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O Futuro do Agronegócio Brasileiro: Rumo à Bioeconomia
A população global projetada para 2050, que deverá chegar a cerca de 11 bilhões de indivíduos, traz à tona um desafio imenso: garantir segurança alimentar e energética em um mundo que busca se tornar mais sustentável. Isso implica em melhorar a produtividade do agronegócio brasileiro, que já enfrenta diversas tendências emergentes.
O Brasil, com suas robustas cadeias agroalimentar, agroenergética e de produtos não alimentares, está posicionado para desempenhar um papel crucial na transição da economia dependente de combustíveis fósseis para uma economia verde. Contudo, um aspecto ainda pouco discutido é a relevância dos produtos agrícolas não alimentares, um tópico que precisa ganhar mais destaque nas pautas do setor.
O Potencial da Produção Agropecuária
Atualmente, o mundo é abastecido com aproximadamente 10 bilhões de toneladas de produtos agropecuários, sendo 6 bilhões de toneladas destinadas a alimentos e 4 bilhões de toneladas a cadeias não alimentares, que incluem celulose, algodão e borracha. Esse impressionante mosaico é resultado do poder extraordinário da fotossíntese, particularmente nas regiões tropicais, elevando o Brasil à condição de protagonista na produção agrícola e de biocombustíveis.
No contexto dos investimentos em combustíveis sustentáveis para aviação (SAF, na sigla em inglês), é crucial desenvolver soluções mais eficazes. A transição de mentalidade do século XXI, que valoriza os recursos naturais, abre portas para a reconciliação entre os sistemas humanos e a natureza. Mesmo diante de desafios como protecionismo e ações unilaterais, o Brasil pode se beneficiar dessa nova perspectiva.
A Transição para a Bioeconomia
Com o crescimento projetado dos produtos não alimentares, espera-se que os 4 bilhões de toneladas citados anteriormente aumentem exponencialmente. No passado recente, em 2023, a produção a partir de combustíveis fósseis atingiu seu pico histórico, resultado do desejo de países emergentes de alcançar padrões de vida semelhantes aos de nações desenvolvidas.
Atualmente, o Brasil destaca-se como o maior fornecedor global de proteína animal, uma cadeia produtiva complexa que abrange soja, milho e cana-de-açúcar. Esta autossuficiência transforma o país em um influente formador de preços no mercado mundial de carnes, uma posição que provoca inquietação entre outros países produtores.
Inovação e Tecnologia na Agricultura
O chamado “fenômeno chinês” catalisou mudanças profundas com o uso de tecnologia e inovação, impulsionando as transformações necessárias em um setor agrícola que, no século passado, apresentava pouco valor agregado. Desde então, a produtividade do agronegócio brasileiro se intensificou, impactando positivamente a balança comercial nacional.
Por meio da bioeconomia, novos métodos de bioenergia ganharam destaque, como a produção de metano, biogás e biometano, além do biodiesel e óleos vegetais, que se consolidam como alternativas competitivas no Brasil. O conceito de bioeconomia, atualmente em voga nas inovações da Europa, EUA e China, reflete a crescente demanda por bioprodutos e indústrias de bioderivados.
Indústria Verde em Ascensão
Não estamos mais falando de ideais românticos sobre um futuro sustentável; vivemos a realidade de um novo mundo marcado por recordes de produção e a emergência de produtos e serviços inovadores tanto no campo quanto nas áreas urbanas. O Brasil, com seu imenso potencial natural, abraça a chamada “bio-competitividade”, que englobará todo o complexo produtivo do agronegócio, abrangendo desde preços até produtividade industrial.
O agronegócio brasileiro está alinhado com as tendências globais e pronto para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem. Contudo, é vital que a construção de uma visão de futuro promova um debate amplo e qualificado sobre as direções que podemos seguir.
Pensamentos Finais
À medida que avançamos neste caminho em direção à bioeconomia, fica evidente que o Brasil possui o que é necessário para liderar essa transformação. A união de inovação, tecnologia e uma gestão sustentável pode levar o agronegócio a patamares nunca antes imaginados. Que possamos, como sociedade, refletir sobre essas questões e contribuir para um futuro mais sustentável e próspero para todos.