A Transição para a Vida Adulta: Entendendo a Geração Canguru

Esqueça aquela ideia de que ao completar 18 anos você já é adulto. Para muitos, a verdadeira transição para a vida adulta ocorre até uma década mais tarde. Um estudo realizado pela ONG Life Happens em 2024, intitulado Adulta através de gerações, revela que é aos 27 anos que muitos jovens começam a sentir que as questões de vida, dinheiro e futuro se tornam “reais”. A pesquisa entrevistou cerca de 2 mil jovens americanos, abrangendo as gerações Z, Millennials, Geração X e Baby Boomers.

Segundo os dados, as perspectivas para a vida adulta condimentam-se com marcos significativos, como pagar as próprias contas (56%), ser financeiramente independente (45%) e priorizar responsabilidades em detrimento da diversão (38%). Além disso, mudanças, como sair da casa dos pais e ingressar no mercado de trabalho, também são vistas como grandes marcos dessa nova fase.

Desafios da Vida Adulta: O Que os Jovens Pensam

Um dado interessante revelado na pesquisa é que 71% dos jovens acreditam que ser adulto hoje é mais difícil em comparação com 30 anos atrás. Quase a totalidade destes entrevistados, 72%, responsabiliza essa dificuldade pelo aumento do custo de vida, que parece mais desafiador do que nunca.

A Geração Canguru em Foco

Em um cenário como esse, a figura da chamada “geração canguru” se destaca. Um estudo feito no Brasil pelo DataZap+ aponta que os jovens da Geração Z, com idades entre 18 e 26 anos, são os que menos buscam alugar um imóvel. Apenas 8% dos entrevistados afirmaram que planejam alugar um lugar nos próximos doze meses. O principal motivo? O custo de vida que vem acompanhando a necessidade de se mudar da casa dos pais.

O termo “geração canguru”, originado na França no final dos anos 90, descreve os jovens até 34 anos que prolongam a permanência na casa dos pais, buscando conforto e economia. Fatores como a pandemia contribuíram para que esse grupo se tornasse ainda mais significativo.

Em geral, esses jovens optam por sair de casa apenas quando têm objetivos claros ou melhores oportunidades de emprego em vista, o que postergou a independência financeira para muitos deles.

Desafios Financeiros para as Famílias

Essa realidade pode colocar os pais de frente a um dilema: como ajudar os filhos sem comprometer sua própria segurança financeira? A preocupação com a estabilidade financeira é, sem dúvida, uma questão crucial para muitos responsáveis.

Estratégias para Apoiar Sem Comprometer

Embora muitos jovens ainda vejam a independência financeira como um objetivo distante, os pais estão cada vez mais focados em manter uma base financeira sólida em casa. Nayra, consultora financeira, sugere que antes de assumir custos extras, os pais assegurem a proteção de suas economias para a aposentadoria. Para isso, é adequado ter uma estrutura em relação a:

• Previdência privada
• Seguro de vida
• Reservas de emergência

Em vez de arcar com todas as despesas, ser estratégico no apoio financeiro pode ser a chave. Oferecer moradia e dividir custos básicos, como alimentação e contas, permite ajudar sem sobrecarregar o orçamento familiar.

Um ponto importante é incentivar os filhos a contribuírem, mesmo que esse valor seja simbólico. Isso estabelece um senso de responsabilidade sem impactar drasticamente o orçamento, como destaca Nayra.

Como Criar um Fundo de Transição para a Independência

Para famílias que se deparam com a permanência prolongada dos filhos em casa, uma sugestão é desenvolver um orçamento que abranja as despesas de ambos, pais e filhos. Essa prática ajuda a visualizar os gastos adicionais e a estabelecer limites claros para esses gastos.

Outra alternativa é criar um “fundo de transição para a independência”. Nesse cenário, os filhos podem destinar uma parte da sua renda para esse fundo, focando em despesas futuras, como aluguel ou entrada em uma propriedade. Os pais, se desejarem ajudar, podem complementar esse valor, mas sem prejudicar suas economias destinadas à aposentadoria.

O Impacto Emocional do Apoio Prolongado

O suporte financeiro aos filhos pode, de fato, ser uma demonstração de carinho, mas pode também trazer à tona problemas emocionais quando não existem limites bem definidos. O apoio financeiro contínuo pode gerar conflitos familiares, especialmente quando os pais percebem que os filhos não estão fazendo um esforço proporcional para conquistar sua independência.

Por isso, é vital estabelecer prazos e metas para que o apoio tenha um propósito claro. Uma comunicação aberta entre pais e filhos sobre expectativas e responsabilidades pode evitar que a dependência se transforme em um ciclo sem fim.

Educação Financeira: Chave para a Autonomia

Para ajudar os filhos a atingirem a independência financeira, investir em educação financeira é essencial. Os pais devem incentivar que os filhos aprendam a economizar e a gerir seu dinheiro adequadamente, tratando essa ajuda como um investimento planejado, e não como um fardo contínuo. Algumas sugestões incluem:

• Procurar bolsas de estudo
• Buscar oportunidades de trabalho
• Explorar programas de financiamento

Essas ações não apenas promovem a autonomia dos jovens, mas também os ensinam a responsabilidade e a importância de gerenciar seus próprios recursos.

A convivência da geração canguru com os pais exige mais do que paciência e compreensão; demanda planejamento financeiro e um diálogo aberto entre as partes. Com estratégias bem definidas, é possível oferecer a ajuda necessária para que os filhos alcancem a independência, cuidando ao mesmo tempo do futuro financeiro da família. Afinal, o objetivo final é que todos possam prosperar juntos de maneira sustentável e saudável.