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Setor Agropecuário Argentino em Crise: O Efeito do “Cisne Negro”
Na virada de 2024 para 2025, enquanto muitos argentinos se preparavam para celebrações de Ano Novo, o setor agropecuário do país foi abalado por notícias alarmantes. Empresas tradicionalmente respeitáveis, como Surcos, Agrofina SA e Los Grobo Agropecuaria SA, tornaram-se protagonistas de uma crise que parecia improvável, mas que agora deixa o setor em franca inadimplência.
O Que é um “Cisne Negro”?
No contexto econômico, o termo “cisne negro” se refere a eventos inesperados que têm um impacto significativo. Essa expressão, popularizada pelo autor Nassim Nicholas Taleb em seu livro “The Black Swan”, serve como uma metáfora poderosa para descrever a realidade tumultuada do agro argentino.
A Alerta da Indústria
A confirmação da inadimplência dessas empresas acendeu um sinal vermelho em todo o setor, indicando que outras poderiam estar à beira de um colapso financeiro. A falta de liquidez e o aumento das dívidas estão. Não apenas isso, mas também a situação expôs a fragilidade de uma política agrícola que parece ter sido desenhada sem considerar crises econômicas.
Pedidos para um “dólar estável” e a eliminação de altos impostos sobre exportações tornaram-se comuns entre os agricultores que lutam para lidar com o cenário atual. Este clamor representa uma busca por soluções urgentes para uma crise que se agrava a cada dia.
Dona da Crise: Surcos
A crise teve início com um aviso da Surcos, uma empresa focada na proteção de cultivos, que anunciou sua intenção de iniciar um procedimento preventivo de crise. A estratégia visava reduzir custos e tentar superar uma situação financeira alarmante.
No dia seguinte, a gravidade da situação aumentou com anúncios semelhantes de duas empresas pertencentes ao grupo Los Grobo, comandado pela influente família Grobocopatel. A incapacidade de honrar compromissos financeiros reviveu temores sobre a saúde financeira do setor agropecuário argentino.
Declaração de Inadimplência
Em documentos enviados à Comissão Nacional de Valores (CNV), Julieta Gioia, responsável pelas Relações com o Mercado da companhia, informou que não conseguiriam pagar uma nota promissória no valor de US$ 100 mil, causando uma onda de preocupação entre investidores e produtores. Além disso, projetou-se que, provavelmente, não conseguiriam cumprir outros compromissos até março de 2025.
A Repercussão no Setor
- **Baixa de Classificação:** A agência FIX rebaixou a classificação de Los Grobo de BBB(arg) para C(arg), colocando a empresa em “Rating Watch Negativo”.
- **Efeito Dominó:** Com a inadimplência de grandes empresas, o risco de colapso financeiro para fornecedores e pequenos produtores aumenta consideravelmente.
Os apelos por mudanças em políticas fiscais e de exportação se tornaram urgentes. Ricardo Buryaille, ex-ministro da Agroindústria, expressou que políticas deficitárias podem resultar em mais empresas enfrentando dificuldades. Para ele, a solução passa pela redução dos impostos sobre exportações, conhecidos como retenciones, que agregam pressão sobre a produção.
Economistas Falam sobre a Crise
O economista Pablo Gerchunoff criticou a atual política econômica, afirmando que os problemas enfrentados pelo agro não são meramente cíclicos, mas sim resultado de decisões erradas. A alta carga tributária e os custos crescentes de insumos têm pressionado os agricultores.
Do mesmo modo, Andrea Sarnari, presidente da Federação Agrária, salientou que a atual safra de soja, por exemplo, enfrenta custos elevados de insumos e arrendamentos combinados a preços internacionais baixos, agrava ainda mais a situação.
Uma Situação Insustentável
De acordo com Carlos Castagnani, presidente da CRA, a combinação de custos crescentes e direitos de exportação esmagadores cria um ambiente insustentável para os agricultores. Ele enfatizou a necessidade urgente de ações governamentais efetivas para a preservação do setor produtivo.
Lucas Magnano, da Coninagro, também alertou que as dificuldades financeiras das grandes empresas podem impactar o mercado de crédito, tornando o financiamento mais escasso e caro para os pequenos produtores.
O Que Está em Jogo?
O estado atual da agropecuária argentina é marcado por desafios como:
- **Dólar Instável:** A flutuação da moeda gera insegurança para os produtores.
- **Altos Custos de Produção:** Despesas com diesel, fretes e insumos agrícolas aumentam em dólar, complicando ainda mais a rentabilidade.
- **Retenciones Elevadas:** As taxas sobre exportações de grãos continuam a ser um fardo pesado, com até 33% para a soja.
A situação é agravada pela recente queda nos preços internacionais de produtos básicos, como soja, milho e trigo. Com isso, o retorno agrícola diminui, e a pressão sobre os arrendamentos se intensifica, comprometendo o potencial de produção do país.
A Resposta do Governo
A resposta do governo argentino às dificuldades que o setor enfrenta foi minuciosa, mas focada em questões regulamentares, atribuindo a crise a “más decisões” de empresários. O silêncio sobre a eliminação das retenciones se destaca, levando muitos a se questionarem sobre a falta de ações efetivas para amparar o setor.
Em uma tentativa de dar suporte ao mercado, a Comissão Nacional de Valores adotou medidas destinadas a aumentar a transparência nos processos financeiros. Contudo, isso não parece suficiente para lidar com a gravidade da crise.
A mensagem que fica é clara: o setor agropecuário argentino está vivendo um momento de incertezas que exige atenção e ação imediata. Com a produção agrícola em risco e milhares de empregos ameaçados, a hora de agir é agora.
Como você vê essa situação delicada da agropecuária argentina? Quais soluções podem ser adotadas para reverter esse quadro preocupante? Sinta-se à vontade para compartilhar sua opinião nos comentários abaixo!