Último artigo do ano e é hora de refletir sobre os eventos de 2022 e projetar o que podemos esperar de 2023. Vamos lá!
No final de 2021, destaquei quatro segmentos para observarmos: WEB 3.0, DeFi 2.0, metaverso e NFTs. Embora esses temas tenham evoluído, o que marcou 2022 foram crises e desafios inesperados, que trouxeram um tom mais sombrio ao mercado.
2022: Um ano de reversão e aprendizado
Em muitos aspectos, 2022 reverteu a tendência positiva de 2021. Isso é visível nos preços dos criptoativos: Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e outros caíram significativamente. Porém, há uma distinção interessante ao analisarmos o desempenho de dois anos atrás. Enquanto o BTC está cerca de 40% abaixo do seu preço de dezembro de 2020, o ETH se encontra 90% acima do mesmo período.
Essa diferença pode ser explicada pela atualização da rede Ethereum, que migrou de proof of work para proof of stake em setembro de 2022. Essa mudança trouxe maior estabilidade de custos e abriu caminho para futuras melhorias, consolidando o ETH como a principal plataforma para a tão aguardada WEB 3.0.
Além disso, parece haver uma diferenciação crescente entre o papel do BTC e do ETH. O Bitcoin caminha para se firmar como reserva de valor e moeda descentralizada, enquanto o Ethereum se consolida como a plataforma principal para inovação tecnológica no ecossistema cripto.
Crises e lições do mercado cripto
Se por um lado 2022 trouxe avanços técnicos, também foi marcado por crises de grande escala. Entre os principais eventos, tivemos:
- O colapso da TERRA-LUNA em maio;
- A maior fraude até agora no mercado cripto: FTX;
- A derrocada de plataformas centralizadas como Celsius e 3 Arrows.
Essas crises reforçaram duas lições fundamentais:
- “Not your keys, not your money”: Custodiar seus próprios ativos é essencial, principalmente em um mercado ainda amplamente desregulado.
- Regulação é inevitável: A necessidade de regras claras para a gestão de recursos de terceiros ficou evidente. 2023 deve trazer maior foco regulatório não apenas em transações financeiras, mas também no que acontece com o dinheiro dentro do sistema.
A frase “Too Big to Fail” também foi colocada à prova. FTX, considerada uma gigante, demonstrou que ninguém está imune à queda. Esse aprendizado deve influenciar os próximos passos do mercado.
A institucionalização do mercado cripto
Por outro lado, 2022 foi um ano de avanços na integração entre o mercado cripto e o sistema financeiro tradicional. Instituições financeiras e empresas de pagamento começaram a explorar o potencial do blockchain e da tokenização, que se tornou o tema do momento. Este movimento deve ganhar ainda mais tração em 2023.
Os modelos de “real yields” e o crescimento das exchanges descentralizadas (DEX), especialmente no mercado de derivativos, também foram marcos importantes. Esses avanços apontam para um futuro em que ativos tradicionais e digitais serão negociados de forma mais integrada e descentralizada.
DAOs, seguros e CBDCs: tendências emergentes
Outro destaque de 2022 foi a evolução das Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs). Apesar de alguns casos problemáticos, como a stablecoin BEAN, as melhorias nas DAOs da MakerDAO e Uniswap mostram que este movimento está apenas começando.
O setor de seguros também começou a explorar modelos descentralizados de diversificação de risco, algo que deve ganhar tração em 2023.
Além disso, CBDCs e stablecoins continuaram a avançar. O Real Digital, do Banco Central do Brasil, é um dos projetos mais aguardados entre os países do G20 e deve trazer novidades importantes no próximo ano.
Perspectivas para 2023
Com base no que vimos, 2023 promete ser um ano desafiador, mas repleto de oportunidades. Algumas tendências a observar incluem:
- Maior foco regulatório: A atenção dos reguladores deve se expandir para englobar o uso do dinheiro dentro do ecossistema cripto, além das já conhecidas práticas de KYC e AML.
- Avanço da tokenização: A integração entre mercados financeiros tradicionais e cripto deve se intensificar.
- Crescimento das DEX e DAOs: Esses modelos continuarão a evoluir, especialmente no mercado de derivativos e seguros.
- Estabilização e consolidação: Após um ano de crises, o mercado buscará maior estabilidade, com foco em projetos mais sólidos e sustentáveis.
2022 não foi um ano fácil para o mercado financeiro como um todo, mas trouxe aprendizados valiosos. Como se diz nas startups, mercado bear é o melhor momento para desenvolver iniciativas que se tornarão vencedoras no futuro.
E, se há algo certo, é que essa onda vai virar. Que 2023 traga bons ventos para todos!