Em 15 de dezembro próximo, Angola será palco de uma importante Cimeira de Chefes de Estado, que terá como foco a delicada situação de paz e segurança na República Democrática do Congo (RDC). Este encontro reunirá três líderes: o presidente de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço; o presidente de Ruanda, Paul Kagame; e o presidente da RDC, Félix Tshisekedi. A expectativa é que esses diálogos possam resultar em avanços significativos para a estabilidade na região.
A Diplomacia Como Solução
O papel de Angola na busca pela paz na RDC é inegável. Em julho deste ano, sob sua mediação, um acordo de cessar-fogo foi estabelecido, entrando em vigor em 4 de agosto. Desde então, diplomatas dos três países têm se reunido regularmente para aprofundar as negociações, com o objetivo de alcançar um pacto abrangente para a paz. Essa dinâmica é essencial, conforme destaca Téte António, Ministro das Relações Exteriores de Angola, em entrevista à ONU News.
“Insistimos em um ponto crucial: apenas o diálogo poderá solucionar a crise”, observa António. “As armas já foram testadas. A instabilidade na RDC existe desde os anos 60, somando quase 60 anos de conflitos em várias fases. Precisamos urgentemente ver este país em paz, já que isso impacta não só a região, mas a paz mundial.”
A RDC é rica em recursos minerais, mas há décadas enfrenta conflitos que envolvem mais de 120 grupos armados, tornando a situação humanitária alarmante.

Refugiados que fugiram de suas casas constroem novos abrigos no leste da República Democrática do Congo.
Aspectos Cruciais Para a Paz
Téte António também mencionou fatores essenciais que precisam ser considerados nas negociações, tais como:
- O retorno dos refugiados congoleses, incluindo tutsis que se encontram em Ruanda;
- Desengajamento das forças militares na região;
- Desdobramentos das medidas de segurança adotadas por Ruanda;
- A neutralização do grupo FDLR, formado por milícias hutus que deixaram Ruanda durante o genocídio de 1994;
- A situação do M23, um grupo atuante no leste da RDC.
O cessar-fogo será monitorado por um Mecanismo de Verificação ad hoc, criado para assegurar que os acordos sejam cumpridos e para observar qualquer violação por parte das partes envolvidas. No documento, 18 oficiais angolanos, 3 da RDC e 3 de Ruanda participarão desse mecanismo, destacando a colaboração entre os países.

Forças de paz da ONU, servindo com a Monusco, patrulham perto da cidade de Beni, em Kivu do Norte, RDC.
A Realidade dos Refugiados na RDC
A Missão de Estabilização da ONU na República Democrática do Congo, conhecida como Monusco, tem desempenhado um papel fundamental no apoio ao Processo de Luanda, que visa restaurar a paz no país. O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou a importância dessa parceria como um passo vital para a paz.
Téte António ressalta que a colaboração entre Angola e as Nações Unidas tem sido exemplar. “Estamos trabalhando juntos efetivamente no território. Recentemente assinei um Memorando de Entendimento com a Monusco, e o objetivo é que a missão suporte um mecanismo de verificação ad hoc, como discutido no Processo de Ruanda. Isso garantirá a prevenção de conflitos e monitorará qualquer violação que ocorra”, explica o chanceler angolano.
Infelizmente, as estatísticas mostram uma realidade dramática: atualmente, mais de 1,7 milhão de pessoas estão deslocadas apenas na província do Kivu do Norte. No total, mais de 7 milhões de congoleses foram forçados a deixar suas casas devido à violência e a conflitos armados.
Esses números representam mais do que dados; são vidas afetadas, famílias desmembradas e um futuro incerto para milhões. É fundamental que a comunidade internacional se mobilize para apoiar esses cidadãos necessitados e se engaje nas iniciativas de paz que estão sendo discutidas.
Em suma, a Cimeira de Chefes de Estado em Angola marca um passo significativo na busca pela paz na República Democrática do Congo. Com a diplomacia como guia, espera-se que os líderes consigam encontrar soluções eficazes para um conflito que já dura há décadas. É um momento de esperança e um convite à reflexão sobre o papel que cada um pode desempenhar na construção de um futuro mais pacífico para todos. Qual é a sua opinião sobre a situação na RDC? Compartilhe suas ideias e ajude a fomentar esse debate crucial.