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Como a Tarifa de 50% dos EUA sobre Café Brasileiro Pode Abrir Portas para a China

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O Impacto das Tarifas de Importação no Café Brasileiro


Paulo Whitaker/Reuters

A recente política de tarifas de importação do governo americano, sob a administração de Donald Trump, promete transformar as rotas comerciais do café brasileiro, destacando o impacto que isso terá tanto na produção quanto no consumo global desse grão tão apreciado.

A Dinâmica do Mercado de Café

Os Estados Unidos se consolidam como o maior consumidor de café do mundo, com uma demanda que gira em torno de 25 milhões de sacas anualmente. Impressionantemente, cerca de um terço desse café é proveniente do Brasil, resultando em um comércio bilionário que abrange aproximadamente US$ 4,4 bilhões no último ano.

A Mudança de Rumos

A imposição de tarifas deverá remodelar significativamente esse fluxo de café. Michael J. Nugent, um experiente corretor de café, enfatiza que essa alteração “será sentida de São Paulo a Seattle” — afetando todos os elos da cadeia produtiva, desde a colheita até o consumidor final.

A expectativa é que essa mudança acabe beneficiando a China, um concorrente direto dos EUA no cenário global do café. De acordo com Marc Schonland, consultor do setor, os laços comerciais entre Brasil e China podem intensificar, especialmente após o primeiro governo Trump ter causado interrupções em diversas relações comerciais.

O Crescimento do Consumo de Café na China

Nos últimos anos, o consumo de café na China tem crescido de maneira exponencial, especialmente entre os jovens profissionais que estão trocando o tradicional chá pela energia do café. No primeiro semestre de 2025, por exemplo, o Brasil exportou 538.000 sacas para o território chinês, um número que reflete a crescente demanda.

  • Crescimento do consumo: O consumo de café na China aumentou cerca de 20% ao ano ao longo da última década, e o consumo per capita dobrou nos últimos cinco anos. Esse crescimento abre portas para que o Brasil amplie sua presença nesse mercado.

Alternativas de Exportação

Com a possibilidade de redirecionar grãos para a União Europeia, onde não há tarifas aplicáveis, as exportações brasileiras poderão buscar novos caminhos. Logan Allender, diretor da Atlas Coffee Club, explica que isso poderá resultar em uma eficiência maior na exportação, diminuindo o impacto das tarifas nos custos finais.

Estratégias Criativas

Para contornar tarifas, muitos especialistas acreditam que os comerciantes buscarão exportar o café brasileiro para países intermediários antes de entrar nos EUA. Embora isso eleve um pouco os custos logísticos, a estratégia pode mitigar os efeitos das tarifas, limitando seu impacto em 10% a 15%.

Debajyoti Bhattacharyya, da AFEX Ltd., argumenta que, sem uma cadeia de suprimentos robusta, as tarifas poderiam ser mais contornáveis. Ele ainda questiona como o fluxo de um produto essencial como o café poderia ser restrito quando outras commodities, como o petróleo, não enfrentam dificuldades semelhantes.

Questões Políticas e Comerciais

A decisão de deixar o café de fora da lista de isenção de tarifas pode ser vista como parte da estratégia política de Trump, que busca utilizar produtos brasileiros como barganha em sua rivalidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Recentemente, o ex-presidente americano criticou a Suprema Corte do Brasil, chamando a atenção para a tensão entre as duas nações.

A Corrida contra o Tempo

Com a imposição das tarifas, os comerciantes estão apressados em enviar o café brasileiro antes que a medida entre em vigor. William Kapos, CEO da Downeast Coffee Roasters, relata que sua empresa está priorizando a compra de café brasileiro para assegurar seu estoque antes do prazo final.

O Olhar para o Futuro

Diante dessa nova realidade, há uma expectativa de que as torrefações americanas possam diversificar suas fontes de abastecimento, buscando cafés da América Central e África. No entanto, essa mudança poderá impactar os preços, uma vez que todos os compradores buscarão alternativas semelhantes.

Considerações Finais

As novas tarifas de importação sobre o café brasileiro abrem um leque de possibilidades e desafios tanto para os produtores brasileiros quanto para os consumidores americanos. A adaptação a esse cenário exigirá inovação e criatividade nas estratégias comerciais.

O futuro do café brasileiro nos EUA pode ser incerto, mas uma coisa é certa: a união entre os países e os interesses comerciais ao redor do mundo continuará a moldar o mercado de forma intrigante.

Como você acredita que essa situação afetará o seu hábito de consumo de café? Compartilhe sua opinião e ajude a ampliar essa discussão!

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