataques a escolas;
- Proteger meninas dos sequestros;
- Garantir o direito à educação.
Além disso, a ausência de esforços efetivos para combater a estigmatização, juntamente com a falta de criminalização dos sequestros e a inexistência de legislação contra a violação conjugal nos 36 estados do país, é alarmante. As recomendações do Cedaw incluem que o governo busque ativamente o resgate das 91 mulheres de Chibok ainda desaparecidas e que aumente o financiamento e a capacidade policial para proteger mulheres de sequestros em massa.
O impacto nas comunidades e a luta por justiça
A contínua violência e os sequestros têm um efeito devastador nas comunidades nigerianas. O medo torna-se uma constante, impedindo que meninas e mulheres frequentem escolas ou busquem trabalho. Isso alimenta um ciclo de pobreza e exclusão social extremamente difícil de romper.
Ouvindo as vozes de sobreviventes, fica evidente que a luta por justiça e apoio é uma necessidade urgente. Muitos anseiam por um suporte estruturado que vá além de uma simples assistência emocional, desejando programas que ofereçam reais oportunidades de recuperação e dignidade. À medida que cada história é compartilhada, testemunhamos uma realidade que demanda ação, empatia e solidariedade global.
Solidariedade e suporte: A importância da ação coletiva
É fundamental elevar as vozes das mulheres e meninas que têm sido silenciadas pela violência. Atividades de conscientização e campanhas globais são essenciais para mobilizar a opinião pública em torno dessas questões. Muitas organizações da sociedade civil e grupos de direitos humanos têm trabalhado incansavelmente para promover a justiça e oferecer suporte às vítimas. No entanto, é necessária uma ação conjunta, envolvendo governos, ONG’s e a sociedade civil, para que a mudança realmente aconteça.
O que podemos fazer?
Tudo isso levanta algumas perguntas importantes: Como podemos, enquanto indivíduos ou comunidades, apoiar essas causas? O que estamos dispostos a fazer para acabar com esse ciclo de violência e desamparo? Aqui estão algumas maneiras de contribuir:
- **Educação e conscientização:** Esteja informado sobre a situação das mulheres na Nigéria e compartilhe esse conhecimento.
- **Apoio a instituições:** Contribua com organizações que trabalham para resgatar e reabilitar as vítimas de sequestros.
- **Advocacy:** Apoie campanhas que busquem justiça e melhores políticas públicas voltadas à proteção de mulheres e meninas.
O caminho para a mudança pode parecer longo, mas cada pequeno esforço conta. Juntos, devemos lutar para garantir que os direitos de todas as mulheres e meninas sejam respeitados e protegidos.