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Em um cenário em que a demanda por milho no Brasil está em ascensão, impulsionada principalmente pela indústria de etanol, as perspectivas para a produção da próxima safra (2024/25) revelam um crescimento que pode ser insuficiente para atender essa demanda crescente. De acordo com o Rabobank, o aumento nas importações de milho é uma possibilidade concreta para o país, uma vez que as estimativas de colheita não podem acompanhar o consumo.
Expectativas de Produção e Consumo
A projeção para a colheita de milho no Brasil, que depende de condições climáticas favoráveis, é de um crescimento de 3 milhões de toneladas, totalizando 126 milhões de toneladas. Por outro lado, o consumo nacional deve aumentar em 5 milhões de toneladas, atingindo 91 milhões de toneladas. Segundo Marcela Marini, analista da área de grãos e oleaginosas no Rabobank, essa discrepância pode provocar impactos nas exportações e importações do grão.
Impactos nas Exportações
Esse cenário leva a uma provável redução nas exportações brasileiras, que têm se mantido como o segundo maior exportador global de milho, com a previsão de queda de cerca de 3 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, esta situação deve ampliar o espaço para importações, incluindo de países fora do Mercosul, como os Estados Unidos, um dos maiores fornecedores globais.
Preço e Estoques
Os preços do milho no Brasil estão atualmente cerca de 40% mais altos em comparação ao mesmo período do ano passado, com o valor da saca de 60 kg em torno de 85 reais. Esse aumento é atribuído a estoques mais baixos com os quais o Brasil iniciou 2025. Marini aponta que, em um mercado interno descolado, pode surgir a oportunidade para importações adicionais de milho, especialmente se o preço se tornar mais competitivo.
Histórico de Importações
Normalmente, o Brasil tem importado cerca de 2 milhões de toneladas de milho anualmente nos últimos cinco anos. Em 2024, essa importação atingiu 1,6 milhão de toneladas, proveniente praticamente apenas do Paraguai, realizado em grande parte via rodovias que atendem o mercado do Paraná. Contudo, as importações em 2025 podem incluir volumes vindos da Argentina.
- Importadores típicos: grandes empresas de processamento de carnes, como frango e suínos.
- Volume de importação pode aumentar se a “conta fechar” economicamente para operações de compra.
O Papel dos Estados Unidos
Com a expectativa de uma ampliação na área plantada de milho nos Estados Unidos em 2025, a isenção de tarifas anunciada pelo governo brasileiro poderá facilitar novas importações desse país. Historicamente, o Brasil tem importado milho dos EUA quando surgem oportunidades, e a situação atual de estoques baixos pode favorecer esse cenário. As previsões indicam que, ao final de dezembro, os estoques de milho no Brasil estarão 5% abaixo do que nos anos anteriores.
Demanda Interna e Exportações
A demanda adicional da indústria de etanol de milho, estimada em 24 milhões de toneladas, juntamente com a necessidade da indústria de ração e carnes, está sustentando o consumo. Assim, o Rabobank prevê que as exportações de milho do Brasil devem cair de quase 39 milhões de toneladas em 2024 para 36 milhões em 2025.
Reflexões Finais
Na verdade, o futuro do milho no Brasil é um misto de desafios e oportunidades. A necessidade de se adaptar a um mercado em constante mudança, seja por meio da produção local ou da importação, será vital para atender tanto a demanda interna quanto as demandas internacionais. Nesse contexto, a ênfase em práticas de cultivo sustentáveis, a gestão eficaz dos estoques e as negociações justas com os fornecedores internacionais se tornam ainda mais essenciais.
Portanto, com um sistema complexo de produção e consumo, os próximos anos serão decisivos para o Brasil no cenário global do milho. Os investidores e consumidores devem ficar atentos às mudanças e se preparar para novas dinâmicas no mercado.