Inovação na Tilapicultura: A Revolução Genética da Brazilian Fish
Antonio Ramon do Amaral Neto, diretor da Brazilian Fish
A Brazilian Fish, uma empresa que já se destacou pela inovação em seus produtos, está prestes a dar um grande passo rumo ao futuro da aquicultura no Brasil. Com sede em Santa Fé do Sul, São Paulo, a empresa se dedica à criação de tilápias de forma verticalizada, abrangendo desde a pesquisa até a distribuição ao consumidor. Recentemente, o diretor Antonio Ramon do Amaral Neto anunciou o desenvolvimento da primeira tilápia geneticamente editada do Brasil, uma iniciativa que promete transformar a forma como consumimos esse peixe.
A História da Inovação em Tilápias
Desde a sua fundação em 2007, a Brazilian Fish tem sido pioneira em iniciativas no setor, como a criação de um bolinho de tilápia premiado e até mesmo um picolé feito com proteína de peixe. O incansável esforço de Ramon tem como base a experiência da família na criação de gado, que se iniciou há mais de quatro décadas. Durante os anos 80, quando o Brasil começou a explorar o melhoramento genético na pecuária, o foco estava em selecionar as melhores características do gado nelore.
- Avanços na Pecuária: Nos anos 2000, a genética bovina passou por uma revolução com a identificação de marcadores moleculares, permitindo um melhor entendimento das características desejáveis.
- Impacto na Produção: Esses avanços foram cruciais para que o Brasil se tornasse um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo.
Esses sucessos motivaram Ramon a explorar a edição gênica também na piscicultura. Ele acredita que, assim como no gado, a genética pode trazer grandes ganhos em produtividade para as tilápias.
O Potencial da Edição Gênica
A tecnologia de edição gênica se apresenta como uma ferramenta promissora para otimizar a criação de tilápias. A Brazilian Fish, já uma das maiores do setor, possui fazendas, unidades frigoríficas e fábricas de ração. O que a diferencia é o seu compromisso com a inovação e a melhoria contínua, que pode oferecer peixes mais acessíveis e de melhor qualidade.
Com o investimento de cerca de R$ 100 milhões, a empresa está colaborando com o Center for Aquaculture Technologies (CAT), uma organização americana. Esta parceria visa criar um novo modelo de tilápia que se adapte melhor às demandas do mercado, especialmente em relação a:
- Maior rendimento: Aumento da porcentagem de filé produzido pela tilápia.
- Redução do consumo de ração: Menos ração necessária para alcançar a mesma quantidade de carne.
- Tempo de abate mais curto: Redução do ciclo de produção, diminuindo o intervalo entre o nascimento e a colheita.
Ramon acredita que esses fatores poderão levar a uma diminuição de até 25% no preço final ao consumidor, tornando a tilápia uma opção mais atrativa no mercado.
Conversando com Antonio Ramon
Em uma conversa reveladora, Ramon compartilhou detalhes sobre sua visão e os próximos passos da empresa em relação à edição gênica.
Como surgiu a ideia de criar uma tilápia geneticamente editada?
“Minha família sempre teve um pé no agronegócio. Vimos o quanto a pecuária se beneficiou do melhoramento genético e quisemos aplicar isso ao cultivo de peixes. A ideia surgiu ao conhecermos melhor a edição gênica por meio do CAT. Se conseguirmos um sucesso de 10% nesse projeto, poderemos mudar o futuro da tilápia no mundo.”
A edição gênica realmente transforma a tilápia em uma "super tilápia"?
“Sim! Estamos focando em três melhorias essenciais: aumentar a porcentagem de filé de 33% para 42%, reduzir a ração consumida de 1,5 kg para 1,2 kg para cada quilo de carne e encurtar o tempo de produção de um ano para apenas 10 meses.”
O Caminho da Inovação
A Brazilian Fish tem se destacado por suas práticas inovadoras. Desde a criação de petiscos como a coxinha de tilápia até o picolé, a empresa busca sempre aproximar o produto do consumidor. Segundo Ramon, o objetivo é democratizar o acesso a essa proteína, que possui grandes benefícios à saúde, mas ainda é vista como cara para a maioria da população.
Qual a expectativa para o futuro da Brazilian Fish?
“Nós não vamos parar na edição gênica. Sempre buscamos melhorias contínuas. Por exemplo, estamos explorando a ideia de criar uma tilápia preta com a aparência da tilápia do couro vermelho, mas mantendo a performance que queremos. Isso é só o começo de nossa jornada.”
O Estado da Tecnologia na Piscicultura Brasileira
Ainda existe muito a ser feito na piscicultura do Brasil, especialmente quando falamos de melhoramento genético. Apesar dos avanços em outros setores, a tilapicultura ainda está em um estágio inicial.
- Desafios atuais: A genética disponível não tem conseguido atender as demandas de produtividade.
- Oportunidade de crescimento: Com a implementação de tecnologias como a edição gênica, é possível transformar o setor, assim como foi feito com a carne bovina.
A colaboração entre empresas e centros de pesquisa é vital para promover avanços significativos. Se o Brasil investir mais em pesquisa e tecnologia, há um grande potencial de transformação.
Um Olhar para o Futuro
A Brazilian Fish é um exemplo inspirador de como a inovação pode levar a melhorias significativas na alimentação e na economia. O compromisso com a qualidade e acessibilidade da tilápia pode não apenas mudar a indústria, mas também impactar de forma positiva o prato dos brasileiros.
Convidamos você a refletir sobre essa nova era na aquicultura e a se deixar levar pela curiosidade: o que mais está por vir neste aquário da inovação genética? O futuro é promissor, e a Brazilian Fish está nadando na direção certa. Que tal compartilhar suas opiniões e reflexões sobre o tema? Juntos, podemos mergulhar mais fundo nas possibilidades que a ciência e a tecnologia nos oferecem.