Reavaliação do Setor Siderúrgico: O Que Esperar de Gerdau e Usiminas?
Recentemente, o Bradesco BBI revisou suas recomendações sobre as ações da Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5), trocando a recomendação de compra para neutro. Essa decisão é um reflexo das incertezas que cercam o setor de aço no Brasil, tendo em vista as desafiadoras condições macroeconômicas que estão em jogo. Enquanto isso, a única exceção na categoria de metais básicos é a Vale (VALE3), que ainda mantém a recomendação de compra.
Mudanças no Cenário do Aço no Brasil
As ações da Usiminas registraram uma queda de 1,84%, cotadas a R$ 4,79, enquanto os papéis da Gerdau apresentaram uma desvalorização de 2,84%, fechando a R$ 17,10. Ambas as ações estão entre as maiores quedas do Ibovespa nesta quinta-feira (9). O Bradesco BBI acredita que, após um ano em que a demanda por aço no Brasil se aproximou de recordes históricos, os próximos anos trarão um crescimento moderado devido à incerteza econômica que poderá afetar o poder de precificação das siderúrgicas.
A avaliação da instituição financeira revela que as ações dessas empresas de mineração se tornaram menos atraentes, principalmente por conta de expectativas pessimistas em relação ao lucro e ao fluxo de caixa. A falta de geração de fluxo de caixa livre é um fator de preocupação, levando o Bradesco a reavaliar suas previsões de crescimento e rentabilidade.
Previsões para Gerdau e Usiminas
Diante desse cenário instável, o Bradesco BBI ajustou suas projeções para a Gerdau, reduzindo suas expectativas em 13% para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 2025 e 2026, e o preço-alvo caiu 24%. Essa nova estimativa indica um potencial de valorização bastante limitado, em torno de apenas 5%. O papel da Gerdau está sendo negociado a 3,8 vezes o Valor da Firma (EV)/Ebitda para 2025, o que representa um ajuste em relação à média de cinco anos, que era de 4,5 vezes.
A Usiminas, por sua vez, não escapou desse rebaixamento. O BBI diminuiu em 35% suas previsões de Ebitda para 2025 e 2026, além de uma queda de 45% no preço-alvo, que agora está em R$ 6,00 por ação. Para o futuro, a expectativa é de um crescimento modesto na demanda doméstica, de apenas 1%, enquanto os custos do aço devem se manter estáveis, resultando em Ebitda de R$ 2,2 bilhões em 2025, bem abaixo das projeções anteriores.
Diversas Variáveis em Jogo
O Banco também observou que as discussões sobre a aplicação de novas tarifas e medidas antidumping devem permanecer inativas, pelo menos no curto prazo. Essa expectativa, aliada ao aumento do custo de capital e ao enfraquecimento do momentum de lucros nos Estados Unidos e no Brasil, levou a uma revisão na recomendação das ações, trazendo um alerta sobre os riscos que podem afetar o desempenho das empresas no setor siderúrgico.
- Gerdau: Recomendação rebaixada de compra para neutro; preço-alvo ajustado de R$ 25 para R$ 19.
- Usiminas: Rebaixamento similar de compra para neutro; preço-alvo alterado de R$ 11 para R$ 6.
Os analistas do BBI ainda acreditam que estamos nos aproximando do pico do ciclo do aço no Brasil. A combinação de taxas de juros crescentes e um panorama econômico incerto aponta para um crescimento mais lento no setor nos próximos anos.
O Impacto das Condições Econômicas
Nos últimos 11 meses, a demanda interna por aço longo teve um crescimento anual de 6%, o que é cerca de 20% acima dos números pré-pandemia. Contudo, as iniciativas de redução de custos adotadas pelas empresas foram plenamente implementadas ao longo de 2024, o que limita os ganhos e a lucratividade nos próximos trimestres. O BBI, por sua vez, projeta um Ebitda total de R$ 4,5 bilhões para o setor no Brasil, com uma margem de 16%.
A situação é semelhante nos Estados Unidos, onde se prevê que o Ebitda se deteriorará ainda mais no quarto trimestre de 2024, refletindo a sazonalidade mais fraca e preços em queda. A leve recuperação esperada na lucratividade ocorrerá apenas em 2025. Para este ano, as perspectivas para Gerdau são de um Ebitda consolidado de R$ 11 bilhões, mas a situação é preocupante para 2025, com uma previsão de Ebitda em R$ 3,8 bilhões para os EUA, representando uma margem de 14%, uma queda em comparação aos 19% de 2024.
O Desafio do Fluxo de Caixa
Os analistas também destacam que o fluxo de caixa livre (FCF) da Gerdau poderá ser impactado por exigências elevadas de capital e expectativas razoáveis de Ebitda, resultando em um rendimento de FCF de apenas 3,7% em 2025. O Bradesco enfatiza que a Gerdau tem adotado uma abordagem mais cautelosa no que refere à alocação de capital, o que pode fazer com que seus rendimentos de dividendos fiquem abaixo do potencial, apesar da empresa ter um balanço sólido. A estimativa é de uma dívida líquida de R$ 4,1 bilhões em 2025, comparada a um limite implícito de cerca de R$ 7,0 bilhões.
O Futuro do Setor Siderúrgico
Tanto a Gerdau quanto a Usiminas enfrentam um futuro incerto. A expectativa é que os desafios macroeconômicos continuem influenciando o setor, e os investidores devem estar atentos às adaptações que essas empresas farão para navegar nesse ambiente complexo. O que fica claro é que o setor de aço brasileiro, um importante pilar da economia nacional, necessita de estratégias bem definidas para enfrentar as dificuldades vindouras. E você, o que pensa sobre o futuro das siderúrgicas no Brasil? Quais ajustes você acha que deveriam ser feitos pelas empresas para se adaptarem à nova realidade econômica? Compartilhe suas ideias e vamos continuar essa conversa!