Documentos recentemente divulgados no âmbito de um processo envolvendo a ByteDance, a empresa-mãe do popular aplicativo TikTok, sugerem que a companhia não apenas conhece os riscos associados ao uso do aplicativo por crianças, mas também incentiva ativamente esse público a utilizá-lo. Essa informação veio à tona em uma reportagem exclusiva da NPR, que se alinha a investigações anteriores já publicadas pela Forbes.
Os documentos, revelados pela Rádio Pública de Kentucky, contêm resumos de pesquisas internas e comunicações entre executivos do TikTok que discutem como gerenciar crises e melhorar a plataforma. Essas descobertas fazem parte de uma ação legal iniciada recentemente pelo procurador-geral do Kentucky, decorrente de uma investigação de dois anos que abrange múltiplos estados dos EUA sobre as práticas do TikTok.
Questões Delicadas em Foco
Uma investigação realizada em 2022 pela Forbes já havia alertado que a plataforma de transmissões ao vivo do TikTok se tornava um ambiente potencialmente nocivo para crianças e adolescentes. Um dos executivos da empresa chegou a admitir que “um grande desafio no negócio de transmissão ao vivo é que o conteúdo mais envolvente não é o que queremos em nossa plataforma”, conforme citado pela NPR.
A Profundidade das Pesquisas Internas
Os documentos em questão também revelam que altos executivos do TikTok estavam cientes do poder viciante do aplicativo. As pesquisas internas indicam que, em menos de uma hora, um usuário pode desenvolver dependência do TikTok. Além disso, o uso contínuo da plataforma tende a provocar efeitos prejudiciais à saúde mental, como:
- Perda de habilidades analíticas
- Dificuldades na formação de memória
- Interferência na qualidade do sono
- Dificuldade em realizar tarefas cotidianas e em estabelecer conexões humanas
Apesar das tentativas do TikTok de limitar o tempo de tela dos usuários, os documentos sugerem que essas medidas são, na prática, pouco eficazes. Revelações indicam que a empresa enfrenta dificuldades para remover rapidamente usuários que têm menos de 13 anos, idade mínima estipulada para acesso à plataforma.
Outro ponto preocupante é que o TikTok parece confiar mais em algoritmos de inteligência artificial do que em moderação humana para controlar o conteúdo considerado prejudicial, o que levanta interpelações sobre a eficácia de sua estratégia de segurança.
Reação do TikTok às Alegaçõe
Em resposta às sérias alegações, o porta-voz do TikTok, Alex Haurek, declarou em um comunicado à Forbes que foi irresponsável da parte da NPR divulgar informações sob sigilo judicial. Ele acrescentou que a reportagem “seleciona trechos enganosos e utiliza documentos antigos fora do contexto”, distorcendo o compromisso da empresa com a segurança da comunidade.
Um Panorama More Amplificado
A revelação dos documentos — que agora estão sob sigilo — ocorreu após a Kentucky Public Radio ter acesso a partes de arquivos legais que estavam redigidos de maneira inadequada, expondo 30 páginas de informações confidenciais. Essas descobertas fazem parte de uma investigação abrangente que envolve 14 procuradores-gerais e culminou na ação judicial iniciada nesta terça-feira (15). Uma das ações mencionadas na Corte Superior de Washington, D.C. se refere diretamente à problemática abordada pela Forbes em sua cobertura sobre questões de transmissões ao vivo no TikTok.
A ByteDance enfrenta uma exigência por parte do governo dos EUA que obriga a venda do TikTok até janeiro de 2025. Caso contrário, a plataforma poderá ser proibida de operar no país. As autoridades federais alegam que a propriedade chinesa da ByteDance levanta grandes preocupações quanto à segurança nacional.
Por outro lado, o TikTok argumenta que a proposta de proibição do governo dos EUA não aplica as regras de liberdade de expressão de maneira justa para todas as plataformas. A empresa se defende ao afirmar que a potencial proibição se baseia em suposições e preocupações erradas acerca de manipulação de conteúdo e práticas de segurança de dados que não têm relação com suas operações.
O Futuro do TikTok
As implicações da investigação e as revelações feitas nos documentos são vastas. À medida que o TikTok continua a crescer em popularidade, especialmente entre o público jovem, questões sobre a responsabilidade das plataformas digitais em proteger seus usuários se tornam cada vez mais urgentes. É fundamental que tanto os desenvolvedores quanto os legisladores considerem como a tecnologia pode ser usada de forma que não comprometa a saúde e o bem-estar das crianças e adolescentes.
Você já se perguntou como o uso prolongado de aplicativos como o TikTok pode afetar a vida social e emocional dos jovens? Ou como podemos garantir que as plataformas digitais sejam adequadas para todas as idades? Esse é um diálogo que precisamos ter, e sua opinião é preciosa. Sinta-se à vontade para compartilhar suas ideias nos comentários e continuar essa conversa importante sobre o uso consciente das redes sociais.
