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Bialetti e seu Futuro Incerto
Famosa por ter criado a cafeteira moka, um verdadeiro símbolo do design industrial italiano, a Bialetti está passando por grandes mudanças. Recentemente, firmou um acordo com a NUO Capital, resultando na venda da empresa e na sua retirada do mercado de ações. Essa informação veio à tona na quarta-feira, dia 16, mas as negociações já eram conhecidas desde janeiro.
Quem é a NUO Capital?
A NUO Capital, uma empresa de investimento com sede em Luxemburgo, é controlada pela família Pao Cheng, uma das mais abastadas de Hong Kong. Essa movimentação no mercado levantou questões sobre o futuro da Bialetti, que, desde sua fundação, tem sido sinônimo de qualidade e tradição no mundo do café.
Desafios Recentes da Bialetti
A Bialetti não passou incólume pelas dificuldades do cenário econômico, especialmente durante a pandemia de Covid-19. Para tentar reverter sua situação, a empresa lançou uma estratégia de expansão com a abertura de lojas em shoppings e centros urbanos, mas os resultados ficaram aquém das expectativas. Além disso, a diversificação para utensílios de cozinha não obteve o sucesso desejado.
No ano de 2024, a empresa registrou um prejuízo de 1,1 milhão de euros (cerca de R$ 7,27 milhões), fechando o ano com uma dívida líquida ajustada de 81,9 milhões de euros (aproximadamente R$ 540 milhões).
Detalhes do Acordo de Venda
O acordo estipula que a NUO Capital adquiriu 78,6% das ações da Bialetti de seus atuais acionistas por 53 milhões de euros (cerca de R$ 350 milhões), com a conclusão da transação prevista para o final de junho. Após isso, será feita uma oferta pública para aquisição das ações restantes, com um preço mínimo estipulado de 0,467 euro por ação.
Esse valor representa um considerável prêmio em relação à cotação do mercado. Na terça-feira (15), as ações da Bialetti encerraram o dia em Milão a 0,279 euro, e na quarta-feira não chegaram a ser negociadas – estavam indicadas com uma alta de 50% por conta do anúncio.
Aprovações e Refinanciamento
A aquisição ainda depende da aprovação regulatória, incluindo a análise sob as regras de “poderes dourados”, que conferem ao governo italiano o poder de bloquear ou impor condições a aquisições corporativas. O acordo também contempla o refinanciamento das dívidas da Bialetti, que será realizado por meio de um empréstimo subordinado de até 30 milhões de euros (aproximadamente R$ 197,8 milhões) de instituições como Illimity e AMCO. Além disso, será concedido um empréstimo sênior de até 45 milhões de euros (R$ 296,7 milhões) por bancos como Banco BPM, BPER Banca e Banca Ifis.
A NUO Capital também pretende realizar uma injeção de capital de pelo menos 49,5 milhões de euros (R$ 226,4 milhões). O CEO Egidio Cozzi permanecerá no comando da Bialetti após a mudança de controle acionário, reforçando o compromisso dos novos investidores em honrar o legado do “Made in Italy”. A intenção é reposicionar a Bialetti no cenário internacional como um símbolo da cultura do café e do design atemporal.
A História de um Ícone do Café
O nome “moka” da famosa cafeteira tem origem em Mokha, uma cidade no Iémen que era um centro de comércio de café entre os séculos 16 e 19. Fundada em 1919 por Alfonso Bialetti, a Bialetti começou como uma pequena oficina de metalurgia em Crusinallo, Piemonte. Ao longo dos anos, a marca se transformou em um dos nomes mais respeitados e reconhecidos globalmente na indústria de café.
A verdadeira virada ocorreu em 1933, quando a Moka Express – uma cafeteira de alumínio que revolucionou a forma como o espresso é preparado em casa – foi lançada. Essa criação de Alfonso Bialetti não apenas trouxe uma inovação técnica, mas também se tornou um ícone estético. Utilizando a pressão do vapor de água, a Moka Express consegue extrair o melhor do café moído, tornando-se um símbolo do design funcional e elegante da época.
A Popularização da Moka Express
Na década de 1950, sob a liderança de Renato Bialetti, filho do fundador, a Moka Express começou a ganhar notoriedade mundial. Com uma abordagem focada no marketing, Renato alavancou a internacionalização da marca e introduziu o famoso personagem com bigode que simboliza a Bialetti – uma caricatura inspirada nele mesmo. O impacto foi tão grande que a Moka se tornou parte do acervo do MoMA, Museu de Arte Moderna de Nova York, sendo reconhecida como um exemplo do melhor design italiano.
Atuais Produtos e Inovações
Hoje, a sede da Bialetti está localizada em Coccaglio, na região da Lombardia. A empresa se diversificou e, além das tradicionais cafeteiras, désormais conta com uma gama de produtos que inclui modelos elétricos, cápsulas de café, utensílios de cozinha e até alimentos gourmet. Essa diversificação mostra que a Bialetti está empenhada em se manter relevante no mercado e em continuar a tradição de excelência que a caracteriza.
O Que Esperar do Futuro da Bialetti?
Com as mudanças recentes e a nova gestão através da NUO Capital, muitas questões permanecem no ar. Como a empresa enfrentará a concorrência no setor de cafés e utensílios de cozinha? Conseguirá manter seu legado enquanto se adapta às demandas do mercado contemporâneo? Esses são apenas alguns dos desafios que a Bialetti terá que superar para não apenas sobreviver, mas prosperar em um ambiente em constante mudança.
