O Aumento no Preço do Café e as Perspectivas para a Laranja em 2025

Nos últimos tempos, o preço do café tem sido um tema recorrente nas conversas entre os consumidores. A alta nos preços já é perceptível, mas uma questão que muitos ainda não consideraram é que a laranja poderá seguir esse mesmo caminho em 2025. Vamos entender melhor o que está por trás dessa tendência.

A Influência do Clima e Pragas no Preço das Commodities

Um relatório do Itaú BBA, além das análises do economista Matheus Dias, do FGV IBRE, aponta uma combinação de fatores que pode impactar o preço das commodities, incluindo o clima adverso e a presença de pragas nas plantações. É importante estar atento a esses detalhes, pois eles influenciam diretamente os preços que pagamos no mercado.

No último Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, observou-se uma queda temporária no preço da laranja. A laranja-baía registrou um recuo de 7,43%, a lima teve uma diminuição próxima a 6%, e a laranja-pera teve uma queda de cerca de 3,5%. Embora esses números possam parecer aliviantes, a realidade para a próxima safra pode ser bem diferente.

O que Esperar da Safra 2025/26

A nova safra de laranja para 2025/26 já começou em março e pode mudar a perspectiva atual. Com uma expectativa de produção reduzida, a situação pode se inverter: o que antes representava alguma estabilidade de preços pode agora gerar aumento. “É nesse período que a produção começa a ser destinada ao mercado. Se a safra for menor, o efeito pode ser contrário e a alta nos preços pode se intensificar”, observa Matheus Dias.

Desafios Enfrentados pela Laranja: Estoques Baixos e Clima Desfavorável

Enquanto o café enfrenta incertezas na produção, o mercado da laranja está sendo pressionado por estoques historicamente baixos. De acordo com a Citrus BR, as reservas globais de suco de laranja brasileiro atingiram seu nível mais baixo em 2024, com uma queda de 24,2% em comparação ao ano anterior.

Esta redução de estoques é resultado de problemas recorrentes, como a doença Greening, que compromete a produtividade das plantações, e questões climáticas adversas. Nesse contexto, a atenção agora se volta para a safra 2025/26, que pode ser afetada pela falta de chuvas em áreas produtoras como Avaré, Itapetininga e Araraquara. “As precipitações nessas regiões foram até 90 mm inferiores à média histórica, o que pode impactar a qualidade da próxima safra”, explica Dias.

Definição de Preços pelo Governo

No começo de março, o governo anunciou os preços mínimos para as caixas de laranja para 2025 e 2026. Para o Rio Grande do Sul, o preço mínimo foi fixado em R$ 25,19 por caixa de 40,8 quilos, representando um aumento de 17% em relação à safra anterior. Nos outros estados, o valor será de R$ 28,44 por caixa, o que reflete um incremento de 19,35%. Esses ajustes são indicativos das expectativas de sua crescente valorização.

Cenário Atual do Café: Clima e Oferta Global

Enquanto isso, o cenário no mercado do café apresenta seus próprios desafios. O impacto das condições climáticas, especialmente a seca e o calor excessivo, está afetando diretamente a produção. O monitoramento das chuvas é constante, uma vez que a quantidade de chuva tem um papel crucial na qualidade e na quantidade da safra.

De acordo com o Agro Mensal, um relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA, os altos níveis de temperatura no Brasil têm interferido no desenvolvimento dos grãos, prejudicando o “enchimento” ideal. Isso pode resultar em grãos menores, o que requer um aumento da quantidade para atingir as metas de produção. No entanto, essas previsões só poderão ser confirmadas no segundo semestre.

No cenário internacional, os preços do café arábica na Bolsa de Nova York tiveram um aumento de 4,4% entre fevereiro e março, em resposta à preocupação com as condições climáticas. No Brasil, a alta foi mais modesta, com os preços subindo 0,8% no mesmo período, influenciada pela valorização do real.

O Que Esperar para 2025: Tendências e Considerações

Com base nas projeções atuais para o café e a laranja, é claro que ambos os mercados devem enfrentar um período de volatilidade nos próximos meses. Fatores como a oferta restrita e a valorização do real certamente continuarão a pressionar os preços, ao passo que o ritmo de consumo global também terá um papel importante.

• Se o consumo global de café não crescer tanto quanto se espera, poderemos observar uma leve queda nos preços.
• No caso da laranja, tudo depende primordialmente das condições climáticas nas semanas seguintes, um período crucial para o desenvolvimento da safra.

Por fim, é prudente que o consumidor se prepare para um aumento nos preços dos itens que são presença garantida nas mesas brasileiras – o café e a laranja. Quer seja na xícara ou no copo, as flutuações no mercado já estão impactando nosso cotidiano. E você, como irá se adaptar a essa realidade?