Artigo traduzido e adaptado do inglês, publicado pela matriz americana do Epoch Times.
A Crise no Setor Hoteleiro Chinês: Desafios e Mudanças
À medida que a economia da China enfrenta dificuldades e os consumidores se tornam mais cautelosos em relação aos gastos, o setor hoteleiro se vê em uma situação desafiadora. Mesmo durante feriados tipicamente movimentados, como a semana do Dia Nacional e o famoso “Double 11” (11 de novembro), os hotéis estão lutando para atrair turistas.
Guerra de Preços e Promoções Agressivas
Com o feriado de 11 de novembro se aproximando, hotéis chineses começaram uma intensa guerra de preços. Após uma decepcionante semana do Dia Nacional (que ocorreu de 1 a 7 de outubro), alguns especialistas da indústria a classificaram como “a pior semana dourada” da história.
Para tentar atrair clientes, a plataforma de viagens Ctrip lançou uma promoção inovadora chamada “faça um estoque agora, pague depois”. Com isso, os consumidores podem reservar cupons e realizar o pagamento apenas no momento do check-in. A Fliggy, outra agência de turismo, teve um sucesso notável ao vender 100.000 pacotes de hotel de três noites em apenas 10 minutos durante sua promoção do “Double 11”. Esses pacotes foram oferecidos a preços que variam em torno de 999 yuans (aproximadamente R$ 140).
Preocupações do Setor: Preços Baixos e Qualidade em Queda
A competição feroz está levantando preocupações significativas entre os profissionais do setor. Ji Qi, fundador do H World Group, com operações em 10.000 hotéis pelo mundo, advertiu que os descontos exagerados podem prejudicar a competitividade a longo prazo.
Um trabalhador no setor hoteleiro, que preferiu não se identificar, afirmou que a atual realidade econômica impactou fortemente os preços e a qualidade dos serviços: “Os preços caíram, mas a qualidade também foi afetada. Quartos que custavam 500 yuans (R$ 70) estão agora por 300 yuans (R$ 42), e os hotéis de maior categoria estão cortando despesas nas amenidades”.
Impactos dos Turistas e do Consumo
Dados registam uma grande quantidade de turistas durante o feriado do Dia Nacional, mas a saúde financeira do setor não acompanhou esse crescimento. Embora 765 milhões de viajantes tenham se deslocado internamente — um aumento de 10,2% em relação a 2019 — os gastos cresceram apenas 7,9%. Essa situação é um indicativo de que, apesar do aumento no fluxo de turistas, os consumidores estão economizando e gastando menos.
- Pontos-chave em relação aos gastos:
- Queda no desempenho financeiro do turismo.
- Pacotes de luxo com aumento nas reservas, mas com preços em queda.
A Crescente Concorrência e as Desafios Futuras
Por mais que a guerra de preços não tenha sido capaz de estimular os lucros, o setor ainda se expande. A Huazhu China, uma subsidiária importante no país, reportou 9.684 hotéis em operação até março, um aumento em relação ao ano passado. Essa tendência levanta questões sobre a viabilidade dessa expansão em um mercado já saturado.
Wang He, analista de turismo, comentou que a já existente competição acirrada pode levar à falência da maioria dos hotéis em três a cinco anos se as condições atuais não mudarem. Ele explicou que os hotéis enfrentam o desafio de equilibrar custos e receitas, uma vez que muitos consumidores limitam seus orçamentos de viagem.
O Desaparecimento dos Clientes Estrangeiros
Um dos fatores que complicam ainda mais a situação é a queda drástica no número de turistas estrangeiros na China. Desde a guerra comercial com os Estados Unidos, em 2018, e as rígidas políticas do governo durante a pandemia, o setor turístico viu uma redução no fluxo de visitantes internacionais.
Tian, um residente de Xangai, comentou sobre o afastamento dos turistas em função de tensões geopolíticas e dos desafios impostos pela pandemia: “O confinamento severo de três anos afastou os visitantes ocidentais e há uma percepção negativa sobre a China”, afirmou ele.
Isenção de Visto: Uma Tentativa Fracassada
Embora o governo chinês tenha implementado políticas de isenção de visto para atrair turistas, os resultados têm sido insatisfatórios, segundo análises de especialistas da indústria. “Essas medidas se mostraram ineficazes”, afirmou Wong, um economista chinês-americano. “Além disso, o discurso antiocidental e os acontecimentos recentes impactam negativamente essa percepção.”
A Resiliência do Setor Hoteleiro
Apesar de todos os desafios, o setor hoteleiro na China continua tentando se adaptar. Hotéis estão começando a adotar estratégias novas, como reduzir funções internas e terceirizar serviços para manter a operação com os mínimos recursos.
Com a falta de eventos governamentais e corporativos, muitas funções da equipe de vendas estão sendo eliminadas, resultando na terceirização de serviços e um foco maior apenas na hospedagem.
A indagação que fica é: até onde o setor pode ir nesse cenário de crise? Será que a guerra de preços irá estabilizar o mercado ou levará a um colapso maior?
Pensando no Futuro: O Que Esperar
A crise do setor hoteleiro chinês serve como um alerta para todos os envolvidos. A necessidade de inovação, adaptação às novas realidades de consumo e a criação de experiências únicas são essenciais para que o setor possa prosperar. Enquanto os hotéis buscam estratégias para atrair clientes, a questão da sustentabilidade de tais práticas deve ser frequentemente reavaliada.
Convidamos você, leitor, a refletir sobre o futuro do turismo na China e como ele pode se transformar. Você acredita que os hotéis conseguirão se ajustar às novas demandas dos consumidores? Sua opinião é valiosa, compartilhe seus pensamentos e insights conosco!
Ning Haizhong e Luo Ya contribuíram para este relato.
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