segunda-feira, agosto 4, 2025

Após Xi: O Futuro da China em Tempos de Mudança


O Futuro da China: A Era de Xi Jinping e o Desafio da Sucessão

Por mais de uma década, a política chinesa tem sido moldada por uma figura central: Xi Jinping. Desde que assumiu a liderança do Partido Comunista Chinês (PCC) em 2012, Xi consolidou seu poder, transformando-se em um líder autoritário. Ele reformulou a elite do PCC através de uma grande purga e combate à corrupção, restringiu a sociedade civil e reprimiu vozes dissidentes. Além disso, modernizou as Forças Armadas e revitalizou o papel do Estado na economia.

A Nova Era nas Relações Internacionais

A ascensão de Xi não apenas alterou a dinâmica interna da China, mas também redefiniu suas relações globais. Ele adotou uma política externa mais assertiva, intensificando os exercícios militares no Estreito de Taiwan e ampliando a presença militar no Mar do Sul da China. A diplomacia “guerreira lobística”, que inicialmente viralizou, teve sua força reduzida, mas ainda deixa sua marca nas interações com críticos internacionais. Mesmo após o início da guerra na Ucrânia, Xi se aproximou de Vladimir Putin, o que sinaliza uma nova era para a China – a era de Xi.

O Processo de Sucessão: Momento de Mudanças

É neste cenário que a China se prepara para uma transição de poder. Com os líderes do PCC em busca de um sucessor para o envelhecido Xi, que está com 72 anos, a política chinesa começa a se voltar para a questão da sucessão. A história mostra que, em regimes autoritários, essa fase é repleta de incertezas. Quando Xi substituiu Hu Jintao, rumores sobre tentativas de golpe e tensões políticas pairavam nas ruas de Pequim, um sinal das instabilidades que podem surgir.

Embora Xi tenha ainda vários anos pela frente, a busca por um sucessor determinado por legados políticos começa a moldar as decisões já neste momento. Líderes chineses sempre se preocuparam com suas heranças e buscam instalar pessoas que mantenham suas agendas. A obsessão de Mao Zedong em preservar a essência revolucionária da China após sua morte culminou na Revolução Cultural, uma fase tumultuada de reestruturação da liderança do PCC.

O Legado de Mao e os Desafios de Sucessão

Historicamente, a sucessão no PCC raramente é um processo tranquilo. Desde a fundação da República Popular da China em 1949, apenas um dos cinco antecessores de Xi, Hu Jintao, fez uma transição firme de poder. Mao, com seu poder absoluto, governou até o fim de sua vida, enquanto seus sucessores, como Hua Guofeng e Deng Xiaoping, enfrentaram desafios significativos para manter suas posições.

  • Mao Zedong: Governou até a morte, sem um plano claro de sucessão.
  • Hua Guofeng: Selecionado por Mao, mas desbancado rapidamente.
  • Deng Xiaoping: Mantinha influência mesmo após deixar cargos formais, mostrando que os líderes, mesmo aposentados, podem continuar a ter poder.

Xi provavelmente deseja seguir o modelo de Mao e Deng, buscando um sucessor que reproduza suas crenças políticas. Mas a história indica que apenas encontrar alguém com visões semelhantes não é suficiente. O candidato escolhido deve sobreviver a um ambiente político repleto de intrigas.

As Implicações da Sucessão na Política Externa

A luta pela sucessão não ficará restrita às fronteiras da China; seus efeitos podem se refletir nas relações internacionais. Xi é consciente de seu legado, e à medida que o tempo de sua liderança avança, essa pressão pode levá-lo a decisões mais arriscadas, especialmente em relação a Taiwan. Com planos para uma ação militar até 2027, qualquer sensação de apressamento por parte de Xi pode exacerbar os riscos de um conflito.

Por outro lado, nenhuma herança seria pior do que ser o líder que falhou em unificar Taiwan. As consequências de uma tentativa mal-sucedida podem ser devastadoras, levando a um isolamento internacional e a uma crise econômica em potência.

Preparando o Terreno para o Sucessor

A transição de poder é, sem dúvida, um campo minado. A escolha de um sucessor forte pode representar uma ameaça ao próprio Xi. Portanto, ele deve encontrar um equilíbrio entre fortalecer um líder e evitar que ele se torne uma figura autônoma.

Deng, por exemplo, teve que navegar nesse desafio, descartando sucessores antes de escolher Jiang Zemin, um líder mais controlável. Isso acentua a complexidade da escolha de Xi.

O Papel Decisivo do Exército

Um dos principais ingredientes do sucesso de qualquer sucessor é a relação com as Forças Armadas. O Exército Popular de Libertação (PLA) detém um grande poder nas dinâmicas do PCC e é essencial que Xi valide sua escolha junto aos militares. A confiabilidade do novo líder perante as Forças Armadas pode ser a diferença entre estabilidade e caos.

Entre as opções atuais, a maioria dos membros do Politburo é considerada velha demais para uma mudança de liderança. A geração mais jovem, como Chen Jining, secretário do partido em Xangai, poderia ser uma escolha, mas precisa ganhar mais tempo para se estabelecer.

Um Futuro Incerto

À medida que os rumores de crises políticas aumentam, a situação se torna mais frágil. A narrativa da sucessão é um reflexo do sentimento de incerteza política que permeia a China. O que está em jogo não é apenas a continuidade do PCC, mas também a própria imagem do país no cenário internacional.

Com Xi controlando o tempo de sua sucessão, a expectativa é de que ele encontre um sucessor que possa sustentar sua visão e plano. Adotar uma abordagem semelhante à de Deng, permitindo que a próxima geração cresça e se desenvolva, pode ser o caminho mais seguro.

Em última análise, o sucesso da transição depende de uma série de fatores, incluindo quem será o escolhido e como o novo líder será aceito pelo partido e pelo exército. A pesquisa revela que uma escolha acertada pode evitar uma 持继续 chaos e trazer um novo fôlego para a China no cenário mundial.

Ouvindo o Futuro

Portanto, enquanto os desafios de sucessão se aproximam, é crucial que observemos a China com atenção. As decisões que forem tomadas nesta próxima fase podem moldar o futuro da China e, inevitavelmente, impactar o mundo. Será que Xi vai encontrar um sucessor que perpetue sua visão ou abrirá espaço para uma nova abordagem na política chinesa?

Refletir sobre isso nos leva a pensar em como as transições de poder em regimes autoritários são mais do que uma questão interna; elas têm desdobramentos que ecoam por todo o mundo. O que poderá ser o legado de Xi? E como o mundo se preparará para o que está por vir?

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