O Extermínio Silencioso: A Coleta Forçada de Órgãos na China
Uma Chamada à Ação em Dia dos Direitos Humanos
Recentemente, em Haia, ativistas ressaltaram a urgência de que os países implementem legislação para proibir qualquer colaboração com a China no âmbito dos transplantes de órgãos. A declaração ocorreu em uma conferência que coincide com o Dia dos Direitos Humanos, abordando a alarmante questão da extração forçada de órgãos de indivíduos vivos, incluindo praticantes do Falun Gong e membros da minoria uigur, entre outros.
Durante um painel no evento, Kayan Wong, porta-voz da comunidade Falun Gong na Holanda, expressou a esperança de que o Parlamento holandês considere um projeto de lei inspirado na Lei de Proteção ao Falun Gong dos Estados Unidos. Este projeto, que já avançou na Câmara dos Deputados dos EUA, visa tomar medidas sérias contra a coleta forçada de órgãos na China, estabelecendo sanções para os responsáveis e impedindo que o país colabore na área de transplantes.
Exigências de Intervenção Imediata
Andreas Weber, médico e vice-diretor europeu da organização Doctors Against Forced Organ Harvesting (DAFOH), classificou a legislação proposta como uma resposta “equilibrada” e “inteligente” a essas graves violações dos direitos humanos. Ele apelou para que toda a colaboração em pesquisa e negócios com a China seja suspensa até que investigações independentes sejam conduzidas sobre as alegações de coleta forçada de órgãos.
O evento, co-organizado pela DAFOH e pela Global Human Rights Defence, marca o início de uma série de iniciativas na Europa, conforme mencionado por Dhir H. van Bommel, ex-integrante do Parlamento holandês.
Falun Gong: O Alvo Principal
O Contexto da Coleta Forçada de Órgãos
A coleta forçada de órgãos na China refere-se à prática de remoção de órgãos de prisioneiros de consciência sem consentimento, amplamente apoiada pelo Estado, que visa principalmente facilitar transplantes. Estudos já indicam que essa prática começou a ser relatada na década de 1990, mas ganhou proporções alarmantes a partir do ano 2000, especialmente em decorrência da intensificação da perseguição ao Falun Gong.
Spaço para o Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, surgiu na China em 1992, e foi inicialmente promovido como uma prática de saúde que combina meditação e princípios éticos. Contudo, a crescente popularidade — estimativas apontam para cerca de 70 milhões de praticantes — foi vista com receio pelo Partido Comunista Chinês (PCCh), que passou a considerar o movimento como uma ameaça.
O Relatório do Tribunal Independente
Em 2019, um tribunal independente com sede em Londres, presidido pelo juiz Geoffrey Nice, documentou a extensão das atrocidades cometidas pelo regime chinês, concluindo que o governo cometeu crimes contra a humanidade por meio da coleta forçada de órgãos de inocentes. As evidências apresentadas reforçaram que a maioria das vítimas eram praticantes do Falun Gong e que a prática estava ocorrendo em larga escala.
No julgamento final de março de 2020, o tribunal afirmou que não havia provas de que a coleta forçada de órgãos houvesse diminuído. Além disso, investigações posteriores revelaram que grupos étnicos minoritários, como o povo uigur, também estavam sendo vítimas dessa prática desumana.
Movimentos Legislativos Globais
Diversas legislaturas têm tomado medidas concretas para proteger seus cidadãos de viajarem à China para transplantes de órgãos. O Stop Forced Organ Harvesting Act, aprovado pela Câmara dos EUA em março de 2023, se tornar lei exigirá que o governo elabore relatórios anuais detalhando a situação da extração forçada de órgãos no exterior. Aqueles que forem encontrados envolvidos na prática poderão enfrentar severas penalidades monetárias e prisionais.
Em 2022, o Reino Unido também aprovou uma legislação que proíbe a compra, venda ou facilitação de transações relacionadas a órgãos humanos em qualquer lugar do mundo.
O Genocídio Silencioso
A Realidade das Atrocidades
Ao apresentar o relatório de 2024 da DAFOH, Weber caracterizou a coerção e assassinato de praticantes do Falun Gong como um “genocídio frio”. Ele descreveu um processo deliberado e lento pelo qual o PCCh busca eliminar a presença do Falun Gong, usando métodos que passam despercebidos pela maioria da população.
Weber enfatizou que essa execução em massa, respaldada por profissionais de saúde, resulta em um mercado de transplantes na China que se constrói "com o sangue e corpos de praticantes do Falun Gong perseguidos injustamente". A realidade é alarmante e exige um olhar mais atento e crítica da comunidade internacional.
Reflexões Finais
A situação de direitos humanos na China, particularmente a respeito da coleta forçada de órgãos, é um tema que não pode mais ser ignorado. O que está em jogo é a dignidade e a vida de muitos que se tornaram alvos de um regime opressor. À medida que as vozes contra essas práticas ganham força, é essencial que mais pessoas se engajem na luta por justiça e por uma ação global.
Os cidadãos, organizações e governos têm um papel vital em levar a discussão sobre os direitos humanos adiante. O que podemos fazer para ajudar a mudar essa realidade? A união de esforços pode ser a chave para impedir que atrocidades como a coleta forçada de órgãos continuem a acontecer. E é essencial que retornemos nossos olhos àqueles que estão sob a ameaça constante de perseguição e violência, buscando proporcionar a eles a voz e os direitos que merecem.
Mobilize-se, informe-se e converse sobre esses temas. A luta por dignidade humana é uma responsabilidade coletiva, e o primeiro passo começa com cada um de nós.