O Brasil se destacou em 2024 ao se tornar o maior exportador mundial de algodão, um marco significativo para a fibra que não apenas brilhou nas passarelas do São Paulo Fashion Week, mas também conquistou novos mercados internacionais. Os investimentos em tecnologia e práticas sustentáveis foram cruciais para essa conquista, com 82% do algodão brasileiro possuindo certificação socioambiental pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e também dando início ao licenciamento do Better Cotton. Além disso, a totalidade da produção é rastreada, o que agrega maior valor e confiança ao produto.
No ano anterior, o Brasil registrou um faturamento de impressionantes US$ 5,2 bilhões (cerca de R$ 31,8 bilhões) com a exportação de 2,8 milhões de toneladas de algodão não cardado e não penteado. Os principais países que importaram a fibra brasileira foram:
- China: US$ 1,7 bilhão (R$ 10,4 bilhões)
- Vietnã: US$ 1 bilhão (R$ 6 bilhões)
- Bangladesh: US$ 604,4 milhões (R$ 3,7 bilhões)
- Paquistão: US$ 519,9 milhões (R$ 3,1 bilhões)
- Turquia: US$ 460,9 milhões (R$ 2,8 bilhões)
Em uma entrevista à Forbes Agro, Gustavo Piccoli, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), compartilhou suas expectativas para o futuro da produção de algodão no Brasil.
Perspectivas para 2025
As previsões da Abrapa indicam um crescimento de cerca de 5,8% na produção de algodão em 2025, passando de 3,69 milhões de toneladas para 3,91 milhões de toneladas. Além disso, a área cultivada deve aumentar 6,6%, alcançando 2,12 milhões de hectares.
A produtividade para a safra 2025, embora ainda incerta, é projetada para ser ligeiramente inferior (-0,7%) à safra anterior, que registrou uma média de 1.844 kg por hectare. Essa leve queda não diminui as expectativas positivas para o setor, que continua a se reinventar e a se adaptar às novas demandas do mercado.
Inovação e Sustentabilidade na Indústria do Algodão
O programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) se destaca como um dos pilares da sustentabilidade no agronegócio. Para a safra 2023/24, 82% da produção de algodão nacional veio de propriedades auditadas, reforçando o compromisso do Brasil com práticas agrícolas ecológicas e socialmente responsáveis.
Uma iniciativa promissora que surgirá em 2024 é a colaboração entre a Abrapa, a Embrapa, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Bayer. Este projeto inovador visa desenvolver perfis ambientais e quantificar as pegadas de carbono do algodão em suas diferentes formas, como caroço, pluma e óleo. Com duração de dois anos, o projeto busca criar referências que possam guiar e melhorar a produção nacional usando metodologias de avaliação reconhecidas globalmente, como a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV).
No que diz respeito à inovação tecnológica, ações como o projeto SouABR permitirão uma rastreabilidade completa das coleções de moda, desde a semente até o vestuário, através da tecnologia de blockchain. Desde o lançamento do projeto piloto em 2021, em parceria com a varejista Reserva, até a criação de uma coleção feminina com a Renner em 2022, o consumidor pode usar seu celular para acessar informações detalhadas sobre cada peça, promovendo maior transparência e engajamento.
Desafios do Setor de Algodão em 2025
Apesar das conquistas, o setor ainda enfrenta desafios significativos. A queda nos preços da fibra, que estavam em torno de USDc 85/lb no início de 2024, mas atualmente oscilam abaixo de USDc 70/lb, compromete as margens de lucro dos produtores. O aumento na produção e nas exportações também pressiona a infraestrutura logística, particularmente o Porto de Santos, responsável por quase 100% das exportações. A diversificação dos pontos de embarque, como com a recente inclusão do Porto de Salvador, é essencial para atender à crescente demanda.
Além disso, o algodão enfrenta uma dura concorrência das fibras sintéticas, que dominam o mercado têxtil. Para reverter essa situação, é crucial promover uma conscientização sobre os benefícios do algodão. Este material, natural e biodegradável, está alinhado com as demandas contemporâneas por produtos sustentáveis, mas tem perdido espaço para alternativas menos ecológicas.
Expectativas para as Exportações
De acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), as projeções para a safra 2024/25 indicam que o Brasil deve manter o status de maior exportador mundial de algodão, com exportações estimadas na faixa de 2,8 milhões de toneladas. O foco será expandir a participação em mercados que já consomem o algodão brasileiro, como o Egito, que vem se mostrando um importador crescente desde que abriu suas portas para a fibra nacional no início de 2023.
A combinação de estratégias de sustentabilidade, inovação tecnológica e expansão de mercados coloca o Brasil em uma posição privilegiada no cenário global do algodão. A jornada pela excelência e a resiliência dos produtores contribuíram para transformar o Brasil em um líder de mercado, e a expectativa é que esse movimento continue, promovendo um futuro mais verde e sustentável para a indústria.
Estamos em um período emocionante no setor do algodão, e é fundamental que continuemos a apoiar ações que valorizem a qualidade e a sustentabilidade. Você já parou para pensar sobre o impacto que suas escolhas de compras têm no mundo? A mudança começa com a conscientização e, juntos, podemos transformar o futuro desse setor tão importante. Compartilhe suas opiniões e reflexões nos comentários!