A Ascensão da Piscicultura no Brasil: Por Que Estamos Comer Mais Peixe?

Um Setor em Expansão

Nos últimos anos, o Brasil tem presenciado um crescimento notável na piscicultura, transformando-se em uma atividade crucial para o agronegócio do país. Em 2024, a produção de peixes de cultivo alcançou impressionantes 968.745 toneladas, marcando um avanço de 9,21% em comparação ao ano anterior. Este aumento é o mais significativo dos últimos dez anos e evidencia a capacidade de adaptação do setor em tempos de incerteza, como variações de preço e oscilações econômicas.

Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), afirma com otimismo: “Os brasileiros estão cada vez mais valorizando os nossos peixes. A tilápia, por exemplo, já é uma presença obrigatória nas mesas de muitas famílias.”

A Tilápia em Alta

O Líder da Produção

Em termos de produção, a tilápia se destaca como a grande protagonista, representando 68,36% da produção total de peixes cultivados no Brasil. Com um crescimento de 14,36% ao produzir 662.230 toneladas em 2024, o aumento é impulsionado pelo desenvolvimento em estados como Paraná, São Paulo e Minas Gerais, que superaram a média nacional. Medeiros ressalta: “A tilápia já é a principal proteína de cultivo do país e tem potencial para continuar crescendo.”

Exportações Crescentes

As exportações de tilápia também refletem o sucesso deste setor. Em 2024, as vendas ao exterior dobraram e chegaram a 12.463 toneladas, com uma receita total de US$ 55,65 milhões, sendo os Estados Unidos o principal mercado consumidor, absorvendo 94% das exportações. “Nos tornamos o segundo maior exportador de filé fresco de tilápia para os EUA, superando Honduras e Costa Rica. Com menos burocracia e mais investimento, podemos liderar o mercado nos próximos anos,” projeta Medeiros.

Desafios e Oportunidades

Apesar do crescimento, a piscicultura enfrenta desafios estruturais, como a concorrência com a importação de tilápia do Vietnã, que criou preocupações entre os produtores no início de 2024. Após intensas negociações, esse risco foi mitigado. Outro obstáculo significativo é a burocracia: a aprovação do Projeto de Lei 4.470/2024, que tramita no Senado, tem o potencial de simplificar o licenciamento da atividade aquícola, fomentando ainda mais o setor.

O Que Está Acontecendo com os Peixes Nativos?

Enquanto a tilápia brilha, a produção de peixes nativos, como tambaqui, curimatá e pacu, enfrentou uma queda de 1,81%, totalizando 258.705 toneladas em 2024. Essa desaceleração se deve, em grande parte, à infraestrutura e à logística na região Norte, que impactam diretamente a produtividade. Contudo, a rentabilidade do setor foi positiva, impulsionada por uma valorização nos preços ao longo do ano.

Curiosamente, as exportações de curimatás dispararam 437%, gerando US$ 1,25 milhão, enquanto o pacu viu um crescimento extraordinário de 5.570%, alcançando US$ 757 mil. Medeiros menciona: “Há um mercado internacional crescente para os peixes nativos, mas precisamos fortalecer a nossa cadeia produtiva para atender a essa demanda.”

O Paraná em Evidência

Entre os estados, o Paraná destacou-se como o maior produtor de peixes de cultivo do Brasil, com uma produção de 250.315 toneladas, aumento de 17,35% em relação a 2023. O modelo cooperativista e os investimentos em tecnologia foram fundamentais nesse avanço. “O Paraná é um exemplo de como organização e planejamento podem impulsionar a piscicultura,” afirma Medeiros.

Outras regiões também vêm se destacando: Minas Gerais registrou um crescimento de 18,18%, Mato Grosso do Sul 18,77%, e o Maranhão apresentou um salto espetacular na produção de pangasius, com um crescimento de 74%.

O Futuro Promissor da Piscicultura

As perspectivas para 2025 são animadoras. O aumento do consumo interno, impulsionado pela percepção de que os peixes de cultivo são uma alternativa saudável e sustentável, promete continuar a contribuir para a expansão do setor. Ademais, oportunidades de mercado no exterior apontam para um futuro promissor.

Medeiros enfatiza: “É essencial fortalecer nossa base produtiva e explorar novos mercados. A piscicultura possui um futuro brilhante, e depende de nossa capacidade de aproveitar esse momento favorável.”

Considerações Finais

Estamos vivendo uma era em que o peixe volta a ser uma estrela na mesa dos brasileiros. A exploração de diversas espécies e a valorização de produtos nacionais evidenciam como a piscicultura pode ser um pilar sólido do agronegócio. Com um cenário otimista pela frente, cabe a todos nós – consumidores, produtores e empresários – apoiar e celebrar essa transformação.

Ao refletirmos sobre a evolução e as potencialidades do setor, que tal considerar a inclusão do peixe em suas refeições? Vamos juntos contribuir para um futuro mais saudável e sustentável, cheio de refeições saborosas e nutritivas. Quais são suas opiniões sobre a piscicultura e o lugar do peixe na sua dieta? Não hesite em deixar seus comentários e compartilhar suas experiências!