Os contratos futuros do café arábica na ICE (Intercontinental Exchange) alcançaram sua cota mais elevada em 13 anos nesta quinta-feira, 14 de setembro. Essa valorização ocorre em um momento em que os investidores estão reavaliando suas expectativas em relação à safra do ano que vem no Brasil — líder global na produção dessa commodity — e intensificando suas preocupações sobre a colheita no Vietnã, o maior produtor do café robusta.
É interessante notar que, embora o robusta, tipicamente utilizado para café instantâneo, e o arábica, que é preferido para blends torrados e moídos, sejam diferentes, eles são, em certa medida, intercambiáveis. Isso significa que uma escassez de um deles tende a aumentar a demanda pelo outro, refletindo diretamente nos preços.
Avaliando o cenário nas plantações
Um corretor no Brasil, que acompanha de perto as plantações de arábica desde março, fez uma recente visita às fazendas e observou, mesmo após as chuvas, uma diminuição no potencial produtivo. Ele destacou que várias plantas estão apresentando mais folhas novas do que frutos.
“Essa situação não se aplica a todas as fazendas, mas não posso me permitir ter uma visão otimista quando uma propriedade que eu esperava que fosse promissora está mostrando sinais de baixa produtividade”, ressaltou o corretor.
Os comerciantes brasileiros também indicaram que os preços físicos do café arábica estão em alta, impulsionados pela redução dos estoques e pelas incertezas sobre a safra seguinte. “Apesar das chuvas recentes, a umidade do solo permanece abaixo do ideal”, afirmaram os comerciantes.
Valores e previsões do mercado
Na última quinta-feira, o café arábica para março encerrou com um aumento significativo de 8,2 centavos, ou seja, 3%, atingindo 2,794 dólares por libra-peso. Esse valor é o mais alto desde o início de setembro de 2011, quando chegou a 2,85 dólares. Por outro lado, o café robusta para janeiro subiu 145 dólares, correspondente a 3,1%, alcançando 4.777 dólares por tonelada, a maior cotação em um mês.
Vale destacar que as tempestades recentes atrasaram a colheita no Vietnã. As chuvas continuam a ser motivo de preocupação, conforme afirmaram comerciantes na região cafeeira. Eles já haviam indicado à Reuters que a safra desta temporada pode apresentar uma queda de até 10%, o que representaria a menor colheita em uma década.
A BMI, divisão da Fitch Solutions, revisou suas expectativas para o preço médio dos futuros de café arábica em 2025, aumentando a previsão de 1,90 para 2,15 dólares por libra-peso — um dos valores nominais médios anuais mais altos já registrados, segundo a empresa.
“Com os próximos ciclos de produção no Brasil e no Vietnã enfrentando desafios, parece que o mercado de café continuará a se apertar em 2025”, concluiu a BMI.
Outras commodities em alta
O modo como o mercado se comporta não diz respeito apenas ao café. Outras commodities também estão registrando altas. Por exemplo, o cacau para março em Londres subiu 446 libras, ou 7,1%, para 6.769 libras por tonelada, atingindo uma alta em quatro meses. O cacau março em Nova York também viu um avanço, com um aumento de 535 dólares, totalizando 8.506 dólares por tonelada.
Além disso, o açúcar bruto para março subiu 0,39 centavos de dólar, representando 1,8%, e fechou a 21,56 centavos de dólar por libra-peso. O açúcar branco para dezembro também subiu, com um acréscimo de 7,10 dólares, ou 1,3%, para 545,30 dólares por tonelada.
Perspectivas e considerações futuras
É claro que o futuro do mercado de café e outras commodities depende de vários fatores, incluindo clima, condições econômicas e a dinâmica de oferta e demanda. A situação no Brasil e no Vietnã é um excelente lembrete da importância de estar atento às tendências e mudanças no setor.
Além disso, a relação entre os diferentes tipos de café — arábica e robusta — evidencia como as flutuações em um setor podem impactar o outro, mostrando que, mesmo em uma esfera tão específica quanto a do café, há um jogo mais amplo em operação.
Para os investidores e interessados no mercado de commodities, o momento é de cautela e atenção. O que será que o futuro reserva? Estará o aumento nos preços de café arábica se traduzindo em melhores colheitas em 2025? As respostas a essas perguntas moldarão o panorama para produtores, comerciantes e consumidores.
Se você estiver curioso sobre como essa dinâmica afeta o que chega à sua xícara de café pela manhã, fique atento. Mantenha-se informado e participe da conversa sobre o café e suas nuances, seja comentando aqui abaixo ou compartilhando suas próprias experiências e conhecimentos sobre o tema.