
Claudio Leone – Embrapa
O Impacto das Mudanças Climáticas na Agricultura Brasileira
Não é surpresa que as mudanças climáticas estejam afetando a produção agrícola no Brasil. Cada vez mais, os produtores enfrentam doenças e pragas que se tornam mais agressivas, resistentes e difíceis de controlar. E o que vem a seguir? Um estudo da Embrapa aponta que cerca de 46% das doenças agrícolas poderão se agravar até 2100, impactando diretamente cultivos essenciais como arroz, milho e café.
Desafios à Vista: O Que Esperar com as Mudanças Climáticas?
A ascensão das temperaturas e as mudanças no padrão das chuvas criam condições propícias para fungos, vírus e outros vetores de doenças. É hora de o setor agrícola brasileiro reavaliar e aprimorar seus sistemas de monitoramento e controle fitossanitário. Aqui estão algumas das principais descobertas do estudo:
- Fungos são os patógenos mais frequentes, afetando cerca de 80% dos casos analisados.
- O aumento da temperatura pode exceder 4,5°C em várias regiões do Brasil até o fim do século.
- Condições climáticas extremas, como períodos de seca prolongada ou chuvas intensas, afetam a ocorrência e a dinâmica das doenças.
Uma Nova Realidade para os Doentes das Plantas
Os ambientes mais quentes facilitam a disseminação de patógenos. Ao falarmos sobre doenças fúngicas como antracnose e oídio, o aumento da temperatura fornece as condições ideais para que se proliferem. Francislene Angelotti, pesquisadora da Embrapa, destaca que prever a evolução das doenças em face das mudanças climáticas é um desafio que exige pesquisa contínua e novas estratégias de adaptação.
Para melhorar essa situação, os investimentos são fundamentais. Eles devem focar na ampliação dos sistemas e estruturas fitossanitárias, além de impulsionar a inovação científica.
Vetores: Um Aumento na Ameaça
Além dos fungos, os insetos vetores como pulgões, cochonilhas e moscas-brancas também se tornam uma preocupação crescente. Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente, revela que a longevidade desses insetos deve aumentar em decorrência das mudanças climáticas. Vamos entender o que isso significa:
- Populações maiores e mais ativas de pragas como batatas, bananas e tomates durante todo o ano.
- Um risco elevado para culturas já vulneráveis.
Desafios para os Defensivos Agrícolas
Os defensivos agrícolas, usados para combater essas pragas, também podem sofrer com as mudanças climáticas, que afetarão sua eficácia. Essas alterações poderão exigir mais aplicações e, consequentemente, elevar os custos e os riscos ambientais. Nesse cenário, os biopesticidas surgem como uma alternativa promissora.
Brasil: Referência em Biocontrole, Mas Há Muito a Fazer
Atualmente, o Brasil se destaca como o maior produtor e consumidor de biopesticidas do mundo e possui a maior área agrícola sob controle biológico. Segundo uma projeção da consultoria Research and Markets, esse mercado global deve alcançar US$ 19,49 bilhões até 2030.
Entretanto, é crucial que o país intensifique a adaptação dos bioagentes às novas condições climáticas. Wagner Bettiol reforça a necessidade urgente de desenvolvimento de bioherbicidas e produtos biológicos que melhorem a eficiência do uso de nitrogênio e reduzam o estresse abiótico nas plantas. Além disso, é essencial focar em soluções para doenças como a ferrugem asiática da soja.
Propostas para o Futuro da Agricultura
Diante desse panorama desafiador, especialistas sugerem uma abordagem integrada para proteger as lavouras brasileiras. Algumas das recomendações incluem:
– Análise de risco e prevenção
– Aperfeiçoamento da vigilância fitossanitária
– Incremento de investimentos em pesquisa
– Estímulo à cooperação internacional
Além disso, a adoção de:
- Sistemas de cultivo diversificados
- Tecnologias de manejo integradas
- Agentes biológicos
- Modelos de previsão e alerta de epidemias
Refletindo sobre o Futuro
O futuro da agricultura brasileira dependerá de nossa capacidade de adaptação diante das mudanças climáticas. É fundamental que os produtores, pesquisadores e policymakers trabalhem em conjunto, buscando soluções inovadoras para os desafios que se apresentam.
O que você acha sobre o impacto das mudanças climáticas na agricultura? Quais ações você considera mais urgentes para mitigar esses efeitos? Compartilhe suas opiniões e vamos juntos contribuir para um futuro agrícola mais sustentável e resiliente.