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Como a Erva-Mate Regenerativa do Brasil, Paraguai e Argentina Está Transformando o Mercado nos EUA

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A Revolução Sustentável da Yerba Madre: Transformando a Agricultura e a Comunidade

Andrew Watman

Nos últimos 30 anos, a Yerba Madre, anteriormente conhecida como Guayakí, tem se destacado por sua cadeia de suprimentos focada na erva-mate, que é completamente independente e conta com a Certificação Orgânica Regenerativa. E o mais impressionante: essa abordagem inovadora começou muito antes da própria certificação existir. Para Christopher Gergen, CEO da Regenerative Organic Alliance, “a Guayakí é a pioneira” nesse campo.

Uma Missão: Cultivar e Regenerar

Com sede na Califórnia (Sebastopol e Venice), a Yerba Madre iniciou sua jornada com uma missão clara: utilizar a erva-mate, uma planta nativa da América do Sul, para reflorestar e regenerar a Mata Atlântica, ao mesmo tempo que proporciona um sustento digno aos agricultores. A empresa conseguiu popularizar essa bebida cultural nos Estados Unidos, criando tanto um negócio sustentável quanto um legado.

Desafios Iniciais: A Busca por Suprimentos

Após seis anos de operação, a Guayakí enfrentou um grande desafio. A demanda por erva-mate cultivada à sombra superava em muito a oferta, mesmo de seus parceiros mais próximos, como a tribo paraguaia Aché Kue Tuvy. “Estávamos adquirindo quase toda a erva-mate orgânica cultivada à sombra que existia no planeta”, declara Steven Karr, cofundador da Yerba Madre.

Com o intuito de garantir o abastecimento, os fundadores da empresa formaram uma rede de agricultores que passaram a transitar de métodos agrícolas convencionais para práticas regenerativas, colaborando com tribos indígenas para estabelecer plantações de erva-mate sustentáveis.

Uma Questão de Tempo e Persistência

Projetos de transição para a agricultura regenerativa não são rápidos. Leva aproximadamente cinco anos até que a erva-mate esteja pronta para a primeira colheita, e muito mais tempo para que uma propriedade se torne 100% cultivada à sombra. Ben Mand, CEO da Yerba Madre, ressalta: “Não somos bons, como sociedade global, em dizer: ‘você tem que trabalhar duro agora, mas confie em mim, vai valer a pena no longo prazo’”.

A Conexão com Comunidades Indígenas

Atualmente, a Yerba Madre se associa a mais de 250 famílias de povos indígenas e comunidades locais, abrangendo 42 propriedades e quatro terras indígenas na Argentina, Brasil e Paraguai. Muitas dessas propriedades estão em Misiones, uma das regiões que ainda guarda os 16% restantes da Mata Atlântica.

Superando Barreiras

Ganar a confiança das tribos e auxiliá-las na transição para a agricultura regenerativa é uma tarefa ardua. As principais barreiras incluem:

  • Custo: A Yerba Madre cobre todos os custos associados à transição para que os agricultores não precisem arcar com essas despesas.
  • Conhecimento: Informar e educar os agricultores sobre os benefícios da agricultura regenerativa é vital para seu sucesso a longo prazo.
  • Mercado: Garantir que exista um mercado viável para a produção é crucial.

O Compromisso com as Famílias

A empresa se compromete a pagar no mínimo 25% acima do preço de mercado pela erva-mate, garantindo que os agricultores tenham uma renda digna. Em algumas situações, esse valor é ainda maior, dependendo das necessidades financeiras das comunidades.

O Impacto nas Comunidades

O Fundo de Impacto da Yerba Madre não se limita apenas à produção de erva-mate; ele visa promover um estilo de vida mais digno nas comunidades. Por exemplo, em Yvytu Pora, estão sendo construídos centros comunitários que melhoram o acesso a serviços de saúde, essenciais para as mulheres da região.

Histórias de Vidas Transformadas

Juanita Gonzalez, líder da tribo guarani Yvytu Pora, expressa seu desejo de cultivar erva-mate, uma prática que ficou no legado de seu pai. “O mate vem dos meus ancestrais. É parte da minha cultura”, compartilha, entusiasmada com as oportunidades que surgiram após a parceria com a Yerba Madre.

Fabiana Pose e Juanita Gonzalez

Fazendas em Transição e Sustentabilidade

A Fazenda Surucua, liderada por José e Sebastián Zamolinsky, iniciou sua transição para práticas regenerativas há cinco anos. Com cerca de 50% da plantação cultivada à sombra, eles notaram uma biodiversidade crescente que ajuda na aceleração da mudança.

Os Benefícios da Sombra

José Zamolinsky compartilha que esta sombra não apenas protege as plantas, mas também melhora a capacidade delas de resistir a secas e granizos. “A cada ano, percebemos os danos ocasionados pelo sol se agravando”, explica.

Desafios e Resiliência

Os agricultores que transitam para a agricultura regenerativa enfrentam receios sobre a possibilidade de baixos rendimentos. Contudo, a realidade é que, uma vez que fazem a transição, muitas vezes os rendimentos aumentam e a qualidade do produto melhora.

“Usamos menos água e somos mais resilientes”, diz Gergen, referindo-se à importância do solo saudável, que é um pilar fundamental da agricultura regenerativa para a conservação de água e resistência à seca.

A Comunidade Guarani e Suas Tradições

Hilario Monteiro, Cacique da Comunidade Indígena Guarani Tape Mirí, viu uma oportunidade de aprender sobre o cultivo de erva-mate ao conhecer Carlos “Colo” Hoff, agrônomo da Yerba Madre. “A cultura e o que a terra oferece fazem parte de nós. Não é apenas tomar mate, mas também respeitar e valorizar as tradições,” afirma Monteiro.

Hilário Monteiro e Colo Hoff

Um Futuro Promissor

À medida que a Yerba Madre continua a se expandir e a fortalecer sua rede de comunidades indígenas, ela não apenas promove a sustentabilidade ambiental, mas também gera uma transformação social significativa.

Os agricultores que fazem parte desse projeto são testemunhas de que, embora a transição possa ser desafiadora, a recompensa é bem maior. Esse é um chamado às consciências: é possível cultivar de forma sustentável, garantindo a preservação do meio ambiente enquanto se resgata o valor cultural de práticas antigas.

Convidando para a Reflexão

É fácil ficar envolvido por histórias inspiradoras como essas. A jornada da Yerba Madre demonstra que um modelo de negócios sustentável pode coexistir com o respeito pelas tradições e o bem-estar das comunidades. O que você acha das iniciativas que buscam unir desenvolvimento sustentável e valorização cultural? Deixe sua opinião nos comentários e compartilhe essa história para inspirar outros em sua jornada pelo impacto positivo.


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