KFC e IMC: Um Novo Capítulo nas Operações de Fast-Food no Brasil
A rede de fast-food KFC, famosa pelo seu frango frito, representa uma fatia significativa do faturamento da International Meal Company (IMC), franqueadora master da marca no Brasil. Em 2024, a IMC reportou um faturamento líquido de R$ 2,2 bilhões, sendo que cerca de R$ 400 milhões desse valor vieram exclusivamente das vendas do KFC. Com 230 unidades em operação no Brasil, a preferência dos consumidores tem se inclinado mais para os sanduíches do que para os tradicionais baldes de frango.
Mudanças à Vista: Venda do Controle do KFC
A IMC está no processo de vender o controle da operação do KFC, com a conclusão prevista para o terceiro trimestre deste ano. Essa mudança promete impactar diretamente o faturamento e os resultados operacionais da IMC, mas a empresa já está preparando o terreno. O objetivo é que, mesmo na posição de acionista minoritário, a IMC continue a colher os benefícios do desempenho da rede enquanto trabalha para diminuir sua dívida e encontrar espaço para expandir outras marcas.
O CEO da IMC, Alexandre Santoro, destacou que, apesar do momento de transição, a visão está voltada para o crescimento de marcas como Frango Assado. A nova unidade, recentemente inaugurada em Guararema, na Via Dutra – conexão vital entre São Paulo e Rio de Janeiro – representou um investimento de R$ 5 milhões e é um exemplo do potencial de crescimento que a IMC ainda possui, mesmo em um cenário de restrições financeiras.
Oportunidades de Crescimento
O Frango Assado, que opera de forma diferente do KFC — não utilizando franquias e sendo mais intensivo em capital —, ainda tem espaço para expansão. Santoro menciona que o crescimento tem sido contido devido à falta de alocação adequada de capital, um fator que pode mudar com a venda do controle do KFC. "Esse negócio nos permitirá fazer mais coisas com Frango Assado", afirmou o CEO.
Novos Horizontes com a Kentucky Foods Chile
A Kentucky Foods Chile adquiriu o controle do KFC no Brasil por US$ 35 milhões, mantendo a IMC com uma participação minoritária de 41,7% e um assento no conselho da nova joint venture. O controle financeiro e estratégico sobre a expansão da marca ficará a cargo dos chilenos, que já possuem uma vasta operação com mais de 500 lojas do KFC na América Latina.
Santoro observa que, ao não precisar mais alocar capital na operação do KFC, a IMC pode reduzir seu investimento praticamente pela metade. Essa mudança permitirá um foco renovado em outras operações e na liquidez da empresa.
Novas Estratégias de Expansão
Sob o novo controle, o KFC se prepara para explorar modelos de lojas localizadas fora de shoppings, numa tentativa de captar um público maior. As unidades na rua, apesar de exigirem investimentos iniciais mais altos, tendem a oferecer um retorno financeiro melhor, com mais espaço e horários de funcionamento mais flexíveis. O modelo de drive-thru, por exemplo, é uma das inovações que podem melhorar as vendas.
Frango Assado: Expansão e Conversão
A IMC adota estratégias criativas para expandir o Frango Assado. Por meio da conversão de lojas, a empresa consegue reduzir consideravelmente os custos de expansão. A nova loja na Via Dutra aproveitou as estruturas de uma unidade anterior, economizando em adaptações físicas e permitindo a criação de uma nova identidade visual com um capex mais acessível.
“Já existiam estacionamento e banheiros. O nosso trabalho foi adaptar o espaço e reformular a identidade visual da marca”, explica Santoro, evidenciando o potencial dessa abordagem para futuras aberturas.
Resultados Financeiros e Perspectivas Futuras
Em 2024, o Frango Assado faturou R$ 637,4 milhões, com um EBITDA de R$ 94,5 milhões, apresentando uma alta de 5% em comparação ao ano anterior. Esses números ilustram a robustez da marca mesmo diante de um cenário econômico desafiador.
Foco na Redução da Dívida
Embora a IMC tenha planos ambiciosos de expansão, a prioridade permanece em reduzir a dívida da empresa. No final de 2024, a dívida líquida somava R$ 360,7 milhões — um aumento de 22,1% em relação ao ano anterior. A alavancagem, medida pela relação com o EBITDA, ficou em 2,4 vezes, indicando uma necessidade de ajustes financeiros.
“Ao diminuir nosso endividamento, teremos mais liberdade para investir em Frango Assado ou até mesmo em outras marcas. Vamos ser conservadores enquanto as taxas de juros estiverem altas”, ressalta o CEO.
Um Olhar Para o Futuro
Santoro, que está na liderança da IMC há quatro anos, direcionou sua gestão para uma disciplina financeira rigorosa. Ele mencionou que a venda do controle do KFC não deve ser vista apenas como um desinvestimento, mas como uma oportunidade de aceleração do crescimento. “É uma ótima solução num cenário de juros altos, ter um parceiro para colaborar”, acrescenta, afirmando que a joint venture será capitalizada pelo novo sócio.
À medida que a IMC avança sob essas novas diretrizes, a expectativa é que a participação da empresa na joint venture, mesmo diluída, se valorize com o tempo, beneficiando todos os envolvidos.
Reflexões Finais
As mudanças que estão acontecendo na estrutura da IMC e do KFC no Brasil são um exemplo claro de como a estratégia e a inovação podem andar de mãos dadas em um mercado competitivo. A abordagem proposta pelo CEO Alexandre Santoro apresenta um caminho interessante para a exploração de novas oportunidades e a mitigação de riscos, ao mesmo tempo em que fortalece a marca Frango Assado para o futuro.
Você, leitor, o que pensa sobre essas transformações no setor de fast-food? Acha que a estratégia de conversão de lojas é o futuro das operações de restaurantes? Compartilhe suas opiniões e reflexões sobre o assunto.