O Crescente Interesse por Ativos Brasileiros no Cenário Global
Nos últimos tempos, o apetite de investidores internacionais por ativos brasileiros tem ressurgido. Contudo, uma certa prudência persiste, especialmente diante da rápida valorização dos ativos e das incertezas relacionadas à política econômica e às taxas de juros. Essa análise vem de relatórios elaborados pelo Bradesco BBI e pelo JPMorgan, apresentados ao mercado recentemente.
O Fluxo de Investimentos e a Dinâmica do Mercado
Após uma série de reuniões com clientes nos Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, o Bradesco BBI notou uma movimentação de capital crescente em direção à América Latina. Esse movimento é impulsionado por dois fatores principais: o medo de ficar fora de oportunidades de mercado (FOMO) e uma rotação global de investimentos para lugares considerados baratos.
O Estresse Pós-Traumático dos Mercados Emergentes
Apesar do interesse, os investidores ainda carregam um histórico de receios sobre os mercados emergentes, especialmente devido ao desempenho fraco observado nos últimos 15 anos. Essa hesitação é o que o Bradesco BBI apelida de “estresse pós-traumático” (PTSD). Para os especialistas, a combinação entre as taxas de juros e as eleições no Brasil se destaca como o motor desse novo ciclo de investimentos.
Fatores Motivadores Importantes
- Ciclo de Juros e Eleições: As mudanças nas taxas de juros somadas à política eleitoral estão moldando expectativas.
- Descontos em Ações e Câmbio: O valor das ações e da moeda brasileira está, atualmente, em níveis atrativos.
- Contexto Global Favorável: Um ambiente internacional que favorece investimentos em economias emergentes.
De fato, o índice MSCI Brazil, que acompanha o desempenho das maiores ações do país, subiu 24% neste ano. Essa recuperação foi impulsionada pela diminuição das preocupações com questões fiscais e pela posição estratégica do Brasil no embate comercial entre os Estados Unidos e a China.
O Papel da Selic e a Oportunidade para o Investidor
Atualmente, a taxa básica de juros, Selic, está em 14,75%. Enquanto muitos a veem como um obstáculo para a valorização dos ativos, também representa uma oportunidade. O ciclo de aperto monetário está se aproximando do fim, e os sinais de desaceleração do PIB e da inflação criam um cenário onde a estabilidade na política monetária parece iminente, podendo resultar em cortes sucessivos nas taxas.
Os juros reais no Brasil são os mais altos entre as principais economias do mundo. Isso, por um lado, eleva o custo de capital, mas, por outro, atrai investidores que não são tão impactados por esse fator, especialmente aqueles que comparam o Brasil a outros mercados emergentes.
Mudanças no Fluxo de Capital Estrangeiro
A mudança no fluxo de investimentos já é perceptível. Os ETFs (fundos negociados em bolsa) brasileiros reportaram dois meses consecutivos de captação positiva. O Brasil está se destacando como o segundo maior destino de investimentos em ações emergentes, impulsionado por gestores globais que atuam como compradores marginais, buscando as melhores oportunidades.
Entretanto, a realidade é um pouco diferente para os fundos locais, que ainda enfrentam saídas líquidas. Isso se deve à preferência dos investidores brasileiros por produtos de renda fixa que oferecem isenção fiscal e continuam em alta.
Oportunidades e Perspectivas na Região
O Bradesco continua otimista com a Argentina, mantendo uma recomendação de “overweight” para as ações do país. Essa escolha é respaldada por:
- Melhoria nos Lucros: Expectativa de aumento nos resultados de empresas.
- Reformas Econômicas: Iniciativas governamentais que visam estabilizar a economia.
- Inclusão no Índice MSCI: A possibilidade de acesso a novos fluxos de investimento.
Enquanto isso, o México é considerado neutro, mas suas políticas relacionadas ao fenômeno do nearshoring tornam o cenário interessante. O Chile, com suas eleições presidenciais marcadas, cria um ambiente propício para reprecificação, dependendo da mudança de governo.
O Que o JPMorgan Está Observando?
A análise do JPMorgan aponta que o mercado brasileiro se mostrou mais tolerante às notícias fiscais negativas em 2023. Essa mudança na percepção se deve à crise fiscal anterior, onde a deterioração dos preços impactou severamente. Agora, mesmo após medidas governamentais, como subsídios à energia e incentivos educacionais, os ativos locais mostram uma resiliência que não era esperada.
O Impacto das Eleições Presidenciais de 2026
Com a aproximação das eleições presidenciais de 2026, os investidores estão cada vez mais atentos ao cenário político. Pesquisas recentes indicam que figuras como Tarcísio de Freitas, do grupo de Jair Bolsonaro, estão se tornando nomes significativos na corrida eleitoral. Essa situação pode movimentar os preços dos ativos brasileiros nos próximos 12 a 18 meses.
Dados Importantes das Pesquisas:
- Tarcísio apresenta baixa taxa de rejeição e um crescimento na intenção de voto.
- Em um possível segundo turno contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ambos os candidatos aparecem em empate técnico, aumentando a expectativa de volatilidade no mercado.
A análise do JPMorgan sugere que essas questões eleitorais poderão ter um impacto significativo na definição dos preços das ações e na cotação do câmbio.
Reflexões Finais
O renascimento do interesse por ativos brasileiros é um sinal de que o otimismo está começando a prevalecer, mesmo em meio a incertezas. Investidores que adotam uma postura cautelosa podem encontrar oportunidades valiosas, especialmente em um ambiente de mudanças políticas e ajustes econômicos.
Diante de um cenário que está constantemente mudando, é fundamental para os investidores se manterem informados e prontos para agir. E você, o que acha dessas mudanças? Acredita que o Brasil está se posicionando de maneira favorável nesse novo ciclo econômico? Compartilhe suas impressões e vamos continuar essa conversa!




